Perfetti Sconosciuti

Crítica – Perfetti Sconosciuti

Sinopse (imdb): Sete amigos de longa data se reúnem para um jantar. Quando eles decidem compartilhar um com o outro o conteúdo de cada mensagem de texto, e-mail e telefonema que recebem, muitos segredos começam a se revelar e o equilíbrio treme.

Viagem de avião, vamos ver as opções de filmes? Opa, tem a versão original italiana do Perfectos Desconocidos!

Os dois filmes são praticamente iguais. Só o fim muda um pouco. A solução final desta versão, dirigida por Paolo Genovese, (que desagradou algumas pessoas) também acontece aqui, só é mais sutil.

Fica difícil de comparar qual dos dois é o melhor. Gosto do estilo do diretor espanhol Álex de la Iglesia, e acho o som da língua espanhola mais agradável que a italiana (será que ainda posso falar isso nos dias de hoje?). Mas reconheço que gostei mais do espanhol porque vi primeiro. Se tivesse visto o italiano antes, provavelmente ia preferir o italiano.

Resumindo: boa opção, independente da versão.

Perfectos Desconocidos

Perfectos DesconocidosCrítica – Perfectos Desconocidos

Sinopse (imdb): Sete amigos se reúnem para jantar e decidem jogar um jogo em que todas as mensagens e chamadas recebidas estarão em exibição para todo o grupo, levando a uma série de revelações que gradualmente desfazem suas vidas “normais”.

O Bar entrou no Netflix, e reparei que tinha outro Álex de la Iglesia ao lado, este Perfectos Desconocidos (acho que não tem nome em português). Trata-se de uma refilmagem do italiano Perfetti sconosciuti – não vi, não posso comparar. Mas digo que gostei do que vi.

Perfectos Desconocidos tem uma coisa recorrente nos filmes de Álex de la Iglesia: bons personagens, postos em situações limite. É meio óbvio que “vai dar ruim” quando os segredos guardados em cada celular forem expostos. O legal é como o diretor coloca isso em tela.

No elenco, só reconheci duas pessoas: Belén Rueda (O Orfanato) e Eduardo Noriega (Abre los Ojos). Todos estão bem, o mosaico de personagens é bem construído. Também no elenco, Eduard Fernández, Ernesto Alterio, Juana Acosta, Dafne Fernández e Pepón Nieto.

Li no imdb algumas críticas ao fim do filme, que “arruma a bagunça”. Não me incomodou.

O diretor Álex de la Iglesia sempre fez filmes com um pé na bizarrice. Uma boa notícia é que Perfectos Desconocidos pode ser uma boa porta de entrada para a sua filmografia, é um filme sem bizarrices.

Vingança

VingançaCrítica – Vingança

Sinopse (imdb): Nunca leve sua amante para uma escapada anual entre amigos, especialmente uma dedicada à caça – uma lição violenta para três homens ricos e casados.

Vamos de filme francês ultra violento?

A trama de Vingança (Revenge, no original) é batida: mulher estuprada sai atrás de vingança. A gente já viu isso várias vezes. Mesmo assim, a roteirista e diretora Coralie Fargeat conseguiu um bom resultado com seu longa metragem de estreia.

Ok, reconheço que o roteiro tem algumas coisas bem forçadas – ela dificilmente sobreviveria àquela queda, e o lance de queimar a árvore não me convenceu. Mas se a gente se desligar desses “detalhes”, temos um filme muito bem conduzido. O filme é tenso, e as cenas de gore são muito boas.

Parágrafo à parte para falar do gore. A cena da caverna é bem forte, e a cena do caco de vidro no pé vai fazer o espectador se contorcer na poltrona. E a cena final tem tanto sangue que, segundo o imdb, faltou sangue artifical na produção. E digo mais: não é só o gore propriamente dito, algumas cenas são filmadas de modo a causar desconforto – como uma cena onde um personagem mastiga uma simples barra de chocolate.

Vingança foi escrito e dirigido por uma mulher, e mesmo assim explora bastante o corpo da protagonista Matilda Lutz – tem pouca nudez dela, mas ela passa quase todo o filme com pouca roupa. Pra compensar, o principal Kevin Janssens aparece completamente nu durante a longa cena final, que começa com um impressionante plano sequência e termina com muito, muito sangue. Ainda no pequeno elenco, Vincent Colombe e Guillaume Bouchède.

(É curioso ver um filme assim nos dias de hoje, quando muito tem se falado sobre assédio e objetificação do corpo feminino. Acho que se fosse um diretor homem, Vingança seria muito criticado.)

Boa opção que deve entrar em circuito dia 31.

O Segredo de Marrowbone

MarrowboneCrítica – O Segredo de Marrowbone

Sinopse (imdb): Um jovem e seus três irmãos mais novos, que mantiveram em segredo a morte de sua amada mãe para permanecerem juntos, são atormentados por uma presença sinistra na enorme mansão em que vivem.

Terror espanhol é sempre bem-vindo aqui no heuvi!

O Segredo de Marrowbone (El secreto de Marrowbone, em espanhol; Marrowbone, em inglês) é a estreia na direção de Sergio G. Sánchez, roteirista de O Orfanato e O Impossível, ambos dirigidos por J.A. Bayona. Se por um lado pode ter gente reclamando da semelhança entre Marrowbone e O Orfanato, por outro lado Sánchez demonstra boa mão para construir cenas de tensão. E quem me conhece sabe que aceito ideias repetidas, desde que bem filmadas. Ou seja: gostei do filme!

O Segredo de Marrowbone mantém um bom clima tenso ao longo do filme. A história é cheia de mistérios revelados aos poucos. E vou falar que o plot twist me pegou desprevenido!

Outra coisa bem legal aqui é o elenco. Temos quatro novos nomes hollywoodianos conduzindo o filme: Anya Taylor-Joy (A Bruxa, Fragmentado), Mia Goth (A Cura, Ninfomaníaca), George MacKay (Capitão Fantástico) e Charlie Heaton (Stranger Things). Além deles, O Segredo de Marrowbone conta com Matthew Stagg, Nicola Harrison e Kyle Soller Kyle Soller. Sim, a produção é espanhola. mas o filme é falado em inglês.

O Segredo de Marrowbone não é um filme essencial, mas está bem acima da média.

Um Lugar Silencioso

um-lugar-silenciosoCrítica – Um Lugar Silencioso

Sinopse (imdb) – Uma família é forçada a viver em silêncio enquanto se esconde de criaturas que caçam pelo som.

Quando acabou a sessão de imprensa de Um Lugar Silencioso (A Quiet Place, no original), fiquei dividido. Por um lado, é um filme tenso e muito eficiente nessa proposta. Por outro lado, o roteiro tem falhas que dão raiva.

Vamos às qualidades. Um Lugar Silencioso sabe muito bem trabalhar a tensão. Poucas vezes lembro de um filme tão tenso nos últimos anos. O diretor John Krasinski (também ator principal) soube usar todo o silêncio proposto pela trama básica do filme para aumentar os momentos de nervosismo.

Com poucos diálogos, Um Lugar Silencioso explora mais os elementos visuais. Toda a ambientação deste mundo pós apocalíptico ficou muito boa. A boa trilha sonora de Marco Beltrami também ajuda. O pequeno elenco, liderado por uma inspirada Emily Blunt, também está bem. E as criaturas aparecem pouco, seguindo uma linha Alien de “menos é mais”.

O que enfraquece é o roteiro, que abusa de soluções preguiçosas. Sem entrar em spoilers, passei o filme inteiro me perguntando por que não fazer um quarto com isolamento acústico, em vez de ficar em silêncio dentro de casa. E, na boa, nenhum prego fica daquele jeito!

Mas, apesar do roteiro, gostei do resultado final. As qualidades superam os defeitos. Quem gosta de se arrepiar na cadeira do cinema vai curtir.

Jogo Perigoso

Jogo PerigosoCrítica – Jogo Perigoso

Sinopse (imdb): Um casal tenta apimentar seu casamento em sua remota casa do lago, mas agora Jessie deve lutar para sobreviver quando o marido morre inesperadamente, deixando-a algemada na cabeceira da cama.

Ano passado foi um bom ano para os fãs de Stephen King. Tivemos nos cinemas dois filmes (It e A Torre Negra (ninguém gostou, mas heu gostei)), além de uma série, The Mist. E, olha lá, teve mais um filme pela Netflix, este Jogo Perigoso (Gerald’s Game, no original).

Dirigido por Mike Flanagan (O Espelho), Jogo Perigoso tem uma estrutura interessante: quase todo o filme se passa dentro de um quarto, com apenas dois atores. E mesmo assim, não parece teatro filmado! Mais não conto, pra não entrar em spoilers.

A maior parte do filme se passa dentro do quarto, mas vemos alguns flashbacks que enriquecem a história da protagonista e trazem várias interpretações para as algemas.
Jogo Perigoso é baseado em Stephen King, mas não é exatamente um filme de terror, está mais para suspense psicológico. Mas tem uma cena em particular, curtinha, perto do fim, que tem um gore em boa dose.

No elenco, basicamente o filme é com a Carla Gugino e Bruce Greenwood. Curiosidade: o pai dela nos flashbacks é interpretado por Henry Thomas, que 35 anos atrás foi o protagonista de um certo E.T.

Jogo Perigoso não é um filme essencial, mas vai distrair quem não for muito exigente.

O Passageiro

O PassageiroCrítica – O Passageiro

Sinopse (imdb): Um ex policial está preso em uma conspiração criminosa durante sua viagem diária de trem.

Liam Neeson já fez outros três filmes com o diretor Jaume Collet-Serra. Todos foram legais. Será que cabe mais um?

O Passageiro (The Commuter, no original) é um bom thriller, cheio de boas cenas de ação. Mas é basicamente uma repetição do que já vimos antes – principalmente em Sem Escalas, com a diferença que trocaram o avião pelo trem.

Bem, já falei aqui antes, não me incomodo com ideias recicladas se o resultado final for bom. Pra mim, é o caso. Gostei do filme.

O Passageiro pode não ser novidade, mas tem algo básico: tem bom ritmo e prende a atenção com cenas eletrizantes. Collet-Serra ainda consegue inovar criando vários ângulos pouco convencionais (dentro do trem!) ao longo do filme. E ainda tem uma boa luta em plano sequência. Tá bom assim?

Olha, admito que gostei do filme, mas a gente precisa reconhecer que tem algumas coisas forçadas demais. Aquela teoria da conspiração é complexa demais, forçaram a barra um pouco. Alguns momentos do filme você pensa “menos, gente, menos”…

No elenco, mais uma vez Liam Neeson é “o cara” – ele faz muito bem este tipo de personagem. O elenco traz outros nomes famosos, como Vera Farmiga, Patrick Wilson, Sam Neill e Elizabeth McGovern, mas em papéis pequenos. O pessoal que aparece mais ao longo do filme é desconhecido.

No fim, parece que estamos vendo uma versão atualizada de Assassinato no Expresso Oriente – um “whodoneit” dentro de um trem. Uma versão mais ágil e moderna. Apesar de não ter nenhuma novidade.

O Bar / El Bar

El BarCrítica – O Bar / El Bar

Sinopse (imdb): No movimentado centro de Madrid, um tiro e duas mortes misteriosas aprisionam alguns personagens urbanos heterogêneos em um bar central decrépito, enquanto a paranoia e a suspeição forçam os frequentadores a acusarem uns aos outros.

Sabe quando você é fã de um cara que quase ninguém conhece? Sou assim com o diretor espanhol Álex de la Iglesia. A maior parte das pessoas que conheço nunca ouviu falar, mas contei agora no imdb, O Bar (El Bar, no original; The Bar, em inglês) é o décimo longa dele que vejo – e gosto de quase todos!

O Bar mantém o estilo do diretor: personagens bizarros, clima tenso e uma pitada de humor negro. O jeitão de “festa estranha com gente esquisita” aqui ganha um clima claustrofóbico, porque quase toda a trama se passa em ambientes fechados e apertados.

A claustrofobia é boa pra desenvolver a crescente tensão entre os personagens. E aqui preciso destacar Jaime Ordóñez, que brilha no papel do mendigo alucinado. Também no elenco pouco conhecido por estas bandas, Blanca Suárez, Mario Casas, Carmen Machi, Secun de la Rosa e Terele Pávez.

A parte final muda um pouco o clima do filme. Li críticas negativas por aí com relação a isso, mas isso não me incomodou. Até gostei da mudança – apesar de achar que um dos personagens não conseguiria passar pelo espaço apertado.

A boa notícia é que, diferente de outros filmes do Álex de la Iglesia, este é fácil de encontrar: está no Netflix!

Assassinato no Expresso do Oriente

Assassinato no Expresso do OrienteCrítica – Assassinato no Expresso do Oriente

Sinopse (filmeB): Várias pessoas estão fazendo uma viagem longa em um luxuoso trem, porém, um terrível assassinato acontece. A bordo da composição, o detetive Hercule Poirot se voluntaria para iniciar uma varredura no local, ouvindo testemunhas e possíveis suspeitos para descobrir o que de fato aconteceu.

Adaptação do livro de Agatha Christie, que já teve uma versão pro cinema, em 1974, dirigida por Sidney Lumet e estrelada por Albert Finney, Lauren Bacall, Ingrid Bergman, Sean Connery, Jaqueline Bisset e Anthony Perkins, entre outros, Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express, no original) sofre de um problema básico: é um “whodunit” que todo mundo já sabe o final.

(Glossário: Whodunit é o estilo de história onde a trama levanta vários suspeitos e o espectador é instigado a descobrir quem é o culpado.)

Já faz muitos anos que vi o filme dos anos 70, mas me lembro justamente da cena que mostra o assassino… Ou seja, sou mais um pra engrossar o coro.

Só não digo que Assassinato no Expresso do Oriente é uma perda de tempo porque a produção é de alto nível, e o elenco é cheio de nomes legais. Afinal, não é todo dia que você reúne Kenneth Branagh, Johnny Depp, Daisy Ridley, Michelle Pfeiffer, Judi Dench, Penélope Cruz, Willem Dafoe, Tom Bateman, Josh Gad, Derek Jacobi e Lucy Boynton. Pena que como o filme gira em torno de um único personagem, o único que tem muito tempo de tela é Branagh. Os outros nem estão mal, mas estão sub aproveitados (nem reconheci a Lucy Boynton, do Sing Street!).

Além disso, outro problema deve afetar a bilheteria: são muitos diálogos, muitas explicações. Uma trama dessas é complexa e cheia de detalhes, e isso ficou um pouco cansativo. Não sei como a audiência de hoje vai receber uma obra assim.

No fim, fica aquela impressão de que era melhor rever o original. Torçamos para que pelo menos isso sirva para apresentar a obra de Agatha Christie para as novas gerações. Porque, claro, existem planos para uma “continuação” – no fim do filme, Hercule Poirot é chamado para ir ao Egito, onde vai se passar Morte sobre o Nilo.

p.s.: No mundo politicamente correto de hoje, será que vão rebatizar “Os Dez Negrinhos”? 😉

A Nona Vida de Louis Drax

Nona Vida de Louis DraxCrítica – A Nona Vida de Louis Drax

Sinopse tirada do site do Festival do Rio: “Louis Drax é um garoto brilhante, mas com sérias dificuldades sociais. Os colegas o consideram estranho e vários acidentes sombrios acontecem a seu redor. Eletrocussão, picadas de aranha e afogamento são apenas alguns dos episódios de risco vivenciados em sua ainda curta vida. Quando completa nove anos, Louis sofre uma queda violenta que o deixa em coma. Ninguém sabe explicar o motivo do acidente, até que o médico Allan Pascal começar a suspeitar que os eventos associados a Louis são mais do que uma simples coincidência. Do diretor Alejandro Aja (Alta tensão, Amaldiçoado).​

O diretor francês Alexandre Aja chamou a atenção do mundo com o ultra violento (e bom) Alta Tensão, de 2003. Depois disso, foi pra Hollywood e ficou no terror com um pé no filme B (mas admito que gosto de Piranha). A Nona Vida de Louis Drax (The 9th Life of Louis Drax, no original) tenta mudar um pouco este cenário.

Baseado no livro homônimo escrito por Liz Jensen, A Nona Vida de Louis Drax começa como uma fantasia infantojuvenil – me lembrei do menino T.S. Spivet de Uma Viagem Extraordinária, dirigido por Jean Pierre Jeunet. Mas o filme logo cai numa arrastada mistura entre drama e suspense. A parte do meio do filme, quando o foco é o insosso romance do médico com a mãe, é interminável. O casal de atores não tem nenhuma química, o romance não convence ninguém – o roteiro deveria incluir algo para mostrar por que o médico se interessou pela mãe do menino, já que a sua esposa era muito mais bonita e interessante.

Pra piorar, o mistério sobre quem é o “monstro” fica óbvio a partir da metade do filme. Pelo menos admito que gostei do plot twist final, heu não esperava aquele fim.

O elenco também não ajuda. O menino Aiden Longworth nem é ruim, mas quando a narrativa acompanha o casal Jamie Dornan (50 Tons de Cinza) e Sarah Gadon (Drácula: A História Nunca Contada), o filme perde muito. Aaron Paul, Oliver Platt, Molly Parker e Barbara Hershey têm papeis menores.

No fim, fica a impressão de que Aja estava perdido. Talvez fosse melhor deixar o romance de lado e ficar só na fantasia. Ou então permanecer no terror B e deixar o filme nas mãos de um diretor que sabe dosar estilos diferentes.