Freelance

Crítica – Freelance

Sinopse (imdb): Um ex-agente das forças especiais trabalha fornecendo segurança para uma jornalista que vai entrevistar um ditador. No meio da entrevista, ocorre um golpe militar e eles são forçados a fugir para a selva, onde precisam sobreviver.

Alguns filmes se propõem a ser grandes filmes que vão mudar paradigmas do cinema. Outros apenas querem proporcionar uma leve diversão. Este é o caso de Freelance, novo filme de ação de Pierre Morel, diretor francês que chamou a atenção 20 anos atrás com B13 – 13º Distrito (com roteiro e produção de Luc Besson), e que quatro anos depois dirigiria o filme que mais marcou a carreira do Liam Neeson (Busca Implacável).

Se Busca Implacável foi um grande filme, este Freelance parece uma nova versão de Cidade Perdida, de 2022. Se Cidade Perdida era uma mistura de comédia com ação que se baseava no carisma de seus protagonistas Sandra Bullock e Channing Tatum, Freelance faz o mesmo, só que com John Cena e Alison Brie.

A história é clichê e previsível: uma jornalista vai para um país fictício entrevistar o ditador, e contrata um segurança particular. Quando chegam lá, acontece um golpe de estado, tentam matar o presidente ditador, e o trio “se mete em muitas confusões!”

O que vale no filme é o carisma do elenco. É sempre agradável ver John Cena em cena, se ele aparece pouco em Argylle, pelo menos aqui ele está durante o filme inteiro. A personagem de Alison Brie não é muito consistente, às vezes ela parece querer uma coisa, logo depois parece querer outra, mas a atriz também tem carisma. E gostei de Juan Pablo Raba e seu ditador divertido e irônico. Também no elenco, Christian Slater, Alice Eve e Marton Csokas (como o vilão caricato – por que sempre tem que ter um vilão caricato?).

Agora, todo o filme é genérico. Cenas de perseguição genéricas, tiroteios genéricos… Sim, a gente já viu esse filme antes. Mas serve para os fãs do John Cena e da Alison Brie.

Argylle – O Superespião

Critica – Argylle – O Superespião

Sinopse (imdb): Quando as tramas dos livros de uma reclusa autora de romances de espionagem sobre o agente secreto Argylle começam a espelhar as ações de uma verídica organização de espionagem, as linhas entre o fictício e o real começam a se entrelaçar.

Filme novo do Matthew Vaughn!

Sempre curti a carreira de Matthew Vaughn, desde X-Men Primeira Classe e Kick-Ass. Mas, seu último filme, King’s Man A Origem, foi bem fraco. O trailer deste Argylle – O Superespião (Argylle, no original) prometia algo mais próximo do primeiro Kingsman, o que me fez colocar Argylle na minha lista de expectativas para 2024.

Então, valeu o lugar na lista? Ou foi uma grande decepção como Turma da Mônica Jovem Reflexos do Medo?

Olha, pode não ser tão bom quando Kingsman, mas, me diverti muito. O filme é engraçado, tem cenas de ação muito bem filmadas, tecnicamente enche os olhos e tem um elenco sensacional. Saí da sessão feliz, isso pra mim conta muito.

Algumas sequências são muito bem filmadas. Tem uma luta num trem onde a protagonista está vendo o agente “real” lutando ao mesmo tempo que imagina o personagem dela. Ou seja, uma coreografia de luta onde troca o ator que está lutando. Deve ter dado um trabalho enorme pra coreografar, filmar e editar isso!

Ouvi uma crítica negativa comparando com Missão Impossível, porque lá tudo é mais “real”. Mas aqui nunca teve uma proposta de algo real! Tem uma cena com uma luta em cima de uma enorme poça de petróleo que é completamente galhofa! E tem uma cena usando fumaça colorida que, além de galhofa, é linda! E achei genial a solução dada para o “tiro no coração”. Sim, é absurdo; e sim, é por ser absurdo que curti!

Agora, o filme tem uma quebra no meio e a segunda metade dá umas escorregadas. Existe um plot twist onde muda todo o ponto de vista sobre os personagens, e a partir daí o filme tem uma queda. Não chega a ficar ruim, mas a primeira metade é melhor.

Adorei a trilha sonora! Desde a cena inicial com Barry White, até a nova música Electric Energy, de Ariana DeBose, Boy George, Nile Rodgers – que tem muita cara de música feita nos anos 70! Ok, entendo que a trilha me pegou pelo lado nostálgico, mas, todas as músicas se encaixam perfeitamente!

O elenco é muito bom. Um amigo crítico estava vendo ao meu lado e criticou a escolha dos dois protagonistas, Bryce Dallas Howard e Sam Rockwell, porque eles não têm o perfil para “blockbuster de ação”. Verdade, eles não têm esse perfil. Na página do imdb, os primeiros nomes são Sofia Boutella e Henry Cavill, dois nomes que teriam mais a ver. Mas, curiosamente, o mesmo motivo que fez o meu amigo criticar é o motivo que me faz defender: gostei de ter dois nomes “diferentões” como protagonistas. Henry Cavill aparece bem menos, e Sofia Boutella só aparece em uma única cena, e não é uma cena de ação! Ainda no elenco, Bryan Cranston, John Cena, Samuel L Jackson, Dua Lipa, Catherine O’Hara e Ariana DeBose.

O final traz uma solução “deus ex machina” que achei completamente desnecessária e que diminuiu um pouco o valor do filme na minha humilde opinião. E tem uma cena pós créditos que aparentemente é um teaser de uma nova franquia.

Projeto Extração

Crítica – Projeto Extração

Sinopse (imdb): Uma refinaria de petróleo chinesa no Iraque é atacada e Chan é encarregado de tirar os trabalhadores de lá. Porém, ele descobre um grande plano de roubo de petróleo e precisa unir forças com um ex-Fuzileiro Naval.

Bora pra mais um filme genérico da Netflix. Mas, diferente do recente Agente Stone, esse Projeto Extração (Hidden Strike, no original) até que é divertido. Principalmente por causa do carisma de seus dois protagonistas. É sempre legal ver Jackie Chan e John Cena em tela. Eles não são atores versáteis, parece que eles sempre interpretam o mesmo papel – um é o bonzinho atrapalhado e bom de briga; o outro é o fortão que gosta de piadas de tiozão. Colocá-los juntos foi uma boa ideia.

Dirigido por Scott Waugh (Need For Speed e que em breve estará nas telas com Mercenários 4), Projeto Extração não é exatamente um bom filme. O roteiro tem falhas, o vilão é péssimo, o cgi é preguiçoso… Mas, quando um dos dois protagonistas está em tela, tudo fica mais aceitável. E quando os dois estão juntos, fica ainda melhor.

Agora, precisamos reconhecer as falhas. O roteiro não é bom. Um exemplo simples: Chan e Cena começam o filme como antagonistas, e do nada viram bffs. Achei que faltou alguma coisa no roteiro pra aproximá-los.

Isso porque não estou citando coisas sem lógica como a cena das bolhas de sabão. Por que diabos aquele local teria tantas bolhas de sabão? A coreografia da luta é legal, com os atores presos por elásticos, mas pra que as bolhas de sabão?

O cgi também é bem tosco. Tem uma cena onde mostra por dentro dos encanamentos e o petróleo jorrando no navio – e que petróleo mal desenhado… Ou então a briga dentro do ônibus. Achei legal como a câmera roda, sobe, desce, etc, mas aí a gente olha em volta o cenário, e é tão tosco que parece videogame dos anos 90.

Elogiei os dois protagonistas, mas preciso criticar o vilãozão malvadão feito por Pilou Asbæk. Ok, elogiei Chan e Cena porque estão sempre repetindo os personagens, e Asbæk também repete o que faz sempre. A diferença é que ele sempre faz o mesmo vilão ruim.

Mas, dito tudo isso, reconheço que ainda me diverti. O carisma da dupla principal é muito bom. Quem estiver atrás de uma diversão descartável pode curtir. Mas, só vale pelo Jackie Chan e pelo John Cena.

Tartarugas Ninja: Caos Mutante

Crítica – Tartarugas Ninja: Caos Mutante

Sinopse (imdb): Os irmãos Tartaruga trabalham para conquistar o amor da cidade de Nova York enquanto enfrentam um exército de mutantes.

Antes de tudo, preciso falar que não sou fã das Tartaruga Ninja. Vi os filmes dos anos 90, vi os filmes dos anos 2010, mas nunca li nenhum quadrinho nem nunca vi nenhum desenho animado. Quando soube que este novo longa seria uma animação, quase decidi não ver. Mas um amigo que trabalhou na dublagem do filme comentou que o visual lembrava os longas do Aranhaverso. “You had my curiosity, now you have my atention!”

A gente se acostumou a animações cada vez mais realistas, evoluindo a cada ano – lembro quando vi Soul, que tem cenários que parecem filmados em vez de desenhados. Aí chegou o Homem Aranha no Aranhaverso, que trazia outra proposta: em vez de realismo, parece que estamos vendo páginas de quadrinhos na tela do cinema. Essa proposta foi tão revolucionária que ganhou o Oscar de melhor animação e começou a influenciar grandes estúdios – Gato de Botas 2 usou essas técnicas “low fi” em algumas sequências.

Tartarugas Ninja: Caos Mutante (Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutant Mayhem, no original) foi dirigido por Jeff Rowe e Kyler Spears, que antes tinha trabalhado em A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (outro exemplo bem-sucedido de animação que usa um visual diferente do padrão). O longa segue o estilo de “animação não realista”, mas não tenta se parecer com o Aranhaverso. O traço da animação lembra pinturas à mão, e o visual ficou impressionante. E o filme tem algumas cenas muito boas, como uma sequência de ação onde eles atacam mais de um lugar, e a edição corta trechos de cada ataque para mostrá-los em ação.

Mas o filme não é bom só por causa disso, a história também é boa. Como comentei antes, não conheço muito do universo das Tartarugas Ninja. Não sei o vilão já existia ou se foi criado para o filme. Independente disso, achei o vilão ótimo, gostei dele ter a mesma origem dos heróis, e como isso causou uma confusão no entendimento deles. Não sei se fui o único a pensar assim, mas senti uma vibe meio X-Men, com mutantes sendo rejeitados pela população, e dois grupos com perspectivas diferentes, um querendo apenas ser aceito, o outro querendo oposição aos “normais”.

O filme tem muitas piadas boas (logo no início tem uma piada de humor negro envolvendo uma barata que ri tanto que quase perdi a cena seguinte). E são muitas referências à cultura pop: falam de Marvel, de DC, de cantores, etc.

Tartarugas Ninja: Caos Mutante ainda traz outra novidade. Normalmente, cada ator grava suas falas isoladamente, e depois as frases soltas são editadas para parecerem diálogos. Aqui, foram colocados quatro atores adolescentes no mesmo estúdio, falando ao mesmo tempo, e permitindo improvisações. Isso gerou um ótimo entrosamento entre os personagens.

(Um breve comentário sobre a idade dos quatro protagonistas. Fui catar as idades dos atores Nicolas Cantu, Shamon Brown Jr., Micah Abbey e Brady Noon, mas não achei de todos. Um deles é de setembro de 2003, ou seja, mês que vem faz 20 anos. Lá nos EUA ele ainda é “teenager”, mas, aqui no Brasil, não podemos chamá-lo de “adolescente”…)

A dublagem é boa, mas quando vemos o elenco original, dá pena. Dá vontade de rever, pra ouvir as vozes de Jackie Chan, Seth Rogen, John Cena, Rose Byrne, Ice Cube, Post Malone, Paul Rudd e Maya Rudolph.

Temos uma cena pós créditos com um gancho pra continuação, que deve acontecer. Que mantenham a qualidade!

Barbie

Crítica – Barbie

Sinopse (imdb): Viver na Terra da Barbie é ser um ser perfeito em um lugar perfeito. A menos que você tenha uma crise existencial completa. Ou que você seja um Ken.

Finalmente estreia esta semana o aguardado Barbie! Será que é bom?

Dirigido por Greta Gerwig e escrito por Gerwig e Noah Baumbach, Barbie começa muito bem, usando ironia pra criticar vários clichês ligados à boneca Barbie. Algumas piadas arrancaram gargalhadas na sala de cinema. E todos os cenários e props são sensacionais, parece realmente que estamos vendo acessórios da boneca em tamanho real.

Mas, pena que nem tudo funciona. Todo o plot dos executivos liderados pelo Will Ferrell é péssimo. E aquela correria no cenário das baias é vergonha alheia nível Trapalhões. Outra coisa ruim foi o momento reflexivo depois que a história já estava encerrada, foi um grande anti clímax.

Posso soltar uma polêmica? Ken é irrelevante, ele só “existe” se a Barbie der atenção a ele. Mas, em determinado momento do filme, Ken descobre que pode ter uma personalidade própria. E acaba que ele cria um problema no mundo da Barbie, que acaba virando um “mundo do Ken”. O filme poderia ter aproveitado esse gancho pra promover a igualdade, corrigir onde o Ken estava errado e colocar ambos personagens como protagonistas desse mundo, mas escorrega e volta ao status inicial, jogando Ken novamente para a irrelevância. Ou seja, oportunidade jogada fora.

Mas, fazendo o “advogado do diabo”, a gente tem que lembrar que é um filme da Barbie. E, dentro do universo da Barbie, sim, o Ken e irrelevante. Ken é um acessório, ele não existe sem a Barbie; já a Barbie pode existir sem o Ken. então, pensando sob este ângulo, sim, o Ken pode continuar irrelevante.

O elenco está ótimo. Margot Robbie é excelente para o papel, e o Ryan Gosling consegue estar ainda melhor – tem um momento musical onde ele canta e dança que é sensacional. Kate McKinnon tem um papel curioso, a “Barbie esquisita”, aquela boneca velha que era rabiscada e tinha o cabelo estragado; e Michael Cera está engraçado no ponto exato. E quem for às sessões dubladas vai perder a narração da Helen Mirren. Ainda no elenco, Simu Liu, John Cena, Dua Lipa, Ariana Greenblatt, America Ferrera, Emma Mackey, Kingsley Ben-Adir e Rhea Perlman.

Enfim, Barbie deve agradar ao público alvo. Fui com minha filha, que está com 22 anos e brincou de Barbie quando criança, ela adorou…

Velozes e Furiosos 10

Crítica – Velozes e Furiosos 10

Sinopse (imdb): Dom Toretto e sua família são alvo do filho vingativo do traficante Hernan Reyes.

É complicado pra mim escrever um texto sobre um filme como o novo Velozes e Furiosos. Já tivemos outros dez filmes (não se esqueçam do spin off Hobbes & Shaw), e todo mundo já sabe o que virá no décimo primeiro filme da franquia. Quem curtiu os outros, vai se divertir com duas horas de “tiro porrada e bomba” bem filmados; quem não curtiu, vai passar longe dos cinemas. Então, num caso desses, qual é o papel do crítico? Bem, vou tentar levantar pontos positivos e negativos, apesar de não saber se isso vai significar alguma coisa na decisão do espectador.

Mas, antes de entrar no filme, preciso fazer uma crítica séria: assim como aconteceu com o recente Os Três Mosqueteiros, Velozes e Furiosos 10 não tem fim. Anunciaram que vão fazer uma trilogia que vai acabar no V&F12. Mas, essa informação não está no nome, nem no poster, nem ao menos no filme. De repente, o filme pára e sobem os créditos. Acho isso uma grande falta de respeito com o espectador.

Entrando no filme… Dirigido por Louis Leterrier (Carga Explosiva, O Incrível Hulk, Truque de Mestre), Velozes e Furiosos 10 (Fast X, no original) segue o mesmo estilo de “tiro porrada e bomba” e odes à importância da família. Isso tudo no meio de ótimas e inacreditáveis cenas de ação, e com um elenco de causar inveja.

As cenas de ação são muito mentirosas. Mas pra quem conhece a franquia, isso já era algo esperado. Cenas absurdas sempre aconteceram ao longo dos filmes. E o que importa aqui não é a veracidade das leis da física, e sim o quão bem filmada a cena é. E neste aspecto, Velozes e Furiosos 10 não vai decepcionar ninguém.

Agora, sobre o roteiro… Esse podia ter sido escrito com mais carinho. Vejo dois tipos de problema. O primeiro é o óbvio, que são os inúmeros furos de roteiro. Se heu fosse listar, o texto seria enooorme. Mas vou citar só um. Charlize Theron manja dos paranauês tecnológicos e coloca meia dúzia de guardas pra dormir. E fala “temos apenas 4 minutos”. E MUITA coisa acontece depois disso. E vou além: naquela super base não tinha nenhum guarda? Só aquela meia dúzia que estava no laboratório?

Mas esses furos são que nem as mentiras, coisas que a gente já sabe que vai encontrar. O outro tipo de problema me incomodou mais. A franquia cresceu e trouxe grandes nomes para o elenco. Mas tem aqueles personagens que já estavam antes, e ainda precisam de algo para fazer durante o filme, apesar de ser a parte do elenco que “ninguém se importa”. Aí rola uma trama paralela sem graça com os quatro personagens de menor star power, uma trama bem besta. Dá vontade de acelerar o filme pras outras partes onde tem quem realmente importa.

Outro problema. Paul Walker morreu. Mas seu personagem não morreu, segundo o histórico da franquia, ele foi seguir outra vida e se afastou. Mas, se o filme repete tanto o mantra da “família” e eles estão passando por problemas sérios, por que o personagem do Paul Walker é ignorado? Ninguém ao menos cita a sua existência ao longo do filme! Ok, a gente sabe que o ator não pode estar presente, mas o roteiro poderia ter ideias pra explicar isso.

Tem um outro problema, mas é mimimi meu. Parte do filme se passa no Rio de Janeiro, e temos uma nova personagem, brasileira. Por que chamaram a portuguesa Daniela Melchior para fazer a brasileira? Vejam bem, gosto da Daniela Melchior, ela fez um excelente trabalho em Esquadrão Suicida, mas, por que não chamar uma brasileira? Tem tantas boas atrizes por aqui!

(Ludmilla faz uma rápida participação, alguns poucos segundos. Não chega a atrapalhar.)

Tem uma coisa divertida para o público carioca, que é analisar a geografia da cidade. O local onde os carros de corrida se encontram parece o Arpoador. Até aí, ok, apesar de ser um local fechado para veículos, só pedestres têm acesso. Mas é curioso que depois é uma pista que não existe na Zona Sul – mas os prédios em volta continuam no mesmo cenário.

O elenco é fantástico. A franquia gera muito dinheiro. Existe um “clube do bilhão”, são 52 filmes que já alcançaram um bilhão de dólares na bilheteria, e dois dos V&F estão nessa lista – o V&F7 está em décimo primeiro lugar! Como todo esse potencial financeiro, claro que dá pra chamar elenco com grande star power. Não só temos vários astros do atual cinema de ação, como Vin Diesel, Jason Statham, John Cena, Jason Momoa e Dwayne Johnson, como ainda tem quatro atrizes ganhadoras do Oscar: Charlize Theron, Helen Mirren, Brie Larson e Rita Moreno. E todos os anteriores estão de volta: Michelle Rodriguez, Jordana Brewster, Tyrese Gibson, Ludacris, Nathalie Emmanuel, Sung Kang, Scott Eastwood e Joaquim de Almeida. Todos fazem o de sempre, o único destaque (positivo ou negativo) é Jason Momoa, que faz um vilão muito acima do tom. Teve gente que saiu da sessão de imprensa reclamando dele, mas heu achei ele caricato no ponto exato! Adorei o vilão com cara de desenho animado dos anos 90!

O filme é longo, duas horas e vinte e um minutos. Não, não precisava de tanto. Podia, por exemplo, cortar aquele núcleo dos atores sem star power. O filme ia ter meia hora a menos e ia ser bem melhor.

Tem uma cena pós créditos logo depois dos créditos principais. Se tem alguma lá no fim? Não sei. O cinema cortou os créditos no meio. Mas a assessoria disse que não tem nada depois. Se tiver, alguém me avisa?

Peacemaker

Crítica – Peacemaker

Sinopse (wikipedia): A série é baseada no personagem Christopher Smith / Pacificador dos quadrinhos da DC Comics. Ambientada após o filme, a série explora as origens do Pacificador, que acredita em alcançar a paz a qualquer custo.

Uma das melhores surpresas cinematográficas do ano passado foi o novo Esquadrão Suicida. James Gunn, que fez um ótimo trabalho na Marvel com os dois Guardiões da Galáxia, foi demitido da Disney por causa de tweets polêmicos no passado, e acabou sendo contratado pela rival DC. Se o primeiro Esquadrão Suicida foi uma bagunça, este segundo parece uma mistura de Guardiões com Deadpool, com muita violência e humor negro e politicamente incorreto. Resultado? O melhor filme do DCEU, e não à toa ficou com o topo da minha lista de melhores filmes de 2021.

Na época do filme anunciaram esta “continuação” com o controverso personagem Peacemaker. Mais uma vez nas mãos de James Gunn, a série foi um grande acerto. A série tem a mesma pegada do filme: violento, politicamente incorreto e muito divertido.

Antes de tudo, precisamos falar da abertura da série. O elenco todo faz coreografias, como se fosse um musical. Mas eles estão com expressões sérias, o que torna tudo mais engraçado. E não são dançarinos, a coreografia não é “certinha”. A abertura é muito muito divertida, uma das melhores aberturas de séries de todos os tempos!

Heu diria que Peacemaker tem dois grandes trunfos. Um é o James Gunn solto, sem a pressão de um grande estúdio por trás, livre pra poder aloprar. Gunn escreveu os oito episódios e dirigiu cinco deles. Segundo o imdb, ele teria escrito tudo em momentos de tédio, quando precisou fazer quarentena por causa da covid, mas sem acreditar que a série seria produzida.

Ah, os nomes dos episódios são ótimos, todos têm trocadilhos! “A Whole New Whirled”, “Best Friends, For Never”, “Better Goff Dead”, “The Choad Less Traveled”, “Monkey Dory”, “Murn After Reading”, “Stop Dragon My Heart Around” e “It’s Cow or Never”.

O outro trunfo é o John Cena, que embarcou 100% no personagem. Assim como Dwayne Johnson, John Cena também veio da luta livre. Não estou dizendo que Cena é um nome tão grande quanto Johnson, longe disso, The Rock é um dos maiores nomes do cinema contemporâneo (é um dos poucos casos onde o nome do ator vem antes do nome do filme no pôster). Mas podemos dizer que Cena está num bom caminho. Não vi seus primeiros filmes, acho que o primeiro filme que vi com ele foi Bumblebee. Mas comecei a prestar atenção a partir de sua boa entrada na franquia Velozes e Furiosos – e logo depois fez O Esquadrão Suicida. Em ambos os casos ele está muito bem, mas ele tinha personagens secundários. Aqui ele é o protagonista – e podemos dizer que ele “passou no vestibular”. O personagem Chris Smith tem um bom desenvolvimento, e Cena se mostra digno de protagonizar uma série deste porte. Além disso, ele tem tiradas geniais, ele foi criado em um ambiente racista, machista, homofóbico e xenofóbico, e precisa se adaptar às mudanças na sociedade – e a série aborda isso, sem deixar as piadas de lado. Além do mais, Cena parece estar se divertindo muito, logo no primeiro episódio tem uma cena divertidíssima dele dançando e cantando de cueca – e logo depois, uma violenta cena de briga.

Aproveito para falar dos personagens e do resto do elenco. Inicialmente, achei a personagem da Adebayo (Danielle Brooks) meio deslocada, mas é outra personagem que tem um bom desenvolvimento ao longo dos episódios, e a gente chega ao final fã dela. Outro personagem ótimo é o Vigilante (Freddie Stroma) – se o Peacemaker fica no meio termo entre o bem e o mal, o Vigilante é um cara completamente alucinado. E o personagem é tão bem construído que a gente torce por ele, mesmo ele sendo completamente fora da caixinha! Robert Patrick, o eterno T1000 de Exterminador do Futuro 2, também está ótimo como o repugnante pai do Peacemaker. Jennifer Holland e Steve Agee volatm aos seus papéis que eram bem secundários em Esquadrão Suicida e aqui ganham muito mais importância e profundidade. Só não curti muito o Murn, interpretado por Chukwudi Iwuji.

Ah, precisamos falar da águia Eagly! Não sei se tinha algum animatronic ou se era sempre cgi, mas a águia é ótima!

Claro, tem exageros. É difícil acreditar em coisas como o laboratório do pai do Peacemaker, que era um portal interdimensional com apetrechos de tecnologia absurda; ou no “poder de cura” do Vigilante, que explode e leva tiro e logo depois está bem. Mas, é série de super herói, então a gente releva isso.

Também precisamos falar da trilha sonora. James Gunn já tinha mostrado que sabe usar bem a trilha. Não é coreografado como um Edgar Wright, mas ele sabe combinar a cena com a trilha, e aqui isso acontece diversas vezes, dava pra gravar um vídeo só comentando as trilhas. São várias boas músicas de “hair metal”, sempre combinando com a cena. Não sei se todas as músicas já existiam ou se teve alguma composta para o filme, mas não importa, a trilha é ótima.

Todos os episódios têm cenas pós créditos. Isso é relativamente comum em filmes de super herói – James Gunn colocou 5 cenas pós créditos em Guardiões da Galáxia! Mas o curioso aqui é que TODAS as cenas são sem graça!

Agora queria fazer alguns comentários, mas antes os avisos de spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Uma coisa legal e duas críticas. Primeiro, as críticas. Na batalha final, eles atacam os hospedeiros das borboletas. Mas… as borboletas sairiam dos hospedeiros e atacariam, não seria tão fácil… E a outra crítica é que o final é igual ao Esquadrão Suicida. Várias pessoas viram hospedeiros de uma ameaça alienígena, e tem um grande kaiju que vai ser derrotado com um personagem entrando nele. Me lembrei de Star Wars ep 7, que achei um filme muito bom, mas ter de novo uma estrela da morte me incomodou.

A coisa legal foi aparecer a Liga da Justiça. E mais legal ainda foi como apareceram: não vieram salvar nada, chegaram tarde e foram esculachados! E ainda teve o Jason Momoa e o Ezra Miller!

FIM DOS SPOILERS!

Já anunciaram uma segunda temporada. Que mantenha o bom nível!

O Esquadrão Suicida

Crítica – O Esquadrão Suicida

Vou começar lançando a polêmica: será que estamos diante do melhor filme da DCEU?

Sinopse (imdb): Os supervilões Harley Quinn, Bloodsport, Peacemaker e uma coleção de malucos condenados na prisão de Belle Reve juntam-se à super-secreta e super-obscura Força Tarefa X enquanto são deixados na remota ilha de Corto Maltese, infundida pelo inimigo.

Antes de começar, vamos explicar as siglas. A Marvel tem o MCU, o Marvel Cinematic Universe, que é o universo onde estão situados as dezenas de filmes. DCEU é o DC Extended Universe, o paralelo da DC. Não leio HQs, então não posso palpitar sobre qual editora é mais bem sucedida nos quadrinhos. Mas no cinema, nem o mais fanático fã da DC vai deixar de reconhecer a superioridade da Marvel.

(Bem, fãs fanáticos às vezes têm cegueira seletiva, então se o cara é muito fanático ele não vai reconhecer os fatos. Mas isso é assunto pra outro post.)

Em 2016 a gente viu o primeiro filme do Esquadrão Suicida, que teve um trailer excelente, um bom início, mas que depois se perdeu completamente e conseguiu decepcionar quase todo mundo. Até achei que iam desistir do time do Esquadrão Suicida, deixa pra lá, foi uma parada que não deu certo.

Mas aí apareceu um James Gunn no horizonte. Vamos lembrar quem é James Gunn? O cara começou na Troma, produtora de filmes trash, acho que seu primeiro trabalho no cinema foi o roteiro de Tromeu e Julieta, de 1996. Ele tinha uma carreira discreta, com filmes “menores” como Seres Rastejantes (2006) e Super (2010), até que foi contratado pela Marvel pra fazer Guardiões da Galáxia. Só pra dar um exemplo da proporção: o orçamento de Super era de 2,5 milhões de dólares, enquanto Guardiões tinha 170 milhões.

Guardiões da Galáxia era um projeto audacioso. Um filme que se encaixaria nos filmes dos Vingadores, mas era uma aventura espacial com um grupo que tinha um guaxinim e uma árvore, feito por um diretor que começou na Troma. E o resultado foi excelente, um dos melhores filmes do MCU (lembrando que tem um monte de filmes bons no MCU!).

Claro que a moral do James Gunn subiu. Ele fez o Guardiões volume 2, e ia fazer o terceiro – até que resolveram catar uns tweets politicamente incorretos que ele tinha feito anos antes, e a conservadora Disney (como mencionei no texto de anteontem sobre Jungle Cruise) o demitiu.

A Warner então o contratou pra “consertar” o Esquadrão Suicida – afinal, tanto os Guardiões quanto o Esquadrão são grupos de anti-heróis com alguns esquisitões no meio.

Vendo isso, a Disney o recontratou pra fazer Guardiões 3, mas antes ele ainda ia fazer este Esquadrão Suicida antes.

E agora a gente tem um James Gunn livre das restrições da Disney. O Esquadrão Suicida parece uma mistura dos anti-heróis de Guardiões da Galáxia com a violência e o humor politicamente correto do Deadpool. Um filme violento, engraçado, e, principalmente, divertidíssimo!

Antes de entrar no filme, vamos à pergunta: é uma continuação ou um reboot? Na verdade, tem cara de reboot, mas é uma continuação. Alguns personagens do outro filme voltam. Mas não precisa (re)ver aquele, a história aqui é independente.

Uma das poucas coisas boas do primeiro filme foi a introdução dos personagens. Aqui não tem isso, sabemos pouco sobre cada um. Mas sabe que não fez falta? O filme até faz piada com isso.

Falei que o filme era violento, né? MUITO violento. Sem entrar em spoilers, mas muita gente morre no filme. Aliás, essa é uma grande diferença para os filmes de super heróis que a gente está acostumado. Aqui morre um monte de gente, tanto personagens quanto extras. Mas não são mortes dramáticas – apesar de algumas serem bem gráficas – tem tiro na cara, tem cabeça explodindo… O filme tem muito sangue, mas a pegada é humor negro – várias mortes geram gargalhadas.

Um bom exemplo disso é uma sequência muito boa onde rola quase uma competição entre o Idris Elba e o John Cena pra ver quem é mais eficiente matando. E quase todas as mortes são engraçadíssimas. E o encerramento da sequência é inesperado e genial!

Uma coisa que gostei muito aqui é justamente essa imprevisibilidade. O roteiro sai do óbvio várias vezes (característica que também acontecia em Guardiões da Galáxia). Você está vendo a cena, achando que ela vai ter uma conclusão, e o roteiro te dá uma rasteira e mostra outro caminho. Gosto disso, gosto de ser surpreendido por soluções fora do óbvio.

As cenas de ação são muito boas. São várias, com vários personagens, e a câmera sempre consegue mostrar bem a ação. E os efeitos especiais também são ótimos. Falei mal da onça de Jungle Cruise, né? O Tubarão Nanaue aqui é muito mais bem feito. Ok, parece uma ideia reciclada, um novo Groot – inclusive porque ambos são dublados por atores famosos (o Groot é o Vin Diesel; o Nanaue é o Sylvester Stallone). Mas, assim como o Groot é um personagem adorável, digo o mesmo sobre o Nanaue.

Ah, ainda nos efeitos. O filme é entrecortado por intertítulos, como se fossem títulos para cada capítulo. E esses intertítulos são escritos com elementos que estão na cena. Boa ideia. Simples e eficiente.

Claro que ainda preciso falar da trilha sonora. Assim como nos dois Guardiões, a trilha aqui é muito bem escolhida. E, olha só, tem música brasileira no meio!

O elenco é ótimo. Mas, como falei, morrem personagens, então não vou entrar em detalhes sobre cada um, pra não dar indícios de quais são os mais importantes. Pelo star power do elenco, arrisco a dizer que os principais seriam Margot Robbie e Idris Elba, mas o filme divide bem o protagonismo entre todo o time. Tem a Alice Braga, num papel pequeno mas importante, mais um filme fantástico na carreira dela (comentei sobre isso no texto sobre Novos Mutantes). Também no elenco, Michael Rooker, Viola Davis, Joel Kinnaman, Nathan Fillion, Jai Courtney, Sean Gunn, John Cena, Daniela Melchior, David Dastmalchian, Sylvester Stallone, Peter Capaldi e uma ponta do Taika Waititi (pisque o olho e você perderá!).

Se for pra falar mal de alguma coisa, falo do vilão Thinker, interpretado pelo Peter Capaldi. Personagem sub aproveitado. Não estraga o filme, claro. Mas é um personagem besta.

Heu poderia continuar falando aqui, mas chega. O filme estreia hoje, quero rever assim que possível. E recomendo pra qualquer um que goste de se divertir nos cinemas.

Ah, tem cena pós créditos! Fiquem até o fim do filme!

Por fim, só pra confirmar a frase do início. Não dá pra comparar este filme com filmes de fora do DCEU, como Coringa ou a trilogia do Nolan, porque são propostas completamente diferentes. Agora, dentro do DCEU, já tivemos Homem de Aço, Batman vs Superman, Esquadrão Suicida, Mulher Maravilha, Liga da Justiça, Aquaman, Shazam, Aves de Rapina, Mulher Maravilha 84 e o novo Liga da Justiça versão do diretor. Alguns bons, outros maomeno, outros ruins. É, olhando a lista, O Esquadrão Suicida é realmente o melhor até agora.

#pas