Tartarugas Ninja: Caos Mutante

Crítica – Tartarugas Ninja: Caos Mutante

Sinopse (imdb): Os irmãos Tartaruga trabalham para conquistar o amor da cidade de Nova York enquanto enfrentam um exército de mutantes.

Antes de tudo, preciso falar que não sou fã das Tartaruga Ninja. Vi os filmes dos anos 90, vi os filmes dos anos 2010, mas nunca li nenhum quadrinho nem nunca vi nenhum desenho animado. Quando soube que este novo longa seria uma animação, quase decidi não ver. Mas um amigo que trabalhou na dublagem do filme comentou que o visual lembrava os longas do Aranhaverso. “You had my curiosity, now you have my atention!”

A gente se acostumou a animações cada vez mais realistas, evoluindo a cada ano – lembro quando vi Soul, que tem cenários que parecem filmados em vez de desenhados. Aí chegou o Homem Aranha no Aranhaverso, que trazia outra proposta: em vez de realismo, parece que estamos vendo páginas de quadrinhos na tela do cinema. Essa proposta foi tão revolucionária que ganhou o Oscar de melhor animação e começou a influenciar grandes estúdios – Gato de Botas 2 usou essas técnicas “low fi” em algumas sequências.

Tartarugas Ninja: Caos Mutante (Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutant Mayhem, no original) foi dirigido por Jeff Rowe e Kyler Spears, que antes tinha trabalhado em A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (outro exemplo bem-sucedido de animação que usa um visual diferente do padrão). O longa segue o estilo de “animação não realista”, mas não tenta se parecer com o Aranhaverso. O traço da animação lembra pinturas à mão, e o visual ficou impressionante. E o filme tem algumas cenas muito boas, como uma sequência de ação onde eles atacam mais de um lugar, e a edição corta trechos de cada ataque para mostrá-los em ação.

Mas o filme não é bom só por causa disso, a história também é boa. Como comentei antes, não conheço muito do universo das Tartarugas Ninja. Não sei o vilão já existia ou se foi criado para o filme. Independente disso, achei o vilão ótimo, gostei dele ter a mesma origem dos heróis, e como isso causou uma confusão no entendimento deles. Não sei se fui o único a pensar assim, mas senti uma vibe meio X-Men, com mutantes sendo rejeitados pela população, e dois grupos com perspectivas diferentes, um querendo apenas ser aceito, o outro querendo oposição aos “normais”.

O filme tem muitas piadas boas (logo no início tem uma piada de humor negro envolvendo uma barata que ri tanto que quase perdi a cena seguinte). E são muitas referências à cultura pop: falam de Marvel, de DC, de cantores, etc.

Tartarugas Ninja: Caos Mutante ainda traz outra novidade. Normalmente, cada ator grava suas falas isoladamente, e depois as frases soltas são editadas para parecerem diálogos. Aqui, foram colocados quatro atores adolescentes no mesmo estúdio, falando ao mesmo tempo, e permitindo improvisações. Isso gerou um ótimo entrosamento entre os personagens.

(Um breve comentário sobre a idade dos quatro protagonistas. Fui catar as idades dos atores Nicolas Cantu, Shamon Brown Jr., Micah Abbey e Brady Noon, mas não achei de todos. Um deles é de setembro de 2003, ou seja, mês que vem faz 20 anos. Lá nos EUA ele ainda é “teenager”, mas, aqui no Brasil, não podemos chamá-lo de “adolescente”…)

A dublagem é boa, mas quando vemos o elenco original, dá pena. Dá vontade de rever, pra ouvir as vozes de Jackie Chan, Seth Rogen, John Cena, Rose Byrne, Ice Cube, Post Malone, Paul Rudd e Maya Rudolph.

Temos uma cena pós créditos com um gancho pra continuação, que deve acontecer. Que mantenham a qualidade!

Super Mario Bros. – O Filme

Crítica – Super Mario Bros. – O Filme

Sinopse (imdb): Um encanador chamado Mario viaja por um labirinto subterrâneo com seu irmão, Luigi, tentando salvar uma princesa capturada

Sempre comento aqui que não jogo videogames, mas, nesse caso, joguei. Claro que não conheço todas as versões, mas conheço o suficiente pra saber que era uma ideia arriscada – e não estou falando da versão de trinta anos atrás com o Bob Hoskins. O problema é que o universo do jogo é muito maluco. Fica difícil criar uma história coerente quando você está num local onde comer um cogumelo faz você crescer – dentre muitas outras coisas completamente nonsense. E o roteiro aqui conseguiu essa tarefa. Não só o filme flui apesar desse lore louco, como ainda é repleto de easter eggs.

O visual não traz nada de revolucionário, mas pelo menos é extremamente bem feito – às vezes parece que são bonecos reais. Além disso, o filme é bem colorido, com cenários malucos e coerentes com os mundos apresentados no videogame. Ah, claro, o filme é muito engraçado, algumas piadas são muito boas (é uma produção da Illumination, eles têm tradição de filmes bem engraçados).

A trilha sonora de Brian Tyler é excelente! O tema do jogo é super famoso, e a trilha orquestrada usa trechos do tema ao longo de todo o filme.

Os personagens são bons. Não sei se a Peach teve alguma atualização em algum jogo – na época que heu jogava ela era literalmente uma “donzela em perigo”, coisa que não funciona mais nos dias de hoje. Agora Peach tem um bom protagonismo. O Luigi também tem um papel importante, não é só “escada” para o Mario como no jogo. Dentre os personagens secundários, adorei a estrelinha azul que está presa, acho que ela é do Super Mario Galaxy.

(A sessão de imprensa foi com cópia dublada. A dublagem é boa, mas preferia ter visto ouvindo as vozes de Chris Pratt, Anya Taylor-Joy, Jack Black, Seth Rogen, Charlie Day e Keegan-Michael Key.

Por fim, não é Marvel, mas tem duas cenas pós créditos, uma no início e outra lá no finzinho.

Os Fabelmans

Crítica – Os Fabelmans

Sinopse (imdb): Crescendo no Arizona da era pós Segunda Guerra Mundial, um jovem chamado Sammy Fabelman descobre um segredo de família e explora como o poder dos filmes pode ajudá-lo a ver a verdade.

De vez em quando a gente vê filmes onde os diretores mostram lembranças de sua juventude. Chegou a vez de ver uma história trazendo o que seria um jovem Steven Spielberg.

Mas, antes de entrar no filme, posso fazer alguns comentários sobre o diretor Spielberg? Sou fã do cara desde a minha adolescência. Nos anos 80, o nome Steven Spielberg estava presente em muitos dos bons filmes lançados nos cinemas. Não só ele dirigiu vários filmes importantes, como ET, Caçadores da Arca Perdida, Indiana Jones e o Templo da Perdição e No Limite da Realidade; como também produziu muita coisa, tipo De Volta Para o Futuro, Roger Rabbit, Gremlins, Goonies, Viagem Insólita, Enigma da Pirâmide, Poltergeist, Te Pego Lá Fora… O cara era sinônimo de cinema pop de boa qualidade.

Mas heu me lembro que a crítica não o levava a sério. Tanto que em 1985 ele dirigiu um filme sério, A Cor Púrpura, e o filme foi indicado a 11 Oscars – mas não foi indicado a diretor. E não venceu nenhum dos Oscars.

Heu, moleque, nem dava bola pra crítica, e continuava fã daquele diretor e produtor que continuava fazendo filmes mágicos. Até que em 1993 / 94 parece que finalmente a crítica se rendeu ao talento e genialidade de Spielberg. No Oscar de 94, A Lista de Schindler ganhou 7 Oscars, incluindo dois para o próprio Spielberg, diretor e produtor (ele ganharia mais um de diretor em 99 por Resgate do Soldado Ryan). E não era só isso: em 93 Spielberg tinha lançado dois filmes, o outro era Parque dos Dinossauros, que não só ganhou 3 Oscars, como ainda se tornou a maior bilheteria da história – batendo o próprio recorde, já que até então a maior bilheteria era ET!

(Lembro de uma foto no jornal com Spielberg abraçando dez estatuetas, acho que era uma espécie de “vingança” porque pouco depois dele perder todos os prêmios por A Cor Púrpura, O Último Imperador tinha ganhado nove Oscars. O tempo mostrou que Spielberg seria maior do que isso.)

E por que estou falando isso tudo? Porque pra mim é uma satisfação ver que o cara que heu era fã há 30, 35 anos atrás, hoje é reverenciado como um dos maiores nomes da história do cinema! E, para um fã, ver um filme como Os Fabelmans é uma delícia!

Porque, se a gente parar pra pensar, diferente da maioria dos filmes do Spielberg, Os Fabelmans é meio simples demais. Não temos uma história mirabolante nem efeitos especiais impressionantes, temos uma história simples de um adolescente apaixonado por cinema, e seus problemas comuns a muitos outros adolescentes, como separação dos pais, mudanças de cidade, ou bullying na escola (por causa de anti semitismo). E mesmo assim é uma história emocionante!

Os Fabelmans é inspirado na adolescência do próprio Spielberg – o roteiro foi escrito por Tony Kushner (Munique, Lincoln, Amor Sublime Amor) em parceria com Spielberg – é a primeira vez que ele roteiriza um filme desde Inteligência Artificial, de 2001. Não sei o que realmente aconteceu e o que foi apenas inspirado, mas li no imdb que os filmes em super 8 são recriações de filmes super 8 que Spielberg fez na época.

(O imdb atualizou a página do Spielberg e incluiu 6 curtas que ele fez entre 1959 e 68. Ele começou a filmar aos 13 anos! Quero ver esses curtas!!!)

As cenas das filmagens são deliciosas, assim como as cenas que mostram a exibição dos filmes. Tem alguns detalhes geniais, tipo ele furando o filme para criar os efeitos especiais dos tiros de revólver, ou quando os extras mortos no chão se levantam e correm para deitar em outro lugar enquanto a câmera foca no ator que está em pé.

Lembrando que temos os filmes feitos pelo personagem Sammy, e que tudo isso é filmado pela câmera do Spielberg. E ver um filme dirigido pelo Spielberg sempre é um prazer! A cena onde a Michelle Williams dança é belíssima!

Mas Os Fabelmans ainda tem outras coisas muito boas. Paul Dano, Seth Rogen e o jovem Gabriel LaBelle estão muito bem, mas Michelle Williams está sensacional. Tem uma cena, onde Sammy Fabelman está chateado com a mãe, e ela tenta conversar com o filho, mas Sammy em vez de falar a coloca pra assistir um filminho que ele montou. Não vemos o filminho (a gente já sabe o que tem lá), só vemos a reação da Michelle Williams. Olha, não sei com quem ela vai concorrer, mas temos uma indicada muito forte ao Oscar de melhor atriz!

Ainda no elenco: o fim do filme traz uma divertida participação especial do David Lynch. E essa participação interfere na cena final, justo a cena que termina o filme para começarem os créditos. E essa cena me deixou com um sorriso no rosto!

O Artista do Desastre

Artista do DesastreCrítica – O Artista do Desastre

Sinopse (catálogo do Festival do Rio): A verdadeira história por trás da produção de The Room, um clássico cult chamado de “o Cidadão Kane dos filmes ruins”. Desde seu lançamento em 2003, o filme vem cativando o público no circuito midnight com sua história desconjuntada, atuações dissonantes e diálogos inexplicáveis. Cada faceta do filme impressiona, assim como a misteriosa e magnética performance de seu criador e protagonista, Tommy Wiseau. Este filme reconta a produção a partir das lembranças de Greg Sestero, amigo de Wiseau e co-estrela relutante do longa.

Já escrevi aqui sobre The Room, um filme ruim, muito ruim, tão ruim que chega a ser uma experiência dolorosa. Mal sabia heu que um outro filme me traria vontade de rever aquele filme ruim muito ruim.

O Artista do Desastre (The Disaster Artist, no original) conta os bastidores das filmagens de The Room, e expõe as excentricidades de seu autor, o bizarro Tommy Wiseau. Wiseau é um cara tão estranho, e a história deste filme é tão inacreditável, que parece que tudo foi inventado. Nada disso, o cara existe e a história aconteceu!

Pra quem nunca ouviu falar de The Room: um cara sem talento nenhum resolveu bancar a produção de um filme que ele mesmo escreveu, dirigiu e protagonizou. Claro que o filme é uma grande porcaria – mal escrito, mal dirigido e mal interpretado. Mas ganhou status de cult como um dos piores filmes da história.

E agora ganha um filme-tributo. E este filme-tributo é muito bom!

O Artista do Desastre é a adaptação do livro “The Disaster Artist: My Life Inside The Room, the Greatest Bad Movie Ever Made”, escrito por Greg Sestero, que era o melhor amigo de Wiseau na época do filme. Vemos como começou a amizade entre os dois, e vemos vários episódios bizarros da excêntrica vida de Wiseau.

James Franco foi o “Wiseau” aqui: dirigiu e protagonizou. A diferença é que Franco tem talento. E sua caracterização como Wiseau está excelente! Segundo o imdb, ele não saía do personagem nos intervalos, e continuava falando com o estranho sotaque do Wiseau.

Aliás, o elenco é muito bom. Dave Franco pela primeira vez divide a tela de um longa com seu irmão, interpretando Greg Sestero. Também no (grande) elenco, Zoey Deutch, Alison Brie, Josh Hutcherson, Zac Efron, Megan Mullally, Sharon Stone, Melanie Griffith, Christopher Mintz-Plasse e e Bryan Cranston, e participações de Kristen Bell, Lizzy Caplan, Adam Scott, Zach Braff e J.J. Abrams. Acho que o ponto negativo do elenco é Seth Rogen, interpretando o Seth Rogen de sempre, e que parece que quer aparecer mais do que o filme pede, achei que seu personagem forçou um pouco a barra.

Uma coisa que ficou bem legal foi que recriaram algumas das cenas do filme original, e no fim do filme vemos a tela dividida, com a versão original de um lado, e a refilmagem do outro. Impressionante como aquilo era ruim; impressionante como ficou igual!

O único problema de O Artista do Desastre é que a gente sai do cinema com vontade de ver (ou rever) The Room. E isso é um desserviço à história do cinema. Caí nesta falha, e revi. Só pra constatar que não vale a pena… Fique com as cenas dos créditos, vale mais a pena.

Segundo o filmeB, O Artista do Desastre estreia nos cinemas brasileiros só em janeiro de 2018. É, vamos ter que esperar…

Festa da Salsicha

Festa da SalsichaCrítica – A Festa da Salsicha 

Num supermercado, alimentos esperam a sua vez de serem escolhidos pelos “deuses” (os humanos) – sem saber que seu destino é virar comida.

Não se deixe enganar pelo pôster fofinho. Dirigido por Conrad Vernon (Monstros vs Alienígenas, Madagascar 3, Shrek 2), Festa da Salsicha (Sausage Party, no original) é filme pra adulto. Humor grosseiro, politicamente incorreto, cheio de piadas ligadas a sexo, drogas e religião.

A história foi escrita por Seth Rogen, Evan Goldberg e Jonah Hill. Não custa lembrar que Rogen e Goldberg antes fizeram Segurando as Pontas, É o Fim e A Entrevista – por esses três filmes a gente consegue ter uma ideia do estilo de humor que a dupla curte.

Festa da Salsicha segue esse caminho. Pelo menos tenho que admitir que algumas piadas são muito boas. O chiclete Stephen Hawking foi genial, e ri alto na citação a Exterminador do Futuro.

Mas é pouco. O material daria um excelente curta, mas a ideia perde o fôlego e o filme fica cansativo. E parece que não sabiam como terminar, achei a solução final bem ruim. Além disso, certas coisas não fazem sentido – se o chuveiro tem vida, por que o revólver é um objeto inanimado?

Rogen tem muitos amigos, e com isso o elenco original é excelente: Rogen, Jonah Hill, James Franco, Kristen Wiig, Bill Hader, Paul Rudd, Edward Norton, Salma Hayek, Michael Cera, etc. Pena que a sessão de imprensa foi dublada. Mas desta vez podemos afirmar que houve coerência com a proposta do filme: a dublagem ficou a cargo do coletivo Porta dos Fundos, que não suavizou em nada as piadas. Acho que nunca ouvi tantos palavrões num desenho animado…

No final, o resultado fica devendo, mas vale por ser diferente. Mas prepare-se para o desconforto. Não acredito que alguém consiga assistir a esse filme sem se sentir ofendido pelo menos uma vez.

Steve Jobs

steve jobsCrítica – Steve Jobs

Um retrato do inventor e empresário co-fundador da Apple. A história se desenrola nos bastidores de três lançamentos de produtos icônicos.

Com roteiro de Aaron Sorkin (A Rede Social), a narrativa de Steve Jobs (idem, no original) é interessante. Em vez de uma cinebiografia clássica, onde acompanhamos a vida do biografado, o filme se divide em três momentos: os bastidores dos momentos antes dos lançamentos do Macintosh, em 84, do NeXT, em 88 e do iMac, em 98.

O elenco é muito bom – Kate Winslet acabou de ganhar o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante e ser indicada ao Oscar; Michael Fassbender também concorre à estatueta pelo filme. Também no elenco, Seth Rogen, Jeff Daniels, Michael Stuhlbarg e Katherine Waterston.

Steve Jobs tem alguns problemas. Michael Fassbender é um grande ator, é sempre um prazer vê-lo atuando, mas… Quando vi o filme, não vi o personagem Jobs na tela, só vi o ator Fassbender. Ok, o cara é bom, mas talvez fosse melhor ter um ator menos famoso, pra gente entrar mais facilmente no personagem.

Outro problema é que, como a narrativa só mostra três momentos distintos da carreira de Jobs, algumas coisas ficam sem explicação para quem nunca acompanhou o desenvolvimento da Apple – saí do cinema e fui catar no google mais informações sobre Apple II e NeXT…

Além disso, são muitos diálogos. Cansa ficar duas horas vendo um cara arrogante brigar com um monte de gente. Pelo menos o estilo pop de Danny Boyle ajuda no ritmo, com cortes rápidos, música alta e até projeções nas paredes do cenário.

Mas, no geral, acho que Boyle ainda nos deve algo mais semelhante ao seu início de carreira…

A Entrevista

A EntrevistaCrítica – A Entrevista

Vamos de filme polêmico?

Quando o apresentador e o produtor de um programa de tv sensacionalista descobrem que o ditador norte-coreano Kim Jong-un é fã do programa, eles são recrutados pela CIA para transformar sua viagem até Pyongyang em uma missão de assassinato.

No fim do ano passado a Sony foi atacada por hackers ligados à Coreia do Norte, por causa de um filme que satirizava Kim Jong-un. A liberdade de expressão mais uma vez foi questionada, porque a Sony cedeu e adiou o lançamento do filme, e isso gerou uma grande polêmica.

Claro, a polêmica ajudou a divulgação do filme. E arrisco a dizer que foi muito benéfica, pelo lado do marketing – os produtores do filme ganharam uma enorme propaganda com o caso. Porque o filme, por si só, é fraaaco…

Sempre defendo a incorreção política no humor, assim como sempre ataco as piadas ruins. Pra mim, o humor pode ser ofensivo, mas não pode ser sem graça. A Entrevista (The Interview, no original) é ofensivo – e sem graça.

Escrito e dirigido por Seth Rogen e Evan Goldberg, A Entrevista é mais uma comédia de piadas de gosto duvidoso – como acontece infelizmente muito na carreira de Rogen (pena, simpatizo com ele). Muitas piadas de baixo calão envolvendo órgãos sexuais, além de muitas referências ao “bromance” (será que isso é tendência nos EUA?). Na boa, uma piada sobre enfiar uma cápsula no ânus não é engraçada da primeira vez, repetir a piada não melhora a situação.

O elenco não ajuda. Seth Rogen faz o mesmo “papel de Seth Rogen” de sempre, e James Franco, parece que só está na farra com o amigo em vez de interpretar um papel – Franco e Rogen já trabalharam juntos diversas vezes, como na série Freaks and Geeks e nos filmes Segurando as Pontas e É o Fim – entre outros. Ainda no elenco, Lizzy Caplan, Randall Park e Diana Bang, e participações especiais de Rob Lowe, Eminem e Joseph Gordon Levitt, queimando os próprios filmes interpretando eles mesmos em situações embaraçosas.

Assim, temos um filme bobo, repleto de piadas sem graça. Acho que a única parte interessante é a breve crítica ao sensacionalismo da tv norte-americana. Mas a parte principal – sobre o ditador coreano – é dispensável.

Resumindo: se você quiser humor politicamente incorreto satirizando um ditador norte-coreano, prefira Team America

Anjos da Lei 2

0-Anjos da Lei 2-posterCrítica – Anjos da Lei 2

Uma comédia “bromântica”!

Continuação do Anjos da Lei de 2012. Os policiais Schmidt e Jenko têm uma nova missão: se infiltrarem em uma faculdade, mais uma vez atrás de drogas. O problema é que, em meio à investigação, Jenko conhece sua alma gêmea na equipe de atletismo, e Schmidt começa a questionar a dupla. Em meio aos inevitáveis problemas de relacionamento, eles precisam encontrar um meio de desvendar o caso.

Ok, admito que não curti muito o primeiro Anjos da Lei. É um filme divertido, mas a idade dos atores me incomodou – era um marmanjo de 29 e outro de 31 se passando por garotos de 17 anos.

Desta vez os atores são os mesmos, e ainda estão dois anos mais velhos. Mas, num ambiente universitário, às vezes temos colegas de vinte e muitos anos na mesma aula. Além disso, a idade dos dois protagonistas gera várias piadas ao longo da projeção.

E isso é o melhor de Anjos da Lei 2 (22 Jump Street, no original): o filme não se leva a sério em momento algum. O humor presente no filme é leve, bobo e um com um pé no politicamente incorreto. Algumas cenas são impagáveis, como aquela quando Channing Tatum descobre quem é a namorada de Jonah Hill e sai gritando pela sala, ou a briga final de Jonah Hill contra uma garota. Ah, assim como acontece no primeiro filme, o momento que eles tomam drogas é um dos pontos altos do filme.

A estrutura de Anjos da Lei 2 segue as comédias românticas, mas em vez de ter um casal, são dois amigos – por isso usei o neologismo “bromântico” lá de cima. Aliás, o roteiro é feliz quando usa os clichês de brigas de casal entre os amigos.

A boa química entre o “casal” de atores principais garante bons momentos ao filme, que também conta com Ice Cube, Peter Stormare, Amber Stevens e Wyatt Russell, e pontas de Queen Latifah, Dave Franco e Rob Riggle. Seth Rogen faz uma participação especial em uma rápida cena, justamente a melhor piada do filme, na minha humilde opinião. (Li no imdb que Anna Faris também participa da sequência, mas confesso que não reparei nela).

A direção é dos mesmos Phil Lord e Christopher Miller, dupla que dirigiu o primeiro filme, e que este ano fez o divertido Uma Aventura Lego. O roteiro de Anjos da Lei 2 não é tão maluco quanto o de Lego (escrito pela dupla). Já a cena dos créditos – de longe a melhor parte do filme – foi escrita por Lord e Miller. Não saia do cinema assim que acabar o filme: rola uma sequência com várias piadas sobre possíveis continuações e outros modos de explorar a franquia, como jogos, videogames e desenhos animados.

Ah, último aviso: além da “cena dos créditos”, tem cena “após” os créditos…

Vizinhos

0-vizinhosCrítica – Vizinhos

Um casal com um bebê pequeno tem problemas quando uma fraternidade universitária se muda para casa ao lado.

Seth Rogen está ficando velho, está com 32 anos. Depois de anos fazendo papeis de jovens irresponsáveis, agora ele “mudou de lado” e criou um jovem pai de família que entra em atrito com o tipo que ele interpretava pouco tempo atrás.

Dirigido por Nicholas Stoller (Ressaca de Amor, Cinco Anos de Noivado), Vizinhos (Neighbors, no original) tem até algumas boas piadas – a “festa temática do Robert de Niro” foi uma boa sacada, e toda a sequência do air bag é sensacional. Mas, no geral, as piadas são fracas, muitas delas apelando (sem sucesso) pro lado sexual pra tentar fazer graça. E uma comédia com piadas fracas é uma comédia ruim.

O elenco até que funciona. Seth Rogen interpreta o mesmo Seth Rogen de sempre, mas funciona pra proposta do filme. Zac Efron faz um bom trabalho subvertendo o papel de bom moço que lhe deu fama. Rose Byrne às vezes parece um peixe fora d’água, não acho que ela combina com esse estilo de filme. Ainda no elenco, Dave Franco, Carla Gallo, Lisa Kudrow e um completamente desperdiçado Christopher Mintz-Plasse.

Resumindo: Vizinhos até proporciona alguns risos. Mas no geral, fica devendo.

É o Fim

Crítica – É o Fim

Uma comédia apocalíptica com humor negro e politicamente incorreto onde atores famosos interpretam eles mesmos? Quero ver isso!

Jay Baruchel viaja até Los Angeles para visitar seu amigo Seth Rogen. Lá, eles vão a uma festa na casa de James Franco. Mas durante a festa, começa o apocalipse bíblico!

É o Fim (This is the End, no original) foi escrito e dirigido por Seth Rogen e Evan Goldberg, que também escreveram juntos Segurando as Pontas e Superbad. Eles aproveitaram os amigos e fizeram essa divertida farra.

O grande barato de É o Fim é mostrar atores se sacaneando e interpretando versões caricatas deles mesmos. Eles não poupam nem piadas sobre seus próprios defeitos e fracassos de bilheteria. Aliás, me questiono se eles pensam nas próprias imagens, porque quase todas as piadas do filme são sobre drogas ou sexo… Mas parece que eles não estão preocupados com isso, afinal o elenco é invejável: Seth Rogen, James Franco, Jay Baruchel, Danny McBride, Jonah Hill, Craig Robinson, Emma Watson, Rihanna, Michael Cera, Jason Segel, Chaning Tatum, Christopher Mintz-Plasse e Paul Rudd, entre vários outros.

Claro que o humor nem sempre “desce redondo”. Algumas piadas, além de grosseiras, são sem graça – aquela discussão envolvendo a revista pornô foi desnecessária. Mas, no geral, gostei. É bom saber que o bom e velho humor politicamente incorreto ainda está vivo!

Resumindo: quem gosta de ver gente que não se leva a sério vai gostar. Mas aqueles que preferem comédias mais convencionais devem procurar outro filme.

Ah, um comentário sobre o fim do filme, com spoilers levíssimos: Backstreet Boys não, né?