Quem Fizer Ganha

Crítica – Quem Fizer Ganha

Sinopse (imdb): Com a chegada da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, um técnico precisa de muita dedicação, sorte e empenho de seus atletas para tentar classificar o time de futebol da Samoa Americana, considerada a pior seleção do mundo.

Quem Fizer Ganha (Next Goal Wins, no original) estava na minha lista de expectativas de 2022, por ser o novo filme do Taika Waititi. O filme teve problemas na pós produção e demorou a ser lançado, e ainda por cima foi mal lançado. Um amigo disse que é ruim. Claro que minha expectativa mudou e agora estava lá embaixo.

Mas, não é que curti? Está longe de um Jojo Rabbit (que deu o Oscar de roteiro para Waititi), mas é um filme leve e divertido sobre superação através do esporte.

Um dos problemas da produção foi o personagem Alex Magnussen, que originalmente era interpretado por Armie Hammer. Hammer se envolveu em polêmicas pesadas ligadas a abuso e até canibalismo, então a produção achou melhor trocar o ator por Will Arnett, ou seja, todas as cenas que envolvem o personagem tiveram que ser refilmadas. Não sei o quanto isso atrasou a estreia, mas acho que eles deram mole em não ter lançado perto da Copa do Mundo.

A história contada em Quem Fizer Ganha é muito boa. O time da Samoa Americana entrou na história por ter levado a maior goleada da história das eliminatórias: perdeu de 31 a zero para a Austrália em 2001. E o sonho dos caras não era ganhar um campeonato, mas simplesmente marcar um único gol. Por outro lado, o técnico Thomas Rongen também passava por problemas pessoais e profissionais, quando resolveu assumir o time samoano.

Tem mais: este time tinha uma jogadora trans, Jaiyah, que como estava no meio da transição, ainda podia jogar entre os homens (isso é explicado em um diálogo, em breve ela não poderia mais fazer parte do time). Jaiyah foi a primeira atleta trans a competir em uma eliminatória de Copa do Mundo, e hoje é embaixadora da Fifa pela igualdade.

Uma história dessas merece um filme. Agora, precisamos reconhecer que Quem Fizer Ganha é previsível e usa todos os clichês de “filmes de superação no esporte”.

Todos os filmes do Taika Waititi têm um pé forte na comédia, então claro que Quem Fizer Ganha tem várias cenas engraçadas. O contraste do treinador estrangeiro com toda a calma do povo samoano gera algumas piadas muito boas. Pena que algumas não funcionam, tipo o padre interpretado pelo próprio Taika. Ele como Korg (Thor) ou como Hitler (Jojo Rabbit) funciona melhor.

Por outro lado, Michael Fassbender mais uma vez mostra que é um dos grandes atores em atividade. O seu personagem Thomas Rongen tem camadas, é um cara rabugento e mal humorado, e que aos poucos a gente conhece melhor alguns de seus problemas. Grande ator, grande personagem.

(Para mim, o que enfraqueceu Quem Fizer Ganha não teve nada a ver com o filme. Mas, é difícil a gente não se lembrar de Ted Lasso, onde um técnico “diferente” foi contratado pra treinar um time de futebol. E se Thomas Rongen é um bom personagem, Ted Lasso é ainda melhor.)

No fim do filme, vemos cenas do time real e do treinador real. E tem uma piadinha bem boba no pós créditos.

Quem Fizer Ganha não é um grande filme, mas é um filme divertido e gostoso de acompanhar.

Thor: Amor e Trovão

Crítica – Thor: Amor e Trovão

Sinopse (imdb): A aposentadoria de Thor é interrompida por um assassino galáctico conhecido como Gorr, o Carniceiro dos Deuses, que busca a extinção dos deuses. Para combater a ameaça, Thor pede a ajuda da Valquíria, do Korg e da sua ex-namorada Jane Foster, que – para surpresa de Thor – inexplicavelmente empunha seu martelo mágico, Mjolnir, como Poderoso Thor. Juntos, eles embarcam em uma angustiante aventura cósmica para descobrir o mistério da vingança do Carniceiro dos Deuses e detê-lo antes que seja tarde demais.

E a Marvel continua desenvolvendo o seu cada vez mais complexo universo cinematográfico. A boa notícia aqui é que, se Doutor Fantástico precisava de pré requisitos (quem não viu a série Wandavision deve ter ficado um pouco perdido), este Thor: Amor e Trovão (Thor Love and Thunder, no original) funciona como filme solto – o que o espectador não lembra, aparece o Korg (interpretado pelo diretor Taika) contando.

A direção mais uma vez ficou nas mãos de Taika Waititi, o mesmo do anterior Thor Ragnarok. Taika tem uma pegada forte no humor, todos sabiam que este quarto filme do Thor seria mais uma comédia. Mas a comédia é intercalada por momentos sérios. A história tem algo de drama, temos alguns temas sérios, temos personagem de luto porque perdeu filho, temos personagem com câncer. Conversei com alguns críticos que não gostaram da mistura, mas, na minha humilde opinião, o filme tem um bom equilíbrio entre o drama e a comédia escrachada.

Falei humor escrachado, né? Assim como Ragnarok, Thor: Amor e Trovão é muito engraçado. Traz umas cenas hilárias com o Stormbreaker, o machado do Thor, com ciúmes do Mjolnir. E tem uns bodes que são o alívio cômico perfeito, e que protagonizam a melhor piada do ano no cinema até agora.

Uma coisa me intrigava, que era a Jane Foster como Thor. O roteiro explica o que aconteceu. Se é uma boa explicação, aí não sei. Achei forçada. Mas, pelo menos explica.

Sobre a trilha sonora, queria fazer uma crítica. A trilha sonora é do quase onipresente Michael Giacchino (só este ano, ele já esteve em Batman, Jurassic World e Lightyear), mas nenhum tema dele me chamou a atenção. O que chama a atenção são as músicas de hard rock usadas em algumas cenas impactantes. Todas são boas músicas, todas engrandecem a cena, mas… São QUATRO músicas do Guns’n’Roses! Ok, entendo usar o Guns, tem uma piada envolvendo um dos personagens, mas me pareceu um exagero. Taika não conhece outras bandas de rock? Rainbow in the Dark, do Dio, aparece só nos créditos…

O visual do filme é fantástico, como era de se esperar. Mas teve um detalhe que achei genial. Em um filme muito colorido, determinado momento o filme perde a cor. Fica quase tudo preto e branco, com exceção de alguns detalhes aqui e ali.

Temos um novo vilão, Gorr, o Carniceiro dos Deuses. É um bom vilão, com uma boa motivação, interpretado por um grande ator, Christian Bale (sim, o Batman). Mas, achei ele mal aproveitado, e não gostei do fim que deram a ele. Me pareceu uma oportunidade desperdiçada.

Já que falamos do Christian Bale, bora falar do elenco. Chris Hemsworth parece muito à vontade com o personagem, até perdi a conta de quantos filmes ele já fez como Thor. Temos a volta de Natalie Portman como Jane Foster e Tessa Thompson como Valquíria, mas ambas parecem estar no piloto automático – sorte que o filme não pede muito delas. O diretor Taika Waititi faz a voz do Korg, personagem que tem uma importância grande (afinal, é direção e roteiro dele, né?). Temos participação da galera dos Guardiões da Galáxia: Chris Pratt, Dave Bautista, Karen Gillan, Pom Klementieff e Sean Gunn, e as vozes de Vin Diesel e Bradley Cooper. Russel Crowe faz um Zeus engraçado. Matt Damon, Luke Hemsworth e Sam Neill estavam no Thor Ragnarok, como atores teatrais interpretando Loki, Thor e Odin. Aqui eles voltam, e também temos Melissa Macarthy como Hela. E Elsa Pataky, esposa do Chris Hemsworth, aparece muito rápido como a mulher loba.

Por fim, o tradicional da Marvel: duas cena pós créditos, uma com um gancho para uma provável continuação, outra com uma homenagem bonitinha.

Free Guy

Crítica – Free Guy

Sinopse (imdb): Um caixa de banco descobre que ele é na verdade um NPC dentro de um violento videogame de mundo aberto.

Antes de tudo, uma explicação pra quem não sabe o que é um NPC. É um “non player character”, ou um “personagem não jogável”. Em alguns videogames, você cria o seu personagem, e ele interage com outros personagens que estão no jogo. Alguns são controlados por outros jogadores, enquanto outros são controlados pelo computador. Esses são os NPC.

Dirigido por Shawn Levy (diretor da trilogia Noite no Museu, e que nos últimos anos dirigiu vários episódios de Stranger Things), Free Guy: Assumindo o Controle (Free Guy, no original) parece uma mistura de Show de Truman, Tron, Detona Ralph e mais algumas coisinhas. Às vezes, misturar tudo pode ter cara de cópia – falei disso no texto sobre Gunpowder Milkshake. Mas às vezes a mistura fica boa, e felizmente é o caso aqui. E, ainda sobre as ideias recicladas: o roteiro é de Matt Lieberman e Zakk Penn – este último também é o roteirista de O Último Grande Herói e Jogador Nº1. Ou seja, ele já tinha abordado temas parecidos.

Free Guy é mais um filme que foi adiado pela pandemia. Lembro de ter visto o trailer meses atrás. Agora, finalmente o filme chega às telas.

O modo como o jogo mostra o jogo é genial. É uma cidade com tiroteios, explosões, tanques nas ruas, mas sob o ponto de vista do “morador” da cidade. Isso traz algumas cenas muito engraçadas. Além disso, tem várias coisas acontecendo em segundo plano, tipo um carro que muda de cor porque está sendo personalizado; ou jogadores que ainda não pegaram a manha e seus avatares andam sem rumo; ou avatares fazendo dancinhas. A Free City foi inspirado na Liberty City do GTA, e o jogo também traz elementos do Fortnite.

Acho que o maior mérito de Free Guy está em seu protagonista. Ryan Reynolds criou um personagem sonso e irônico, que se adapta a alguns papeis. Guy parece ser uma versão light do mesmo Deadpool de sempre (papel também parecido com Dupla Explosiva 2, que comentei aqui outro dia). Guy é aquele cara super feliz na vidinha medíocre, enquanto é assaltado e apanha todos os dias. Não consigo pensar num ator melhor pra isso.

Aproveito pra falar do resto do elenco. O outro nome a ser citado é Taika Waititi, que virou uma personalidade importante depois que dirigiu Thor Ragnarok e ganhou Oscar de roteiro por Jojo Rabbit. Ele aqui está caricato ao extremo como o vilão. Sei que foi proposital, mas acho que ele exagerou um pouco, passou do ponto. Também no elenco, Jodie Comer, Joe Keery, Utkarsh Ambudkar, Lil Rel Howery e Channing Tatum num papel pequeno e muito engraçado. Ah, tem um cameo genial, mas não vou falar por causa de spoilers.

Free Guy tem uma segunda parte fora do videogame, com toda uma trama que inclusive explica por que o personagem título age daquele jeito. Afinal, ia cansar se ficasse só nas piadinhas do jogo. Agora, não que essa parte seja ruim, mas senti uma queda de ritmo, prefiro a parte dentro do jogo.

Free Guy estreia semana que vem nos cinemas. Vou voltar com os filhos pra rever!

O Esquadrão Suicida

Crítica – O Esquadrão Suicida

Vou começar lançando a polêmica: será que estamos diante do melhor filme da DCEU?

Sinopse (imdb): Os supervilões Harley Quinn, Bloodsport, Peacemaker e uma coleção de malucos condenados na prisão de Belle Reve juntam-se à super-secreta e super-obscura Força Tarefa X enquanto são deixados na remota ilha de Corto Maltese, infundida pelo inimigo.

Antes de começar, vamos explicar as siglas. A Marvel tem o MCU, o Marvel Cinematic Universe, que é o universo onde estão situados as dezenas de filmes. DCEU é o DC Extended Universe, o paralelo da DC. Não leio HQs, então não posso palpitar sobre qual editora é mais bem sucedida nos quadrinhos. Mas no cinema, nem o mais fanático fã da DC vai deixar de reconhecer a superioridade da Marvel.

(Bem, fãs fanáticos às vezes têm cegueira seletiva, então se o cara é muito fanático ele não vai reconhecer os fatos. Mas isso é assunto pra outro post.)

Em 2016 a gente viu o primeiro filme do Esquadrão Suicida, que teve um trailer excelente, um bom início, mas que depois se perdeu completamente e conseguiu decepcionar quase todo mundo. Até achei que iam desistir do time do Esquadrão Suicida, deixa pra lá, foi uma parada que não deu certo.

Mas aí apareceu um James Gunn no horizonte. Vamos lembrar quem é James Gunn? O cara começou na Troma, produtora de filmes trash, acho que seu primeiro trabalho no cinema foi o roteiro de Tromeu e Julieta, de 1996. Ele tinha uma carreira discreta, com filmes “menores” como Seres Rastejantes (2006) e Super (2010), até que foi contratado pela Marvel pra fazer Guardiões da Galáxia. Só pra dar um exemplo da proporção: o orçamento de Super era de 2,5 milhões de dólares, enquanto Guardiões tinha 170 milhões.

Guardiões da Galáxia era um projeto audacioso. Um filme que se encaixaria nos filmes dos Vingadores, mas era uma aventura espacial com um grupo que tinha um guaxinim e uma árvore, feito por um diretor que começou na Troma. E o resultado foi excelente, um dos melhores filmes do MCU (lembrando que tem um monte de filmes bons no MCU!).

Claro que a moral do James Gunn subiu. Ele fez o Guardiões volume 2, e ia fazer o terceiro – até que resolveram catar uns tweets politicamente incorretos que ele tinha feito anos antes, e a conservadora Disney (como mencionei no texto de anteontem sobre Jungle Cruise) o demitiu.

A Warner então o contratou pra “consertar” o Esquadrão Suicida – afinal, tanto os Guardiões quanto o Esquadrão são grupos de anti-heróis com alguns esquisitões no meio.

Vendo isso, a Disney o recontratou pra fazer Guardiões 3, mas antes ele ainda ia fazer este Esquadrão Suicida antes.

E agora a gente tem um James Gunn livre das restrições da Disney. O Esquadrão Suicida parece uma mistura dos anti-heróis de Guardiões da Galáxia com a violência e o humor politicamente correto do Deadpool. Um filme violento, engraçado, e, principalmente, divertidíssimo!

Antes de entrar no filme, vamos à pergunta: é uma continuação ou um reboot? Na verdade, tem cara de reboot, mas é uma continuação. Alguns personagens do outro filme voltam. Mas não precisa (re)ver aquele, a história aqui é independente.

Uma das poucas coisas boas do primeiro filme foi a introdução dos personagens. Aqui não tem isso, sabemos pouco sobre cada um. Mas sabe que não fez falta? O filme até faz piada com isso.

Falei que o filme era violento, né? MUITO violento. Sem entrar em spoilers, mas muita gente morre no filme. Aliás, essa é uma grande diferença para os filmes de super heróis que a gente está acostumado. Aqui morre um monte de gente, tanto personagens quanto extras. Mas não são mortes dramáticas – apesar de algumas serem bem gráficas – tem tiro na cara, tem cabeça explodindo… O filme tem muito sangue, mas a pegada é humor negro – várias mortes geram gargalhadas.

Um bom exemplo disso é uma sequência muito boa onde rola quase uma competição entre o Idris Elba e o John Cena pra ver quem é mais eficiente matando. E quase todas as mortes são engraçadíssimas. E o encerramento da sequência é inesperado e genial!

Uma coisa que gostei muito aqui é justamente essa imprevisibilidade. O roteiro sai do óbvio várias vezes (característica que também acontecia em Guardiões da Galáxia). Você está vendo a cena, achando que ela vai ter uma conclusão, e o roteiro te dá uma rasteira e mostra outro caminho. Gosto disso, gosto de ser surpreendido por soluções fora do óbvio.

As cenas de ação são muito boas. São várias, com vários personagens, e a câmera sempre consegue mostrar bem a ação. E os efeitos especiais também são ótimos. Falei mal da onça de Jungle Cruise, né? O Tubarão Nanaue aqui é muito mais bem feito. Ok, parece uma ideia reciclada, um novo Groot – inclusive porque ambos são dublados por atores famosos (o Groot é o Vin Diesel; o Nanaue é o Sylvester Stallone). Mas, assim como o Groot é um personagem adorável, digo o mesmo sobre o Nanaue.

Ah, ainda nos efeitos. O filme é entrecortado por intertítulos, como se fossem títulos para cada capítulo. E esses intertítulos são escritos com elementos que estão na cena. Boa ideia. Simples e eficiente.

Claro que ainda preciso falar da trilha sonora. Assim como nos dois Guardiões, a trilha aqui é muito bem escolhida. E, olha só, tem música brasileira no meio!

O elenco é ótimo. Mas, como falei, morrem personagens, então não vou entrar em detalhes sobre cada um, pra não dar indícios de quais são os mais importantes. Pelo star power do elenco, arrisco a dizer que os principais seriam Margot Robbie e Idris Elba, mas o filme divide bem o protagonismo entre todo o time. Tem a Alice Braga, num papel pequeno mas importante, mais um filme fantástico na carreira dela (comentei sobre isso no texto sobre Novos Mutantes). Também no elenco, Michael Rooker, Viola Davis, Joel Kinnaman, Nathan Fillion, Jai Courtney, Sean Gunn, John Cena, Daniela Melchior, David Dastmalchian, Sylvester Stallone, Peter Capaldi e uma ponta do Taika Waititi (pisque o olho e você perderá!).

Se for pra falar mal de alguma coisa, falo do vilão Thinker, interpretado pelo Peter Capaldi. Personagem sub aproveitado. Não estraga o filme, claro. Mas é um personagem besta.

Heu poderia continuar falando aqui, mas chega. O filme estreia hoje, quero rever assim que possível. E recomendo pra qualquer um que goste de se divertir nos cinemas.

Ah, tem cena pós créditos! Fiquem até o fim do filme!

Por fim, só pra confirmar a frase do início. Não dá pra comparar este filme com filmes de fora do DCEU, como Coringa ou a trilogia do Nolan, porque são propostas completamente diferentes. Agora, dentro do DCEU, já tivemos Homem de Aço, Batman vs Superman, Esquadrão Suicida, Mulher Maravilha, Liga da Justiça, Aquaman, Shazam, Aves de Rapina, Mulher Maravilha 84 e o novo Liga da Justiça versão do diretor. Alguns bons, outros maomeno, outros ruins. É, olhando a lista, O Esquadrão Suicida é realmente o melhor até agora.

#pas

Jojo Rabbit

Crítica – Jojo Rabbit

Sinopse (Festival do Rio): O diretor e roteirista Taika Waititi traz seu estilo de humor para o seu mais recente filme, uma sátira da Segunda Guerra Mundial que acompanha um garoto alemão solitário. A visão de mundo de Jojo vira de cabeça para baixo quando ele descobre que sua mãe solteira está escondendo uma jovem judia em seu sótão. Com a ajuda apenas de seu amigo imaginário idiota, Adolf Hitler, Jojo deve confrontar seu nacionalismo cego.

Fico imaginando as reuniões de executivos de estúdio para aprovarem este filme. “Então, vamos bancar uma comédia onde Hitler é um dos personagens principais?” Devem ter sido reuniões tensas…

Escrito e dirigido por Taika Waititi (Thor Ragnakok), Jojo Rabbit (idem, no original) faz humor com um tema delicado. Na Alemanha nazista, durante a guerra, temos um protagonista de dez anos de idade, que tem como amigo imaginário ninguém menos que o próprio Hitler. Acho que muita gente deve ter se sentido incomodada – “será que posso rir disso?”. Mas o filme consegue ser engraçado sem cair no mau gosto. Pelo menos na sessão onde heu estava presente, muita gente riu alto em uma cena onde “Heil Hitler!” é repetido diversas vezes.

Jojo Rabbit consegue te cativar e te fazer rir, pra depois te derrubar de cara no chão. Lembrei do genial curta Ilha das Flores (quem não conhece, tem no youtube). É um humor ágil e rápido, te distrai e coloca um sorriso no seu rosto, pra logo depois jogar a realidade na sua cara como um soco no estômago.

O elenco está muito bem. O garoto Roman Griffin Davis é ótimo, é um nome pra se anotar e acompanhar seu futuro. E é o próprio diretor Taika Waititi quem interpreta Hitler! Também no elenco, Thomasin McKenzie, Scarlett Johansson, Sam Rockwell, Alfie Allen e Archie Yates. A única bola fora é Rebel Wilson, que insiste em repetir o mesmo papel sem graça que sempre faz.

Escolhi poucos filmes no Festival do Rio, mas pelo menos uma delas foi uma escolha excelente. Jojo Rabbit é um dos melhores filmes do ano!

p.s.: Jojo Rabbit foi indicado a seis Oscars, e Taika Waititi ganhou a estatueta de melhor roteiro adaptado! As outras indicações foram melhor filme, atriz coadjuvante, edição, figurino e design de produção.