Lego Batman: O Filme

Lego BatmanCrítica – Lego Batman: O Filme

Bruce Wayne não precisa lidar apenas com os criminosos de Gotham City, mas também com a responsabilidade de criar um menino que ele adotou.

Uma Aventura Lego, lançado três anos atrás, foi uma ótima surpresa e um dos melhores filmes do ano. Por que não repetir a fórmula? O escolhido foi o Batman, que aparece como personagem secundário no filme de 2014. Mas a história aqui não tem nada a ver com o outro filme. É uma trama 100% independente.

A boa notícia é que mantiveram duas coisas que funcionaram muito bem naquele filme: o estilo da animação (parece stop motion – peças de Lego são duras, né?) e o humor cheio de referências (mais uma vez temos muita meta linguagem, além de um monte de personagens de outros filmes).

Outra coisa boa é que Lego Batman não se leva a sério em momento algum (será que foi influência de Deadpool?). Dirigido por Chris McKey (um dos principais diretores da série Robot Chicken), o filme traz piadas que começam ainda antes do início dos créditos. Leve e divertido, este é, na minha humilde opinião (de “não leitor de HQ”), o melhor Batman dos últimos anos.

Vi a versão dublada. Como de costume, a dublagem brasileira está muito boa. Mas, como de costume, quando a gente lê o elenco original no imdb, dá vontade de ver com o elenco original: Will Arnett, Michael Cera, Rosario Dawson, Ralph Fiennes e Zach Galifianakis, entre outros.

Na inevitável comparação, ainda acho Uma Aventura Lego melhor, por causa do final que “explode cabeças” e contextualiza aquele universo. Mesmo assim, Lego Batman é um ótimo filme, desde já candidato ao top 10 2017.

Ouvi um boato que eles pensam agora em um filme do Superman. Tomara, este super herói tem acertado menos que o Batman…

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

birdmanCrítica – Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Outro dia falei de como o cgi mudou o plano sequência. E agora estreia talvez o exemplo mais impressionante (até agora) da história do plano sequência no cinema: Birdman!

Um ator que fez sucesso interpretando um super herói caiu no esquecimento quando se recusou a estrelar o quarto filme com o personagem. Em busca da fama perdida e do reconhecimento, ele decide roteirizar, dirigir e estrelar uma adaptação de um texto consagrado para a Broadway.

O diretor Alejandro González Iñárritu conseguiu um resultado impressionante com o seu plano sequência megalomaníaco que mostra os bastidores de uma peça teatral, num interessante exercício de metalinguagem. Birdman tem quase duas horas (119 min) e é basicamente um único plano sequência – no fim do filme, temos alguns planos curtos, e logo depois volta o plano sequência. Mas o filme não é um plano sequência convencional, existem passagens temporais (mesmo sem cortes visíveis na imagem) – o filme todo se passa ao longo de três dias.

Aliado a este impressionante exercício técnico, temos um ótimo elenco, com atores inspirados. Michael Keaton está impressionante e é candidato fortíssimo ao Oscar de melhor ator mês que vem. Talvez ele estivesse inspirado pelo “fantasma do Batman” – durante o filme inteiro, o protagonista dialoga com o seu alter ego. Edward Norton e Naomi Watts também estão excelentes, mas isso não é surpresa, todos sabem que são grandes atores; quem surpreende é Zach Galifianakis, num papel diferente do “gordo bobão” de sempre. Ainda no elenco, Emma Stone, Andrea Riseborough e Amy Ryan.

A trilha sonora também merece destaque. Quase todo o filme é sublinhado por uma nervosa trilha percussiva – praticamente só se ouve bateria. Detalhe: por duas vezes vemos o baterista ao fundo da cena quando a câmera passa (outro genial exemplo de metalinguagem). E a fotografia ficou a cargo de Emmanuel Lubezki, que ganhou o Oscar ano passado por Gravidade (coincidência ou não, dois filmes dirigidos por mexicanos) . Por fim, os efeitos especiais: não só o cgi ajudou na edição do plano sequência de “cortes invisíveis”, como ainda está presente em detalhes fundamentais da trama, ilustrando o conflito interno do protagonista com o seu alter-ego (e, em uma cena em particular, pra parecer que estamos realmente vendo um filme de super-heróis).

Sobre o gênero, é difícil classificar Birdman. Não é exatamente uma comédia, mas alguns trechos são muito engraçados – a sequência onde Rigman passeia pela Times Square porque ficou preso fora do teatro é hilária! Mas quem for ao cinema esperando uma comédia pode se decepcionar.

Birdman está concorrendo a 9 Oscars: filme, direção, roteiro original, ator (Michael Keaton), ator coadjuvante (Edward Norton), atriz coadjuvante (Emma Stone), fotografia, som e edição de som. Não será surpresa se for o grande vencedor da noite no próximo dia 22.

Por fim: o subtítulo nacional é horrível, mas não é culpa dos tradutores. O nome original é “Birdman: or (The Unexpected Virtue of Ignorance)”.

Muppets 2: Procurados e Amados

0-muppets-2-posterCrítica – Muppets 2: Procurados e Amados

Ueba! Os Muppets estão de volta!

Um empresário propõe aos Muppets uma turnê pela Europa. Mas é uma armadilha: Constantine, o sapo mais perigoso do mundo, toma o lugar de Kermit, que é levado para uma prisão na Sibéria, enquanto a trupe participa – sem saber – de assaltos a bancos.

Uma das coisas mais legais dos filmes dos Muppets é como eles usam a metalinguagem. Sempre brincam com a linguagem da tv e do cinema, e nunca levam uma trama a sério. Aqui, isso fica claro logo na primeira cena, um número musical que diz “estamos fazendo uma sequência, que não deve ficar tão boa quanto o primeiro filme” (ao longo da música, um personagem lembra que na verdade este seria o oitavo filme…). Bem, discordo da música. Muppets 2: Procurados e Amados (Muppets Most Wanted, no original) é, na minha humilde opinião, tão bom quanto o filme de 2011.

Mais uma vez dirigido por James Bobin, Muppets 2 traz tudo o que se espera de um filme dos Muppets. O humor presente aqui, nonsense, ao mesmo tempo bobo e inteligente, tem várias piadas internas e situações absurdas (eles vão de trem dos EUA até Berlim!). E alguns números musicais são ótimos (“I’ll Get You What You Want” é sensacional, tanto a música quanto a cena em si).

Li no imdb algumas pessoas criticando os personagens que brincam com clichês europeus. Discordo, é uma piada. Quem se sentiu ofendido deve ser algum chato politicamente correto.

No elenco principal, temos Caco (aqui chamado de Kermit), Miss Piggy, Fozzie, Gonzo, Animal, Walter e um incontável número de outros Muppets conhecidos. Ah, também temos alguns atores “humanos”. Ricky Gervais me pareceu um pouco forçado; já Ty Burrell, de Modern Family, e Tina Fey, de 30 Rock, estão ótimos, mesmo com papeis mais caricatos.

Ainda sobre o elenco, Muppets 2 tem um número incrível de participações especiais, várias delas aparecendo em apenas uma curta cena: Christoph Waltz, Chloë Grace Moretz, James McAvoy, Tom Hiddleston, Salma Hayek, Lady Gaga, Tony Bennet, Zach Galifianakis, Frank Langella, Toby Jones, Ray Liotta, Danny Trejo, Jemaine Clement, Rob Corddry, Miranda Richardson, Saoirse Ronan, Til Schweiger e Stanley Tucci, entre outros. E Céline Dion faz um dos números musicais – ao lado dos Muppets!

Infelizmente, os Muppets hoje em dia não têm muito espaço na mídia, talvez por serem adultos demais para as crianças, e ao mesmo tempo infantis demais para os pais. Mas, na humilde opinião deste que vos escreve, o humor dos Muppets tem a dose ideal. Pena que poucos pensam o mesmo.

p.s.: “Boa Noite, Danny Trejo” concorre fácil ao prêmio de melhor piada do ano!

Os Muppets

Crítica – Os Muppets

Alvíssaras! Os Muppets estão de volta!

Três fãs dos Muppets convencem o sapo Kermit (antigamente conhecido como sapo Caco) a reunir os ex companheiros, atualmente separados, para recriar o Muppet Show e salvar o teatro da ganância de um milionário do petróleo.

Os bonecos Muppets fizeram sucesso com o Muppet Show, um programa de tv que foi ao ar de 1976 a 1981. Anos depois, veio o desenho animado Muppet Babies, feito entre 1984 e 1990, que os apresentou para outra geração. E ainda tiveram seis filmes, lançados nos cinemas entre 1979 e 1999. Mas há anos não se ouvia nada sobre algo novo relativo aos geniais fantoches – talvez porque o seu criador, Jim Henson, tenha falecido em 1990 (três dos filmes foram feitos depois de sua morte, dois deles dirigidos pelo seu filho Brian Henson).

Aliás, justamente por não ter mais nada a ver com Jim Henson, admito que fiquei com pé atrás quando soube da produção deste filme. Mas tenho que tirar o chapeu: Jason Segel fez um excelente trabalho!

Jason Segel, ator de Eu Te Amo Cara, Professora Sem Classe e da série How I Met Your Mother, já tinha escrito um roteiro, para o fraco Ressaca de Amor. Ele levou a ideia para a Disney, atual dona dos direitos sobre os Muppets, e escreveu (junto com Nicholas Stoller) o roteiro para este filme, também estrelado por ele. E, em vez de parecer uma egotrip de Segel, o novo filme, dirigido pelo pouco conhecido James Bobin, consegue recriar com perfeição o espírito do antigo Muppet Show.

O roteiro tem um bom ritmo, piadas inspiradas (o momento da “edição” é sensacional!) e números musicais bem feitos – e olha que não sou muito fã de musicais. Os personagens são um pouco clichê, mas a gente tem que se lembrar que é um filme Disney, né? Mesmo assim, adorei a música do vilão.

Já falei aqui em outra ocasião que sou fã dos Muppets. O humor é uma perfeita mistura entre o lúdico e o irônico, e assim consegue agradar tanto a criança quanto o adulto. E este novo filme vai exatamente nesta onda: muitas piadas referenciais e muita meta-linguagem – humor pra adulto – em um filme onde a criançada vai se esbaldar com dezenas de fantoches divertidos.

Ah, os efeitos especiais! Preciso falar que era outro dos meus (infundados) medos. Imaginei Muppets em cgi – iam ficar toscos!!! Nada, os Muppets continuam sendo bonecos de pano animados por pessoas. Devem ter efeitos em computador, pra corrigir um detalhe aqui e outro acolá, mas nada que atrapalhe o andamento dos efeitos old school.

O elenco principal, além de Segel e de dezenas de Muppets, conta com Amy Adams, Chris Cooper e Rashida Jones. E, como era tradicional no antigo Muppet Show, muita gente famosa fazendo participações especiais, como Alan Arkin, Zach Galifianakis, Ken Jeong, Sarah Silverman, Neil Patrick Harris, Mickey Rooney, Whoopi Goldberg, Selena Gomez (fazendo piada com a própria idade), Dave Grohl (como o baterista da banda cover “Os Moopets”), Emily Blunt (repetindo o papel de O Diabo Veste Prada) e, last but not least, Jim Parsons, o Sheldon de The Big Bang Theory, como a versão humana do Muppet Walter.

Enfim, heu poderia continuar falando aqui. Mas chega. Prefiro recomendar: vá ao cinema e aproveite que os Muppets estão de volta. Heu pretendo rever antes de sair de cartaz!

p.s.: Acho que a única coisa que não gostei no filme foi terem mudado o nome do Caco. Assim como fizeram antes com o Ursinho Puff (que virou Pooh) e com a fada Sininho (que virou Tinkerbell), agora Caco passou a usar o nome original, Kermit. Fico pensando quando vão mudar Pateta e Tio Patinhas por Goofy e Scrooge McDuck… Proponho uma campanha: que os personagens da Turma da Mônica mantenham os nomes originais em outros países! Quero ver os gringos falando Cascão, Cebolinha e Chico Bento!

Se Beber Não Case Parte II

Crítica – Se Beber Não Case Parte II

Vocês conhecem a expressão: “não se mexe em time que está ganhando”? Pois é o que acontece aqui. O diretor Todd Phillips fez quase uma refilmagem do seu Se Beber Não Case.

Vou repetir a sinopse que escrevi em setembro de 2009: “Quatro amigos vão para Las Vegas Tailândia para a despedida de solteiro o casamento de um deles. Só que, na manhã seguinte, quando acordam no meio de uma ressaca enorme, com um caos no quarto do hotel, descobrem que não se lembram de nada que aconteceu na noite anterior.”

O primeiro Se Beber Não Case foi um grande sucesso de crítica e de bilheteria. Personagens legais, atores com boa química, humor com um pé no politicamente incorreto e situações exageradas e divertidas foram a fórmula exata para uma das melhores comédias dos últimos anos. O problema é que a continuação segue exatamente a mesma fórmula! Tudo ficou meio previsível…

É tudo muito igual. No primeiro filme, são três amigos procurando o noivo. Agora, na continuação, o noivo é outro, mas são os mesmos três que passam o filme procurando. Alguns elementos foram trocados – sai o tigre, entra o macaco; sai o bebê, entra o velhinho. Mas é basicamente a mesma coisa.

A boa notícia é que quem curtiu o primeiro, provavelmente vai gostar desse. Se uma piada é boa, heu gosto de ouvir uma nova versão dela dois anos depois.

Heu admito que gosto de humor politicamente incorreto. Mas Se Beber Não Case Parte II pisa em um terreno perigoso: muitas piadas aqui são de mau gosto. O filme anda nessa linha tênue – como, por exemplo, Quem Vai Ficar Com Mary, dos irmãos Farrely. E, na minha humilde opinião, algumas das piadas passaram da linha da grosseria. Longe de mim defender o politicamente correto, mas algumas piadas foram over.

Sobre o elenco, só podemos elogiar. Bradley Cooper e Ed Helms estão bem, e Zach Galifianakis mostra mais uma vez que é o “esquisitão” perfeito do cinema atual. Ken Jeong ganha um destaque maior nesse filme, e ainda tem espaço pro sempre eficiente Paul Giamatti. Ah, sim, Mike Tyson faz uma participação especial lamentável.

(O macaquinho também merece ser citado, mas não sei se entra como “elenco”. Só sei que ele é responsável por alguns dos melhores momentos do filme.)

Se Beber Não Case Parte II mostra belas paisagens na Tailândia, e outras não tão belas assim no submundo de Bangkok. Foi uma boa opção, para sair das piadas óbvias de Las Vegas e seu lema “what happens in Vegas, stay in Vegas”.

Ainda não existe nada anunciado, mas não vou duvidar que em 2013 apareça uma teveirá parte. Onde será que eles vão, provavelmente na despedida de solteiro de Phil, personagem de Bradley Cooper?

p.s.: Bangkok não é bem retratada no filme. Será que o povo de lá se revoltou como alguns cariocas se revoltaram com Velozes e Furiosos 5?

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Se você gostou de Se Beber Não Case Parte II ,
Um Parto de Viagem
Os Outros Caras

Um Jantar Para Idiotas

Um Jantar Para Idiotas

Crítica – Um Jantar Para Idiotas

Tim ambiciona um cargo mais alto em sua empresa. Para agradar o chefe, ele concorda em participar de um estranho jantar onde cada um tem que trazer um convidado esquisito. Logo depois, ele conhece Barry, que tem como hobby montar dioramas com ratos empalhados, e resolve convidá-lo.

Dirigido por Jay Roach, responsável pela trilogia do Austin Powers e pela série Entrando Numa FriaUm Jantar Para Idiotas é o novo filme de Steve Carell. Por um lado, Carell é talentoso e faz muito bem o que se espera dele; por outro lado, sabemos que ele é careteiro…

A trama é lugar comum, daquelas com a desnecessária lição de moral no fim. Isso cansa um pouco. Mas arrisco dizer que Um Jantar Para Idiotas vale a pena, nem que seja só pelo adorável e ao mesmo tempo odiavel trapalhão Barry de Steve Carell. Carell estava inspirado, e conseguiu construir um personagem cativante mas também insuportável. E os seus dioramas com os ratinhos empalhados também são muito legais.

No resto do elenco, Paul Rudd segura bem o posto de coadjuvante. Mas é Zach Galifianakis quem rouba a cena, nas poucas cenas que aparece – coincidência ou não, sempre junto de Carell. A cena do duelo mental é muito boa! Ainda no elenco, gostei de Jemaine Clement, que faz o bizarro artista plástico Kieran. E Chris O’Dowd, de FAQ About Time Travel, tem um papel pequeno como o espadachim cego.

O que mata é que a produção é “certinha” demais. Como falei antes, o roteiro é previsível e cheio de clichês. Mas quem não se importar em ver um filme assim, pode se divertir com o “mala”.

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Eu Te Amo, Cara
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Um Parto de Viagem

Um Parto de Viagem

Nova comédia de Todd Phillips, o diretor de Se Beber Não Case!

Peter Highman (Robert Downey Jr) está em Atlanta, a negócios, e precisa voltar para Los Angeles para o nascimento do seu primeiro filho. Mas uma série de incidentes o impedem de pegar um avião, ele acaba tendo que pegar carona com o esquisitão Ethan Tremblay (Zach Galifianakis). Peter está prestes a entrar na mais terrível e agonizante viagem de sua vida.

Um Parto de Viagem parece uma releitura do argumento de Antes Só do que Mal Acompanhado (Planes, Trains and Automobiles, filme de John Hughes de 1987), onde Steve Martin e John Candy passam por diversos perrengues para conseguir viajar juntos – e brigam diversas vezes durante o percurso. Mas não se trata de uma refilmagem, as histórias são parecidas, mas diferentes.

O filme foi co-escrito e dirigido por Todd Phillips, que um ano antes nos deu o divertido Se Beber Não Case (com o mesmo Galifianakis no elenco). Os dois filmes têm formatos parecidos – uma “road trip” de homens adultos – diferente da maioria das comédias de hoje em dia, que usam temas adolescentes na onda do sucesso de American Pie e semelhantes. Bem, claro que o formato é semelhante, Phillips tinha uma carreira meia bomba, e alcançou o sucesso com o filme anterior… Mas pelo menos ele conseguiu manter o nível com este novo filme!

Um Parto de Viagem não é tão politicamente incorreto quanto Se Beber Não Case, mas – felizmente – Phillips não virou um “menino comportado”. Afinal, o filme tem seus momentos “errados”, não é todo dia que um adulto de saco cheio bate numa criança pentelha…

O grande mérito de Um Parto de Viagem é a construção dos dois personagens principais. Robert Downey Jr. faz um Peter que tenta fazer tudo certinho, mas está no limite dos nervos e acaba se atropelando; Zach Galifianakis faz um Ethan Tremblay genial, ingênuo e ao mesmo tempo irritante ao extremo, tudo isso exalando uma inocência infantil – ele realmente parece acreditar nele mesmo! O que é legal é que não dá pra torcer por nenhum dos dois…

O elenco ainda traz alguns nomes famosos em papeis menores, como Michelle Monaghan, Jamie Foxx, Juliette Lewis e Danny McBride. Mas o filme é de Downey Jr e Galifianakis. Parece que os outros atores estão lá só por amizade – Downey Jr. fez Beijos e Tiros com Monaghan, O Solista com Foxx e Trovão Tropical com McBride; Juliette Lewis fez antes outros dois filmes com o diretor Phillips, Starsky & Hutch e Dias Incríveis, e estará no próximo, Se Beber Não Case 2.

Um Parto de Viagem não é um dos melhores filmes do ano. Mas é uma boa opção de comédia – talvez uma das melhores comédias do ano…

Operation Endgame

Operation Endgame

Um novo agente começa a trabalhar numa ultra secreta organização, dentro de um bunker em um subsolo, onde trabalham dois times rivais. O chefe é assassinado, e um grupo começa a brigar com o outro.

O elenco deste filme é bem legal. Ok, o ator principal, Joe Anderson, não é um rosto muito conhecido – ele teve papéis secundários em The Crazies – A Epidemia, Across The Universe e The Ruins. Mas, por outro lado, temos Ving Rhames (Pulp Fiction), Rob Corddry (A Ressaca), Ellen Barkin (Vítimas de uma Paixão – cinquentona e ainda bonita), Odette Yustman (Alma Perdida), Maggie Q (Missão Impossível 3, Duro de Matar 4), Zach Galifianakis (Se Beber Não Case), Brandon T. Jackson (Percy Jackson e o Ladrão de Raios), Emilie de Ravin (Lost), Adam Scott e Jeffrey Tambor. Bela seleção de atores!

Pena que o resultado final é decepcionante…

Pra começar, a trama não faz muito sentido. Tudo no roteiro parece desculpa para sangrentas brigas entre os personagens. E tudo soa tão forçado…

(Aliás, falando em forçado, o poster mostra várias pessoas com armas de fogo na mão. Bem, quase não vemos armas de fogo em ação dentro do bunker.)

Outro problema é que o filme não se decide entre ação e comédia. Não é nem uma comédia de ação nem uma ação bem humorada. É algo no meio do caminho. E não funcionou.

Enfim, pode até ser uma boa opção para aqueles dias que estamos sem vontade de pensar muito. Mas fica aquela sensação de que poderia ter sido bem melhor….

Se Beber, Não Case!

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Se Beber, Não Case!

Quatro amigos vão para Las Vegas para a despedida de solteiro de um deles. Só que, na manhã seguinte, quando acordam no meio de uma ressaca enorme, com um caos no quarto do hotel, descobrem que não se lembram de nada que aconteceu na noite anterior.

Sim, tem cara de comédia pastelão besta. Ou então mais um “filme com cara de Judd Apatow” (O Virgem de 40 anos) – comédias bem construídas, mas pouco engraçadas. Mas não – o filme (The Hangover no original) é uma agradável surpresa, muito engraçado e cheio de piadas politicamente incorretas.

A estrutura lembra um pouco Cara, Cadê meu Carro?, onde Sean William Scott e Ashton Kutcher precisam refazer os passos da noite anterior para descobrir onde deixaram o carro. Aqui, os três amigos acordam em Las Vegas e não se lembram de nada que aconteceu na última noite. Só que, diferente do outro filme, em vez do carro, eles perderam o noivo – dois dias antes do casamento!

Um dos trunfos do filme do diretor Todd Philips e dos roteiristas Jon Lucas e Scott Moore é o elenco, de nomes quase desconhecidos. Os três amigos do noivo, Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Alan (Zach Galifianakis), cada um com sua personalidade distinta, são muito bem construídos. A improvável amizade entre os três é responsável por boa parte das piadas do filme.

Os personagens secundários também são legais, e aqui temos pelo menos dois rostos conhecidos. Heather Graham (a Rollergirl de Boogie Nights) faz uma prostituta boazinha, e Mike Tyson – sim, o boxeador – interpreta ele mesmo.

O título em português é que é horrível. Afinal, não tem nada a ver com o enredo do filme… Por que não uma simples tradução: “A Ressaca”?

Na Natureza Selvagem

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Na Natureza Selvagem

Seguindo mais uma sugestão, procurei este belo filme, Na Natureza Selvagem, que conta a história de um anti-herói usando cenários naturais deslumbrantes.

Quem nunca se imaginou chutando o balde e largando a própria vida para tentar uma nova, completamente diferente, em busca de respostas para questões internas?

Christopher McCandless fez isso. Aos vinte e poucos anos, recém formado na escola, abandonou a família, rasgou os documentos, doou todas as economias e saiu de mochila nas costas, sem rumo.

Dirigido pelo ator Sean Penn, Na Natureza Selvagem foi inspirado na história real de Christopher McCandless, que existiu de verdade e fez isso tudo isso de verdade.

Bem, acho que podemos analisar a saga de McCandless por dois ângulos opostos:

– Podemos admirar sua coragem, de largar tudo em busca de um sonho.

Ou…

– Na verdade ele foi egoísta e irresponsável. Um garoto jovem, inteligente, com família, casa, educação, e que joga tudo fora e sai por aí de maneira inconsequente.

(Claro que o filme opta pela primeira opção…)

O filme é um pouco longo (quase duas horas e meia) e o ritmo é lento. Mas em momento nenhum é chato. Pelo contrário, a história é envolvente. A história começa com a chegada de McCandless no Alasca, e a partir daí acompanhamos toda a sua trajetória através de flashbacks.

Como disse antes, os cenários são deslumbrantes. O filme foi inteiramente rodado em locações espalhadas pelos Estados Unidos. E o Alasca, onde a maior parte da trama se passa, foi visitado em quatro diferentes épocas do ano.

Ainda devemos citar a belíssima trilha-sonora composta por Eddie Vedder, que ganhou um Globo de Ouro por melhor canção e chegou a ser indicado ao Oscar de melhor trilha sonora.

O prestígio de Sean Penn conseguiu reunir um ótimo elenco. Emile Hirsch (que logo depois foi o protagonista de “Speed Racer”) chegou a emagrecer 18 quilos para o papel, além de dispensar dublês. Ainda temos no elenco William Hurt, Marcia Gay Harden, Jena Malone, Catherine Keener, Kristen Stewart e Vince Vaughn, entre outros.

Veja o filme e decida se McCandless foi correto e corajoso, ou se simplesmente desperdiçou sua vida…