Pulp Fiction

Crítica – Pulp Fiction

Um curso de cinema me convidou para falar de Quentin Tarantino. Então resolvi rever os seus filmes. Primeiro revi Cães de Aluguel, já falei dele aqui no blog. Depois foi a vez de Pulp Fiction, um dos meus filmes favoritos de todos os tempos!

O filme mostra algumas histórias interligadas, envolvendo uma dupla de assassinos profissionais, um boxeador e a mulher de um chefão do crime organizado.

É difícil resumir a sinopse de Pulp Fiction, que, entre outros prêmios, levou a Palma de Ouro de melhor filme em Cannes. O genial roteiro (ganhador do Oscar de 1995), escrito pelo próprio Tarantino, foge dos clichês comumente usados pelo cinema – inclusive na linha temporal usada, fora da ordem cronológica.

O roteiro é perfeito. Diálogos afiados ao longo das duas horas e meia de filme, e várias cenas imprevisíveis. Uma das coisas que mais gosto em Pulp Fiction é justamente a ideia de distorcer clichês muito usados no cinema. Por exemplo, a cena que acontece depois da perseguição entre Butch e Marsellus é completamente diferente do que qualquer um poderia imaginar. Digo mais: algumas caracterizações, como a dupla Vincent e Jules (John Travolta e Samuel L Jackson), seguem essa onda – aquele visual dos dois é muito incomum!

O elenco é fantástico. John Travolta, Samuel L Jackson, Uma Thurman, Bruce Willis, Tim Roth, Amanda Plummer, Ving Rhames, Eric Stoltz, Rosanna Arquette, Maria de Medeiros, Harvey Keitel, Christopher Walken e o próprio Tarantino (rola até uma ponta de Steve Buscemi como Buddy Holly), entre outros menos conhecidos – e todos estão ótimos.

Ainda tem a trilha sonora, cheia de boas músicas que eram pouco conhecidas antes do filme – e que viraram hits em festinhas na época.

Lembro que, nos anos 90, quando vi pela primeira vez, gostei mais da crueza de Cães de Aluguel. Revendo hoje, digo que prefiro a sofisticação de Pulp Fiction

Heu poderia continuar falando do filme. Afinal, Pulp Fiction foi um marco, muita coisa em Hollywood passou a seguir o estilo criado por Tarantino (filmes como Coisas Para se Fazer em Denver Quando Você Está Morto, O Nome do Jogo e Um Amor e uma 45). Mas chega. Se você não viu, corra e veja. Se já viu, é hora de rever!

P.s.: Posso contar um último “causo” ligado a este filme? Como falei no post “Quem sou heu“, tive uma videolocadora nos anos 90. O nome era “Pulp Vídeo”! 😀

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Se você gostou de Pulp Fiction, o Blog do Heu recomenda:
Bastardos Inglórios
Cães de Aluguel
Um Drink no Inferno

Eles Matam, Nós Limpamos

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Eles Matam, Nós Limpamos

Esta comédia de humor negro nunca foi lançada por aqui em dvd. Heu até tinha o vhs original, mas nem sei que fim levou… Quando achei um site gringo que enviava ao Brasil, encomendei logo!

A colombiana Gabriela (Angela Jones) é obcecada pela morte e por isso consegue um emprego numa firma especializada em limpar cenas de crimes. Ela exulta ao chegar na cena do crime de um famoso serial killer (William Baldwin).

O filme, escrito e dirigido por Reb Braddock em 1996 (aliás, é seu único longa, antes disso fez apenas um curta com a mesma história!), é simples e curto (menos de uma hora e meia), e muito legal.

O casal protagonista é interessante. Angela Jones interpretou um papel praticamente igual em Pulp Fiction, a motorista e táxi igualmente obcecada por mortes. Seu par, um dos irmãos Baldwin, é canastrão como toda a família, mas funciona prefeitamente para o que o filme pede.

Falando na família Baldwin, tirando o mais famoso, Alec, hoje estrela da série 30 Rock, os outros irmãos andam sumidos ultimamente. Mas nos anos 90, tinha um monte de filmes com os dois já citados e também com Stephen e Daniel Baldwin.

E não podemos nos esquecer do genial curta Tarantino’s Mind, que cita a ligação entre os este filme e Pulp Fiction, considerando a personagem de Angela a mesma, só que com nomes e empregos diferentes.

Aliás, falando em Tarantino, que é produtor executivo aqui, no meio do filme rola uma citação genial: Kelly Preston aparece no mesmo papel de jornalista que ela fez em Um Drink Para o Inferno, e cita os irmãos Gecko!

Enfim, uma boa diversão para os fãs de humor negro.

Bastardos Inglórios

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Bastardos Inglórios

Oba! Hoje estreia um filme novo do Quentin Tarantino aqui no Brasil! Isso não acontece desde Kill Bill vol. 2!

Fiquei traumatizado com o que fizeram com o penúltimo filme do Tarantino, À Prova de Morte. Passou no festival de 2007, mas num dia diferente do divulgado, e depois, inexplicavelmente, nunca entrou em cartaz, nem nunca foi lançado em dvd. Heu tenho em dvd original, mas é porque comprei uma edição gringa…

Mas voltemos ao filme novo!

Durante a Segunda Guerra Mundial, na França ocupada pelos nazistas, o tenente americano Aldo Raine (Brad Pitt) é o líder de uma pequena equipe secreta, formada por soldados judeus: os “Bastardos”. O objetivo deles é simples: matar brutalmente nazistas, para espalhar medo entre eles.

Bastardos Inglórios é um filme atípico na carreira do Tarantino. Afinal, até agora ele não tinha feito nenhum filme de época, nem usado personagens históricos. E aqui temos Hitler, Goebbels e até Churchill numa ponta!

Mesmo assim o filme se porta como um “legítimo Tarantino”. Diálogos afiadíssimos, personagens muito bem construídos, violência gráfica na dose certa e trilha sonora cool. E uma das coisas que mais gosto nos filmes dele: situações imprevisíveis.

Uma coisa que Tarantino sabe fazer muito bem é construir expectativas para depois frustrá-las. Quer um exemplo? Se Kill Bill vol 1 tem rios de sangue, Kill Bill vol 2 é muito mais discreto. Algo parecido acontece com o destino de alguns dos personagens e algumas das situações de Bastardos Inglórios. Não, não vai acontecer o que você espera!

Tem outra coisa que senti falta. Tarantino normalmente usa vários atores famosos em papéis inesperados. E aqui não temos muita gente conhecida – pelo menos não tanto quanto em seus outros filmes. Sim, claro, tem o Brad Pitt, e também Diane Kruger, mas paramos por aí. Acho que o único papel “inesperado” é o do Mike Myers (Quanto Mais Idiota Melhor, Austin Powers). Procure bem, senão você não o encontrará! Fora isso, temos as vozes de Samuel L Jackson, Harvey Keitel e do próprio Tarantino, mas só as vozes mesmo.

Bem, o fato dos atores serem menos conhecidos não atrapalha o resultado final do filme. Todos estão excelentes em seus papéis. Inclusive, Christopher Walz ganhou a Palma de Ouro de melhor ator em Cannes este ano pelo seu magnífico coronel Hans Landa.

Tarantino confessou que este filme está para os filmes de guerra como um spaguetti western está para os faroestes. Inclusive, ele pensou em chamar o filme de “Era Uma Vez na França Ocupada por Nazistas“.

O fim é meio estranho, mas não comento mais nada pra não mandar spoilers. Mesmo assim, é um bom filme!

À Prova de Morte

a prova de morte

À Prova de Morte

Já tinha visto À Prova de Morte, do Quentin Tarantino, há mais de um ano. Mas heu estava esperando a ocasião certa para falar dele: o lançamento brasileiro! Bem, isso não aconteceu até hoje, numa das maiores provas recentes da incompetência das distribuidoras nacionais. E agora vemos na mídia um monte de propagandas sobre o lançamento do novo Tarantino, Bastardos Inglórios. Sim, ao que parece, À Prova de Morte não será exibido no Brasil.

Resumindo a história para quem está chegando agora: Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, que antes já tinham feito outros projetos juntos, como o genial Um Drink no Inferno, ou o irregular Grande Hotel, resolveram fazer Grindhouse, uma homenagem aos cinemas vagabundos que passavam sessões duplas de filmes também vagabundos, repletos de violência e sexo. Cada um dos dois dirigiu um filme propositalmente tosco (Planeta Terror e À Prova de Morte), e a ideia era passar os filmes em sessões duplas – eles até convidaram outros diretores para filmarem uns trailers falsos para passar entre os longas.

Lá nos EUA foi assim, mas não funcionou muito bem comercialmente falando, então, para o lançamento mundial, resolveram separar os filmes e exibí-los independentes um do outro. E, aqui no Brasil, inexplicavelmente, só o primeiro filme foi lançado.

Ruim, não? Bem, ainda fica pior. No Festival do Rio de 2007, ambos os filmes estavam programados. Heu reservei minha agenda para vê-los. Mas as poucas sessões de À Prova de Morte foram antecipadas, e perdi a chance de ver no cinema (vi todos os outros Tarantinos na tela grande!). Contei essa história no meu fotolog, aqui.

Quase dois anos depois das únicas sessões cariocas do filme, À Prova de Morte ainda não foi lançado por aqui. Consegui comprar um dvd original importado, com uma amiga que foi aos EUA. E aproveitei pra rever o filme antes do Festival do Rio 2009 começar, semana que vem.

(Já Planeta Terror heu vi no festival, revi quando passou no circuito, e depois comprei o dvd nacional…).

Vamos ao filme? A trama é simples, muito simples: Stuntman Mike (Kurt Russell) é um misterioso ex-dublê que tem um carro “à prova de morte”, e persegue grupos de garotas em diferentes cidades.

O filme tem um grande problema: são muitos os diálogos longos e desinteressantes. Isso torna o filme chato às vezes. Muito papo e pouca ação. Acredito que isso tenha acontecido porque esta é uma versão estendida do filme. Quando rolou a ideia inicial, o filme era mais curto, para ser dentro da sessão dupla Grindhouse. Quando os filmes foram separados, este ganhou uma nova metragem, de quase duas horas. Provavelmente a versão mais curta era mais interessante…

Por outro lado, existe um detalhe genial, não só neste filme, mas em todo o projeto Grindhouse: os filmes têm defeitos incluídos de propósito, justamente para parecerem os tais filmes velhos e vagabundos. Falhas e riscos na projeção, cortes repentinos como se a fita estivesse danificada, cores alteradas… este filme tem inclusive um boa parte em preto e branco, devido a uma destas “falhas”!

No fim, ficamos com a impressão que Rodriguez soube aproveitar melhor a sua chance, Planeta Terror é melhor que À Prova de Morte. Mas este não vai decepcionar os fãs de Tarantino, todos os elementos “tarantineanos” estão lá: muitos diálogos “espertos”, personagens cool, muitas referências pop, e, claro, muitos pés femininos. Pena que a ação é pouca e às vezes o filme fica lento demais…

Planeta Terror

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Planeta Terror

Pra quem não sabe de nada, uma explicacao antes: Quentin Tarantino e Robert Rodriguez resolveram fazer uma homenagem às sessões duplas que rolavam em cinemas poeiras nos anos 70, sempre com filmes vagabundos com roteiros que privilegiavam sexo e violencia gratuitos, não se importando com eventuais erros de continuidade ou falhas no roteiro. O projeto se chamava Grindhouse, e incluía um longa de cada um, e alguns traileres fakes (de filmes que nunca existiram, nem nunca vão existir).

Grindhouse foi lançado assim nos EUA, mas como as sessões ficavam muito longas (mais de 3 horas), resolveram lançar como filmes separados no resto do mundo. O que é uma pena…

Logo no começo da projeção, uma vinheta com cara de anos 70 avisando os traileres. Sim, temos um trailer! Machete, um assassino de aluguel violentíssimo, estrelado por Danny Trejo e Cheech Marin, figurinhas fáceis nos filmes de Rodriguez.

Findo o exagerado e genial trailer (pena que a gente não vai ver o filme), outra vinheta anunciando “our feature presentatio”, Planet Terror!

A historia de Planeta Terror é simples. Um gás venenoso transforma pessoas em zumbis comedores de carne humana. Um grupo forma uma resistência contra os zumbis, e ainda tem que lutar contra militares com motivos para manter o gás.

Mas a história é o menos importante aqui. O que vale é o formato. E um formato cheio de falhas na projeção, com riscos na tela e alterações nas cores. Tudo proposital, claro, pra fazer de conta que a copia do filme é muito velha e surrada. Aliás, no meio da projeção, uma destas “falhas” arrebenta um dos rolos do filme, e perdemos uma parte da história! E perdemos algo importante – de propósito!

Além das falhas, o roteiro é cheio de deliciosas situações caricatas muito engraçadas, como o cientista que coleciona testículos dos seus adversários, ou a médica anestesista com pistolas de seringas, ou ainda o mocinho com mira perfeita andando numa moto miniatura para criancas.

O elenco é otimo. Os televisivos Rose McGowan (Charmed) e Freddy Rodriguez (Six Feet Under) fazem o casal principal, e ainda temos Josh Brolin, Marley Shelton, Naveen Andrews (o Sayid de Lost), Michael Biehn e Stacy Ferguson, além do próprio Tarantino e um não creditado Bruce Willis. Todos eles exercitando ao máximo suas canastrices!

Robert Rodriguez é um gênio sem par em Hollywood. Ele dirige, escreve o roteiro, produz, edita, faz a fotografia e a trilha sonora e ainda trabalha nos efeitos especiais. E não é só isso: o cara tem duas carreiras paralelas. Além dos filmes para adultos (como Sin City e Era uma vez no Mexico), ele ainda faz filmes infantis, como Shark Boy & Lava Girl e a série Pequenos Espiões. Como ele consegue tempo pra isso tudo? Não sei, mas sei que Hollywood ia ser menos divertida se não existissem caras como ele…

O filme é violento e muito escatológico. Não é recomendado para estômagos fracos! Mesmo assim, divertidíssimo. Vários momentos são ao mesmo tempo muito violentos e muito engraçados!

Pena que era pra ser sessão dupla… E À Prova de Morte, a segunda parte de Grindhouse, dirigida pelo Tarantino, inexplicavelmente nunca foi lançada aqui no Brasil…

p.s. – ATUALIZAÇÃO – À Prova de Morte foi lançado no circuito brasileiro em julho de 2010 – três anos de atraso!!!

E estão fazendo um longa Machete! 😀

Cães de Aluguel

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Cães de Aluguel

O ano era 92. Algumas pessoas começavam a comentar sobre um filme ultra-violento que estava passando em algumas salas da cidade, dirigido por um ex balconista de videolocadora. Falavam de um ritmo diferente, porque o filme usava o “tempo real” e muitos flashbacks.

Fui ver o filme. E posso dizer que a história do cinema começou uma nova era…

O filme trata de um assalto a uma joalheria. Começa com tudo dando errado, e vai mostrando com flashbacks quem são aqueles homens, todos de terno preto, e como eles chegaram lá.

Além dos ternos pretos, todos têm nomes de cores – Mr. Pink. Mr. White, Mr. Blonde, Mr. Orange, Mr. Blue e Mr. Brown. Aos poucos vemos como eles foram recrutados para o assalto, e quem é cada um. E, também aos poucos, as tensões vão crescendo entre os violentos assaltantes e suas convicções, até o apoteótico fim – do qual é melhor não falar nada, porque nem todo mundo viu o filme…

Todos os diálogos do filme são geniais. Logo no início, o próprio Quentin Tarantino, diretor, roteirista e ator, protagoniza o hoje famoso “Madonna Speech”, onde explica a sua interpretação sobre a música Like a Virgin, da Madonna…

O filme é muito violento, rola muito sangue, mas não de uma maneira “splatter”. Parece real, tanto que um paramédico foi contratado pra acompanhar o sangramento de um dos personagens ao longo do filme.

O elenco está muito bom. Harvey Keitel era o único grande nome na época, e está ótimo ao lado dos geniais Steve Buscemi e Tim Roth. O quase sempre canastrão Michael Madsen funciona muito bem, ao lado do Chris Penn, que antes disso só tivera um filme que merece registro, como o amigo (magro!) do Kevin Bacon em Footloose.

Se antes do filme o diretor Quentin Tarantino era apenas um atendente de videolocadora, depois ele virou hype. Vendeu dois roteiros: Amor À Queima Roupa, do Tony Scott; e Assassinos Por Natureza, do Oliver Stone (segundo o que se diz, Oliver Stone teria mudado muito o roteiro original, por isso Tarantino pediu para ter seu nome excluído dos créditos); e depois fez Pulp Fiction.

Pulp Fiction merece um parágrafo! Se Cães de Aluguel é a violência crua, Pulp Fiction é a violência estilizada. Ganhou Oscar de melhor roteiro e Palma de Ouro de melhor filme em Cannes. Ressucitou carreiras adormecidas e mais uma vez revolucionou a estrutura dos filmes, não colocando o roteiro numa ordem cronológica. Genial, genial, genial. Outro dia falo dele aqui.

Cães de Aluguel é um filme obrigatório. Quem não viu, corra e compre um nas prateleiras de R$ 9,90 das grandes lojas. Quem viu, tá na hora de rever!

Curiosidade final: afinal, o que são os “reservoir dogs”? Durante o filme, o bando nunca é citado com esse nome, que só aparece nos créditos iniciais. Na verdade, na sua época de videolocadora, Tarantino gostou do título do filme Au Revoir Les Enfants (Adeus Meninos), do Louis Malle. Gostou do som desse nome, mas não conseguia falar direito o francês, então se enrolava falando “Au Reservoir Les Enfants“. Gostou tanto que resolveu dar o nome pro seu bando…

Um Drink No Inferno

Um Drink No Inferno

Revi neste fim de semana o genial Um Drink No Inferno, roteiro do Quentin Tarantino e com Robert Rodriguez na direção. Disse e repito: genial!

Sei que poucas pessoas desconhecem este filme, mas mesmo assim preciso avisar:

SPOILERS ABAIXO!

SPOILERS ABAIXO!

SPOILERS ABAIXO!

SPOILERS ABAIXO!

Heu achava que TODO MUNDO sabia da grande reviravolta que tem no meio do filme, até que descobri que a Garotinha Ruiva não sabia…

Bem, o fato é que são dois filmes em um, o que apenas reafirma a genialidade do projeto.

Dois irmãos, Seth (George Clooney) e Ritchie Gecko (Tarantino), assaltantes de banco, estão em fuga, indo pro México, e matando qualquer um, civil ou policial, que entrar no caminho. Perto da fronteira encontram a família de um ex pastor (Harvey Keitel), e usam como reféns para cruzar a fronteira.

E – de repente – o filme vira um filme de terror trash de vampiros. Mais: um ótimo trash!

Numa entrevista, Rodriguez e Tarantino explicaram: estamos familiarizados com aquele grupo de pessoas, os dois irmãos e a família sequestrada. Eles apenas estão indo pro México, fugindo da polícia. Eles não têm idéia de que aquele lugar é um antro de vampiros! Então, quando os vampiros gritam “dinner time”, aquilo é uma surpresa – para os personagens e também para o público!

Não conheço outra reviravolta mais bem feita na história…

Só pra falar mais uma curiosidade sobre o filme: o motoqueiro Sex Machine é interpretado por Tom Savini, mestre dos efeitos especiais da trupe do George Romero!

Sukiaki Western Django

Sukiaki Western Django

O Festival acabou. Mas na semana seguinte sempre rola uma repescagem, alguns dos filmes que rolaram antes têm novas reprises.

Então resolvi ver Sukiaki Western Django, faroeste japonês com o Quentin Tarantino no elenco. Quando passei os olhos pelos 350 filmes da programação, não reparei nesse…

Claro que a primeira coisa que chama a atenção é a participação do Tarantino no elenco. Mas sabe que isso é o menos importante no filme? Ele faz apenas três cenas, caricatas ao extremo, e por um certo ponto de vista até dispensáveis. Bem, pelo menos estas cenas não atrapalham…

Num Japão com cara de faroeste, uma cidade quase fantasma é dividida por um briga entre duas gangues: os brancos e os vermelhos. Um pistoleiro solitário e extremamente habilidoso aparece e é disputado pelas gangues.

Todos os clichês de filmes de bangue bangue estão presentes. Brigas pelo poder, com muitos tiroteios e muito sangue, mas tudo num clima meio exagerado, meio estilizado. O que torna o filme um belo espetáculo visual.

Só acho que o filme não apresentou nenhuma novidade – no mesmo festival vi um western coreano! Ok, os filmes são diferentes, o japonês é muito menos comercial que o coreano. Mesmo assim, heu esperava algo mais. Além do mais porque o diretor Takashi Miike resolveu usar a “grife Tarantino”…

Mesmo assim, pode ser um belo espetáculo visual!

Hell Ride

Hell Ride

Depois de À Prova de Morte, Quentin Tarantino produziu este Hell Ride, sobre gangues de motociclistas.

O filme prometia: produção de Tarantino e nomes como Michael Madsen, Dennis Hopper, David Carradine e Vinnie Jones? São elementos suficientes para um bom filme B na linha “grindhouseana”.

Prometia. Mas o ego do diretor / roteirista / ator principal Larry Bishop não deixou sair da promessa…

O fiapo de história fala da gangue de motociclistas Victors, e seus negócios e rivais. Mas é tudo muito forçado, Larry Bishop tenta copiar o estilo de Tarantino, mas sem o talento deste. Então o que podia ser “cool” fica simplesmente chato – ou mesmo ruim.

Ok, temos violência desnecessária e nudez gratuita, o que, num filme desses, melhora bastante a situação. Mas bem que o formato final podia ser mais bem cuidado…

Tarantino, cuidado com este tipo de discípulo!