Robocop – O Policial do Futuro

Crítica – Robocop – O Policial do Futuro

O “nosso” José Padilha (Tropa de Elite) está em Hollywoood trabalhando na refilmagem de Robocop – O Policial do Futuro. Resolvi então rever o original, de 1987.

Num futuro próximo, Detroit é controlada  por uma grande companhia, a OCP, que resolve criar um robô, o ED-209, para combater a elevada criminalidade que atua na cidade. Quando o projeto dá errado, a OCP tenta um outro projeto, o Robocop, um robô feito a partir de um policial dado como morto.

Clássico dos anos 80, Robocop é uma ficção científica policial dotada de uma violência cruel e sarcástica, incomum pros padrões hollywoodianos da época. Talvez isso seja o que faz o filme ser interessante ainda hoje, mais de vinte anos depois.

Robocop é um dos bons filmes da fase americana do diretor holandês Paul Verhoeven, fase que rendeu alguns filmes excelentes, como Conquista Sangrenta e O Vingador do Futuro, mas que também teve filmes de qualidade questionável, como Instinto Selvagem, Tropas Estelares e O Homem Sem Sombra (além de um filme de qualidade inquestionável: Showgirls, mas, neste caso, trata-se de falta de qualidade… 😉 ). Bem, sou suspeito, gosto de todos. Enfim, Robocop está junto com os dois primeiros que citei, na galeria dos grandes filmes de Verhoeven.

Verhoeven já tinha mostrado em Conquista Sangrenta o seu estilo de violência. Robocop segue a mesma linha, e traz várias cenas antológicas, como por exemplo o ED-209 falhando na sala da diretoria da OCP, ou o Robocop pegando um bandido com um tiro através das pernas da vítima, ou ainda o vilão saído do lixo tóxico.

O roteiro, escrito por Edward Neumeier e Michael Miner, traz uma fina ironia – as cenas são coladas por jornais na tv, sempre trazendo notícias sobre violência e sobre a degradação do planeta. A boa trilha sonora orquestrada de Basil Poledouris é outro destaque.

No elenco, o hoje sumido Peter Weller tem o melhor papel de sua carreira, ao lado de Nancy Allen, Miguel Ferrer e Ronny Cox. E o que achei mais curioso foi ver Kurtwood Smith, o pai do protagonista Eric Forman nas oito temporadas de That 70’s Show, no papel do cruel chefe dos vilões.

Robocop teve duas continuações (em 90 e 93). Vi na época dos lançamentos nos cinemas, e lembro que não gostei. Mas um dia hei de dar uma segunda chance para a parte 2, dirigida por Irving Kershner (O Império Contra-Ataca) e com roteiro de Frank Miller (Sin City).

E aí fica a pergunta: precisava de uma refilmagem? Bem, na minha humilde opinião, nenhum grande filme precisa ser refilmado, e este é o caso de Robocop. As únicas coisas que “perderam a validade” são os efeitos em stop motion do robô ED-209 e os penteados femininos oitentistas – o resto do filme ainda está atual.

Mas, enfim, Hollywood gosta de refilmagens. Tomara que José Padilha faça um bom trabalho, talento para isso a gente sabe que ele tem.

The Big Bang

The Big Bang

Com edição ágil, personagens cool e efeitos especiais legais, lembrando o estilo do Guy Ritchie, The Big Bang é uma agradável surpresa.

O detetive particular Ned Cruz (Antonio Banderas) está sendo interrogado por três policiais, que querem saber por que todos que cruzaram o seu caminho nos últimos dias – desde que ele começou a procurar uma stripper – apareceram mortos.

The Big Bang foi dirigido por Tony Krantz, que não tem muita experiência como diretor, mas está desde o fim dos anos 90 produzindo filmes e séries. Gostei desse filme, vou procurar os outros dois que ele dirigiu…

O elenco de The Big Bang não tem nomes “arrasa quarteirão”, mas é acima da média: Antonio Banderas, Sienna Guillory, Autumn Reeser, Thomas Kretschmann, William Fichtner, Delroy Lindo, Sam Elliott, James Van Der Beek, Jimmi Simpson, Rebecca Mader, Snoop Dogg e o grandalhão Robert Maillet.

(Aliás, como estão bonitas Sienna Guillory e Autumn Reeser! E a cena da nudez de Reeser mostra que nem sempre a nudez precisa ser gratuita…)

O roteiro é bem construído e faz bom uso dos flashbacks. Toda a história é contada por Cruz, que vai revelando aos poucos os detalhes da trama. E a cereja do bolo são os efeitos especiais, simples e bem colocados, usando referências à física. Muito legal!

The Big Bang não tem pretensões de ser um grande filme, e isso é positivo. O resultado final é um aprazível filme “moderninho”.

Pelo que li no imdb, The Big Bang ainda não foi lançado, mas já existe para download. Curioso, não?

Ichi The Killer

Ichi The Killer

Tardiamente, vi o famoso Ichi The Killer, um dos melhores filmes japoneses da década que acabou de terminar.

Baseado no mangá de Hideo Yamamoto, Ichi The Killer começa com o desaparecimento do gangster Anjo, um dos chefes da Yakuza, juntamente com três milhões de yenes. O fiel capanga Kakihara começa a procurar por ele, mas seus homens sempre acabam esbarrando em Ichi, um misterioso e exímio assassino que está matando os membros da Yakuza, um a um.

Ichi The Killer é muito interessante por fugir dos padrões hollywoodianos. Ultra-violento, não é para qualquer estômago. Mas quem souber apreciar, é um filmaço!

Uma das coisas mais legais do filme é a construção dos dois personagens principais. O masoquista Kakihara é um vilão sensacional, o cara não tem limites, o prazer dele é causar dor e sentir ainda mais dor, e sua grande razão de viver é encontrar o assassino que vai derrotá-lo. Arrisco a dizer que o Coringa de Heath Ledger em Batman Cavaleiro das Trevas tem algo de Kakihara (inclusive na boca deformada). E o anti-heroi Ichi, violento, perturbado, reprimido sexualmente, é completamente imprevisível. Não posso falar mais dele, senão estraga. (E ainda tem o Jijii, outro que guarda uma grande surpresa.)

Ichi The Killer é muuuito violento. Muito sangue, muito gore, tortura, estupro, corpos despedaçados, tudo isso é frequente na tela. Mas nada é gratuito, tudo funciona dentro da trama. Digo mais: muitas vezes o gore vem junto com cenas engraçadas! E os efeitos especiais funcionam bem – sabe aquela surpresa que falei sobre o Jijii? É cgi! A parte toda da violência gráfica está perfeita.

O diretor Takashi Miike faz MUITOS filmes. O imdb conta 83 títulos entre 1991 e 2011. Só em 2001, ano de Ichi The Killer, Miike fez sete filmes! Preciso acompanhar mais a sua carreira, confesso que estou defasado, acho que, no cinema, só vi Sukiaki Western Django. Já baixei Audition, e vou procurar Chakushin Ari – que foi refilmado em Hollywood com o nome Uma Chamada Perdida.

Os Outros Caras

Os Outros Caras

Com a morte de dois policiais herois, outros dois policiais querem os holofotes. O problema é que eles não levam muito jeito para serem estrelas – Terry Hoitz (Mark Wahlberg) carrega um erro enorme no currículo, enquanto Allen Gamble (Will Ferrell) é um grande medroso.

Dirigido por Adam McKay, especialista em comédias bobas com Will Ferrell, Os Outros Caras (The Other Guys no original) é uma boa surpresa: trata-se de uma divertida comédia policial. A parte “ação” é muito bem feita, boas cenas de perseguições de carros, bons tiroteios. E a comédia tem algumas sacadas bem legais.

Um dos destaques do filme é Will Farrell. Sim, por incrível que pareça, o ator com cara de bobão que “cometeu” o lamentável Terra Perdido funciona perfeitamente aqui. Mark Wahlberg também não é reconhecido por seus dotes como ator, mas pelo menos tem alguns títulos legais no currículo, como Boogie Nights e Rock Star. E ambos estão ótimos juntos, rolou uma boa química com a típica dupla de filmes onde um não tem nada a ver com o outro.

O resto do elenco ainda tem alguns nomes legais, como Michael Keaton, Ray Stevenson, Steve Coogan e Eva Mendes, além de participações mais que especiais de Samuel L. Jackson e Dwayne Johnson.

O roteiro traz algumas situações muito engraçadas. Mas não é 100%, alguns momentos são bobos, como, por exemplo, o namoro de Gamble usando a sogra de pombo correio. Desnecessário…

Segundo o imdb, a previsão de lançamento para Os Outros Caras aqui no Brasil era pra ser em 8 de outubro. Estamos no meio de novembro, e nada ainda… Sorte que existe o torrent!

Tiras em Apuros

Tiras em Apuros

Epa! Como assim, tem filme novo do Kevin Smith já nas locadoras brasileiras, e heu nem sabia?

Em Tiras em Apuros (Cop Out no original), os policiais Jimmy (Bruce Willis) e Paul (Tracy Morgan) são suspensos por indisciplina. Precisando de dinheiro, Jimmy resolve vender um card raro de baseball. Mas o card acaba roubado, e agora Jimmy precisa recuperá-lo para pagar o casamento da filha.

Tiras em Apuros tem um grande problema: Tracy Morgan. Ele é um ator limitadíssimo, só funciona bem em papéis de paródia, como é o caso da série 30 Rock. Lá ele tem um papel que funciona justamente porque é caricato. E aí vem o segundo problema: fica difícil de “comprar a ideia” de Morgan como parceiro de Bruce Willis.

Mas, se a gente “compra” tudo isso, Tiras em Apuros é até divertido!

Kevin Smith conseguiu fazer um filme com cara das comédias de ação dos anos 80. Chamou até o Harold Faltermeyer, autor do tema de Um Tira da Pesada, para fazer a trilha sonora. Se o Tracy Morgan tivesse o talento do Eddie Murphy, Tiras em Apuros seria um novo clássico!

O filme traz outra coisa divertidíssima: apesar de ser a primeira vez que Kevin Smith não filma um roteiro seu (o filme foi escrito por Mark Cullen e Robb Cullen), o filme traz várias referências a outros filmes. Paul vive querendo fazer homenagens a filmes famosos, e muitas frases são usadas por seu personagem. E uma das melhores piadas do filme está na genial sequência inicial de homenagens, quando Paul grita “Yippie-ki-yay, motherfucker!” (frase clássica da série Duro de Matar), e Jimmy fala que não conhece este filme…

Sinto saudades do Kevin Smith do início de carreira. O Balconista, Barrados no Shopping, Procura-se Amy, Dogma, O Império do Besteirol Contra-Ataca, O Balconista 2… Acho que Jay e Silent Bob poderiam aparecer rapidamente em seus novos filmes, como uma homenagem aos velhos tempos. Mas isso ficou pra trás. Inclusive, só o Jason Lee está no elenco, não tem nem o Jason Mewes, nem o Ben Affleck…

Pelo menos é mais divertido que Pagando Bem, Que Mal Tem!


Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro

Tropa de Elite 2- O Inimigo Agora é Outro

Estreou a continuação do excelente Tropa de Elite – simplesmente um dos melhores filmes da história do cinema nacional. E a pergunta é: é bom como o primeiro? Felizmente, sim!

O Capitão Nascimento agora é o Tenente Coronel Nascimento, e está no comando de uma operação durante uma rebelião no presídio de segurança máxima Bangu 1. A rebelião acaba como o BOPE nos ensinou: bandido bom é bandido morto. Mas, em ano de eleição, os direitos humanos caem em cima do BOPE, e Nascimento é afastado, só que “para cima”: vai trabalhar na Secretaria de Segurança Pública. Trabalhando em escritório, Nascimento descobre que – como diz o título – “o inimigo agora é outro”.

O filme é muito bom. Tecnicamente perfeito, excelentes atuações, roteiro redondinho, tensão do início ao fim. Fiquei me questionando por que não são feitos outros filmes nacionais com essa qualidade…

Ainda a parte técnica: o diretor José Padilha, o mesmo do primeiro filme, voltou para Tropa de Elite 2. Gosto quando o mesmo diretor volta para a continuação, quase sempre isso é sinal de boa qualidade. Isso acontece aqui: assim como no primeiro filme, em Tropa de Elite 2 não existem os problemas técnicos tão comuns em filmes brasileiros.

Depois do primeiro filme, o Capitão Nascimento virou uma lenda urbana no Brasil, porque sua filosofia é radical: bandido tem que morrer. O povo brasileiro, cansado de ver a bandidagem se dar bem, aprovou os métodos do Cap. Nascimento. Rolaram várias listas na internet com fatos exagerados, na linha daqueles “Chuck Norris facts”. Agora, Nascimento ataca políticos corruptos ligados à milícias. Caramba, um cara desses tinha que ser real. O inimigo do segundo filme é ainda pior que o do primeiro!

(Curioso este filme ser lançado em época de eleição. Mas ainda acho que deveria ter sido lançado um pouco antes, afinal, os deputados e senadores já foram eleitos…)

Wagner Moura brilha novamente como o mais durão de todos os policiais. Seu Tenente Coronel Nascimento passa credibilidade no lado humano, o que faz o nosso heroi ser ainda mais importante. E alguns atores do filme original também estão de volta, como André Ramiro, com o agora Capitão Mathias, numa atuação mais dura do que no primeiro filme; e Milhem Cortaz, como o covarde Coronel Fabio. E o filme ainda traz novos personagens muito bons, como o ativista de direitos humanos Fraga (Iradhir Santos), um verdadeiro antagonista para Nascimento em vários sentidos; e o caricato apresentador de tv Fortunato (André Mattos).

Claro que o filme traz novos bordões que deverão cair na boca do povo, como aconteceu no primeiro filme (“tá com medinho, zero dois?”, “pede pra sair!”). Heu gostei da nova definição de CPMF: Comissão do Policial Militar Filhodap#$@ta…

O lançamento do primeiro filme foi envolto em uma grande polêmica, porque vazou uma cópia em dvd, e muita gente viu o filme antes de ser lançado nos cinemas. Desta vez, não só não vazou, como o filme está tendo sessões lotadas – ontem, sábado, segundo dia de exibição, comprei pela internet dois ingressos para uma sessão seis horas depois, e a sala estava quase esgotada…

(Aliás, um comentário: o filme começou 19 minutos e meio depois do início da sessão. 19 minutos e meio de muitas propagandas e alguns trailers! E olha que paguei pelo ingresso!)

Determinado momento do filme joga uma indireta que uma possível parte 3 (se é que vai ter parte 3) pode ser em Brasília… Será?

Filmaço, parceiro!

Federal

Federal

Um filme policial nacional, com Carlos Alberto Riccelli, Eduardo Dussek e Michael Madsen no elenco? Opa! Tô dentro!

(Na verdade, o filme também é estrelado por Selton Mello. Mas, diferente dos três citados aí em cima, Selton não é novidade nenhuma no cinema nacional. Ele é o cara, e tá em todas, né?)

Dani (Selton Mello) e Vital (Carlos Alberto Riccelli) lideram um grupo de elite do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal de Brasília, para caçarem o playboy e traficante Beque Batista (Eduardo Dussek).

Dirigido por Eryk de Castro, Federal tem seus méritos, mas também tem seus defeitos. Dá pra ver que se trata de uma produção modesta, as cenas internas são mal iluminadas, a câmera às vezes treme um pouco…

Mas, na minha humilde opinião, os méritos são maiores que os defeitos!

Os atores estão muito bem. Selton Mello apresenta a eficiência de sempre, e Carlos Alberto Riccelli, cinquentão, está em ótima forma. Roberto Cano e Christovam Netto, os outros dois policiais que acopanham Selton e Riccelli, também mandam bem. Michael Madsen aparece pouco, e é o que se espera. Aliás, na cena do avião, ele solta uma frase muito boa e politicamente incorreta sobre as mulheres brasileiras.

Mas as melhores frases de efeito politicamente incorretas estão com Eduardo Dussek. Tem uma cena onde ele fala coisas como “no Brasil, as leis servem para ajudar os bandidos” e “aqui tem carnaval o ano todo (pra gente vender as drogas)”. Genial! Parabéns aos roteiristas pelos excelentes diálogos!

A parte técnica – defeito comum em boa parte da produção nacional – também não decepciona. Ok, o filme tem orçamento pequeno. Mas temos várias tomadas aéreas pela cidade e todos os tiroteios são convincentes.

Para os fãs de rock nacional 80: Philippe Seabra, ex Plebe Rude, trabalha na trilha sonora. E rola uma “cena homenagem”, onde dois policiais estão num carro, ao som de “A Ida”, da Plebe, e um fala para o outro “sangue e porrada na madrugada” (de “Vida Bandida”, do Lobão), enquanto o outro responde “polícia para quem precisa” (de “Polícia”, dos Titãs).

Enfim, boa opção na programação do Festival, e, esperamos, em breve no circuito!

Repo Men

Repo Men

No futuro, qualquer órgão do seu corpo poderá ser trocado por um artificial. Mas, no caso de falta de pagamento, este órgão poderá ser retirado de você por um funcionário da companhia fornecedora…

Antes de falar do filme, preciso falar de outra coisa. O argumento é interessante, mas é muito parecido com o recente Repo – The Genetic Opera, um musical de terror, onde órgãos transplantados e não pagos são retirados da mesma forma. E, pra piorar, alguns detalhes ainda ajudam na semelhança, como a existência de uma nova droga sintética (droga em pó vermelho vs zydrate); ou a cantora com olhos modificados em ambos os filmes… Isso sem falar no próprio nome dos coletores de órgãos, chamados de repo men em ambos os filmes!

Mas, apesar da semelhança, Darren Lynn Bousman, o diretor de Repo – The Genetic Opera, declarou que todos devem assistir o novo filme. Provavelmente ele sabe que não tem como competir com um grande lançamento – Repo – The Genetic Opera foi lançado em 2008 em 11 salas; Repo Men, de 2010, foi para 2.600 salas…

Mas vamos ao filme!

A sinopse é aquilo que falei, né? Órgãos artificiais são vendidos através de financiamentos. Atrasou o pagamento, vem um Repo Man e toma o órgão de volta. A diferença é que aqui não é musical nem terror, é uma ficção científica misturada com policial, lembra um pouco Blade Runner.

É o filme de estreia do quase desconhecido Miguel Sapochnik, e traz no elenco alguns nomes famosos: os sempre competentes Jude Law e Forest Whitaker, além de Liev Schreiber, Carice van Houten e a “nossa” Alice Braga. Ninguém se destaca, mas também ninguém atrapalha.

O clima do filme é bem legal. Tão legal que a gente quase deixa de lado um monte de incoerências do roteiro. Pena que tem coisas que não dá pra deixar passar, como, por exemplo, como é que um cara, com emprego fixo, perde todos os três primeiros pagamentos? (Não é interessante para a companhia perder um devedor!). Ou: onde estão as armas de fogo?

O filme ainda tem espaço para uma citação genial. Determinada cena, Law e Whitaker estão vendo tv. E na tv está passando O Sentido a Vida, do Monty Python – justamente a cena do doador der órgãos!

Apesar de não ser novidade, o final é legal, e salvou o terço final do filme, onde parecia que o roteirista tinha perdido a mão.

Se você gosta do estilo e não se importa com ideias “requentadas”, este é uma boa opção!

P.s.1: se o argumento é muito parecido com Repo – The Genetic Opera, o roteiro lembra muito Brazil, o filme, de Terry Gilliam. Em Brazil, um funcionário modelo de uma grande corporação acaba sendo perseguido pelo seu colega e se envolvendo com uma mulher quase desconhecida no meio do caminho. Isso sem falar do fim de ambos, mas aqui não falo mais por causa de spoilers!

P.s.2: existe um filme quase homônimo, o Repo Man, dirigido pelo cult Alex Cox em 1984. Não vi este, mas pelo que li por aí, não tem nada a ver, é só coincidência.

O Fim da Escuridão

O Fim da Escuridão

Ontem falei aqui de um filme trash bem trash mesmo, quase homônimo a esse: Edges of Darkness (o nome original deste O Fim da Escuridão é Edge of Darkness, no singular). Mas os dois só tem isso em comum, O Fim da Escuridão é filmão hollywoodiano!

Thomas Craven (Mel Gibson) é um policial que presencia o assassinato de sua filha de 24 anos, que o visitava. A princípio, todos achavam que o próprio Thomas era o alvo, mas, ao investigar, descobrimos que a filha estava metida em uma grande teoria conspiratória.

Um grande trunfo de  O Fim da Escuridão é o personagem protagonista Thomas Craven. Ao ver sua filha morta, Craven vê que não tem mais nada a perder. Violento, eficiente e vingativo, Craven é o “mocinho” que as plateias gostam de ver. Chega de mocinhos politicamente corretos!

Mel Gibson estava afastado dos sets. Seu último trabalho como ator foi The Singing Detective, em 2003. Depois diso, dirigiu (mas não atuou) A Paixão de Cristo em 2004 e Apocalypto em 2006. Não sei exatamente os motivos de seu afastamento, se foi por motivos pessoais ou profissionais. Mas podemos ver que a volta foi em alto estilo.

No elenco o único nome “forte” é o de Gibson. Ray Winstone (Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, Um Amor de Tesouro) e Danny Huston (X-Men Origins: Wolverine, 30 Dias de Noite) não são nomes tão famosos assim, mas estão bem, assim como o resto do elenco. Curiosidades sobre os nomes femininos: a sérvia Bojana Novakovic, que interpreta a filha de Craven, esteve em Arraste-me Para o Inferno; a canadense Caterina Scorsone, amiga da filha, era a protagonista Alice na minissérie do SyFy.

Na verdade, O Fim da Escuridão é a refilmagem de uma minissérie dos anos 80, dirigida pelo mesmo diretor Martin Campbell – que recentemente fez um dos últimos 007, o Cassino Royale. Não vi a série de seis capítulos, então não posso comparar. Mas posso dizer que, como um longa metragem, funciona bem.

Enfim, boa opção nas telas cariocas. O filme estreou sexta passada!

Terror na Antártida

Terror na Antártida

Às vésperas de começar o rigoroso inverno na Antártida (quando quase todos saem de lá), a policial Carrie Stetko (Kate Backinsale) procura desvendar uma série de assassinatos.

Acredito que o pior problema de Terror na Antártida é o modo como foi vendido. O trailer dava a entender que a trama trazia algo misterioso, talvez alienígena ou sobrenatural, como O Enigma de Outro Mundo (que também se passa no gelo). Até o título nacional evoca um filme neste estilo!

Nada disso. Terror na Antártida é um filme policial, um eficiente thriller, apenas isso. Se fosse vendido como tal, acredito que acertaria o público alvo certo.

Dito isso, agora vamos às coisas boas do filme dirigido por Dominic Sena (Swordfish, 60 Segundos). Terror na Antártida (Whiteout no original) sabe usar muito bem o ambiente gelado da Antártida. Por um lado, temos belíssimas paisagens geladas. Por outro lado, as nevascas ajudam a criar climas tensos interessantes.

Além de Kate Beckinsale (cada dia mais bonita), o elenco conta com Gabriel Macht (The Spirit), Tom Skerrit (Alien) e Columbus Short (Quarentena).

Enfim, como disse lá em cima, Terror na Antártida é um eficiente thriller, mas nada além disso. Pode agradar se você estiver no clima certo. Mas, por favor, esqueça o trailer!