Os Oito Odiados

Os-Oito-Odiados-posterCrítica – Os Oito Odiados

O novo Tarantino!

Pouco depois da Guerra Civil americana, um caçador de recompensas e sua prisioneira, procuram abrigo contra uma tempestade de neve que está chegando. Ao chegarem num armazém, encontram uma coleção de personagens nefastos.

Hoje, Quentin Tarantino já é um nome consagrado, e o anúncio de um novo filme seu sempre vai gerar comparações com seus trabalhos anteriores. Sendo um bom filme ou não, vai ter gente dizendo “ah, mas não é tão bom quanto x” (coloque aqui o seu favorito). Não vou comparar com seus outros filmes. Mas vou afirmar que Os Oito Odiados (The Hateful Eight, no original) é mais um grande filme no currículo deste que é um dos principais nomes do cinema contemporâneo.

A divulgação diz que este é o oitavo filme dirigido por Quentin Tarantino. Preciso dizer que não concordo com essa contagem: na minha humilde opinião, Kill Bill são dois filmes… Isso porque não estou contando o Grave Danger, o CSI que ele dirigiu, que – pra mim – conta como um filme (tenho até o blu-ray na prateleira). E a sua participação em Grande Hotel, não conta por que?

Quando soube que o novo filme seria outro western (assim como seu último, Django Livre), confesso que rolou uma decepção. É que achei que depois de filme de artes marciais, exploitation, filme de guerra e faroeste, Tarantino ia continuar variando estilos – imaginem um terror ou ficção científica dirigidos por ele? Pelo menos podemos dizer que ele fez mais um grande filme, e que não é parecido com Django Livre.

Sobre o nome, acho que o diretor quis fazer uma brincadeira com o faroeste clássico “The Magnificent Seven”, aproveitando que se tratava de seu oitavo filme. Porque, se a gente contar direito, não são exatamente oito, né?

Segundo o imdb, as maiores influências de Os Oito Odiados são O Enigma do Outro Mundo e Cães de Aluguel. A trama é por aí, tensões crescentes, dentro de um ambiente fechado, e muita neve em volta. Reconheço que a primeira metade do filme é meio arrastada. Mas depois que engrena, não dá pra desgrudar o olho!

Tarantino insistiu em filmar no formato Ultra Panavision 70. Decisão complicada nos tempos digitais que vivemos, afinal, quase não existem mais projetores neste formato. Mas ele insistiu, e algumas dezenas de cinemas ao redor do mundo substituíram seus projetores digitais por projetores analógicos com lentes para filmes em 70 milímetros (nenhum no Brasil, infelizmente). Pelo menos o resultado ficou excelente, a fotografia é belíssima – e é filme pra se ver no cinema, na tela da tv a imagem vai perder muito. Outro destaque é a trilha sonora, de Ennio Morricone, que compôs talvez o tema mais icônico da história do gênero faroeste (Três Homens em Conflito). Aliás, é a primeira vez que um filme do Tarantino tem um tema inédito, ele sempre foi famoso por reaproveitar músicas (inclusive, tem dois temas “reciclados”, do próprio Morricone, dos filmes O Enigma do Outro Mundo e O Exorcista 2).

O elenco está ótimo. Num filme mais contemplativo, com menos ação (boa parte da trama se passa num único ambiente fechado), Tarantino mostra que é um excelente diretor de atores. Digo mais: pra mim, Jennifer Jason Leigh é indicação certa ao Oscar de melhor atriz – e não me espantarei com outras indicações (como Kurt Russell e Samuel L. Jackson). De um modo geral, todo o elenco está bem. Além dos já citados, Os Oito Odiados ainda conta com Walton Goggins, Tim Roth (num papel com a cara do Christof Waltz), Michael Madsen, Demian Bichir, Bruce Dern, James Parks, Zoë Bell e Channing Tatum.

(Existe uma cena, de um flashback do personagem do Samuel L. Jackson, que vai gerar polêmica. Não vou entrar em spoilers, mas digo que concordo com a cena).

Recentemente Tarantino declarou que pretende se aposentar depois do décimo filme. Claro que fico triste, sou fã do cara. Mas, se ele parar, pelo menos não veremos seu declínio – me lembro dos filmes recentes do Brian de Palma (Passion) e John Carpenter (Aterrorizada), e penso que seria melhor se eles tivessem tomado decisões parecidas…

Star Wars Ep 7 – O Despertar da Força

SW7 - posterCrítica – Star Wars Ep 7 – O Despertar da Força

O filme mais aguardado do ano!

30 anos depois da derrota do Império Galático, surge uma nova ameaça. A Primeira Ordem tenta governar a galáxia, mas uma dupla improvável tenta impedir, com a ajuda da Resistência.

Antes de tudo, é bom avisar: este é um texto sem spoilers! Vamos respeitar o cuidado que os realizadores tiveram em não deixar vazar a história, apesar da grande vontade de comentar coisas do filme. Caro leitor que ainda não viu o filme: pode ler tranquilo!

Arrisco dizer que este Star Wars Ep 7 – O Despertar da Força (Star Wars The Force Awakens, no original) é a maior estreia cinematográfica da história. George Lucas vendeu sua franquia bilionária para a Disney, que fez o que sabe fazer como poucos: colocou a máquina de marketing à toda – hoje você encontra Star Wars em tudo quanto é produto. Diferente dos anos 70, Star Wars é moda!

Claro que precisávamos de um bom filme. Uma franquia deste porte precisa de um grande filme, campeão de bilheterias, para azeitar a máquina do marketing. E, meus amigos, a Disney e o diretor JJ Abrams acertaram em cheio. O Despertar da Força é um filmaço!

Admito que estava com o pé atrás. Em 1999, tive uma decepção muito grande com o Ep 1, e não acho a carreira de JJ Abrams tão consistente assim (apesar de ter gostado muito de Super 8). Mas, felizmente, o pé atrás foi infundado. O Despertar da Força tem tudo o que o fã esperava desde o fim dos créditos d’O Retorno do Jedi, lá longe, em 1983. A história é empolgante, os novos personagens são carismáticos, tecnicamente o filme é um deslumbre. E, o mais importante: é um filme que sabe respeitar o fã antigo.

Na trilogia clássica (77, 80, 83), os efeitos especiais eram top para a época, mas limitados se revistos hoje em dia. Na trilogia Voldemort (aquela que não deve ser mencionada!), tem muito cgi, o filme ficou muito artificial. Agora, com a tecnologia atual, aliada à escolha do diretor Abrams de usar cenários reais em vez de telas verdes, os efeitos chegam a um nível de perfeição poucas vezes visto no cinema. As batalhas, tanto terrestres quanto aéreas, são impressionantes!

O roteiro parece o Ep 4 revisitado: protagonista solitário no deserto, um vilão misterioso que usa máscara, fuga do “império”, reunião na “base rebelde” para destruir uma “estrela da morte”… (Tem mais, mas é um texto livre de spoilers, então fica pra outra ocasião.) A trama é muito bem amarrada, e sabe dosar com maestria a entrada dos elementos da série clássica – todo fã “velho” vai curtir rever os personagens e veículos da trilogia clássica. Não à toa, um dos roteiristas é Lawrence Kasdan, roteirista de O Império Contra-Ataca e O Retorno do Jedi. A importância na trama entre a “velha guarda” e a “nova geração” está bem equilibrada. Ah, o filme tem duas horas e quinze minutos, e não tem nenhum momento fraco.

George Lucas sempre teve fama de ser um péssimo diretor de atores. Nesse ponto, JJ Abrams é muito melhor que Lucas. O elenco deste Ep 7 é ótimo! A essa altura todo mundo já sabe que temos de volta Harrison Ford, Carrie Fisher, Mark Hamill, Peter Mayhew (Chewbacca) e Anthony Daniels (C3PO), né? Juntam-se a eles a nova geração: Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Adam Driver, Domhnall Gleeson, Gwendoline Christie, Simon Pegg e as vozes de Andy Serkis e Lupita Nyong’o, além de uma ponta de Max von Sydow. Gostei muito de Daisy Ridley, a nova protagonista!

Sobre a trilha sonora, ainda não sei se gostei ou não. John Williams está de volta (ele fez a trilha dos outros seis filmes), e repete todos os temas que os fãs conhecem. Por um lado, é muito legal ouvir um tema conhecido sublinhando uma cena emocionante. Mas, por outro lado, não temos nada de novo. No Ep 1 a gente teve um bom tema novo…

Ainda preciso falar do humor. Não, o Ep 7 não é uma comédia. Mas acho que este é o filme mais engraçado de toda a saga. O personagem Poe tem frases ótimas!

Por fim, o 3D. Só faz diferença em um único take, onde parece que um destroyer imperial está bem à frente da tela. Só. Ou seja, desnecessário.

O filme acaba com um gancho forte para o episódio 8. Vai ser difícil segurar a ansiedade até 2017!

No fim da sessão, mal consegui me levantar, tamanho o carrossel de emoções que passaram na tela nas últimas duas horas. Obrigado, JJ Abrams, obrigado, George Lucas, obrigado, Disney. Obrigado por ter trazido de volta a magia da saga, que estava apagada desde a trilogia “Voldemort”. Obrigado pelo melhor filme do ano!

p.s. 1: Um filme desses tem que ser visto no cinema. Agora, ver numa sala de cinema onde mais da metade da plateia faz parte do Conselho Jedi RJ é uma experiência inesquecível!

p.s 2.: Para os fãs de Battlestar Galactica: temos uma “manobra Adama” na trama!

p.s. 3: Tive uma decepção, mas nada a ver com o filme em si. É que li que o elenco trazia Yayan Ruhian e Iko Uwais, os dois principais atores / lutadores dos filmes indonésios Operação Invasão, e imaginei que teríamos pelo menos uma grande luta envolvendo as habilidades dos dois. Nada, eles aparecem e somem rapidinho…

SW7 - sala do cinema SW7 - entrada do cinema

 

O Presente

O PresenteCrítica – O Presente

A vida de um jovem casal entra em parafuso quando um conhecido do passado do marido traz presentes misteriosos e um segredo horrível volta à luz depois de mais de vinte anos.

Outro dia falei aqui de Aliança do Crime, filme novo do Johnny Depp, mas onde o menos conhecido Joel Edgerton tem um papel tão importante quanto – talvez até mais. Pois bem, guardei o nome de Edgerton, e olha só que surpresa agradável: o cara escreveu, dirigiu, produziu e protagonizou este bom suspense O Presente (The Gift, no original).

O Presente começa como um thriller nos moldes de Atração Fatal – não existe nada de sobrenatural, estamos lidando com gente desequilibrada. Mas a trama aqui não é tão maniqueísta, descobrimos que todos os lados da história têm os seus podres, o que gera um debate interessante: quem estaria “menos errado”? (O fórum do imdb tem um monte de gente defendendo cada lado).

No elenco, Joel Edgerton e Jason Bateman (mais acostumado a comédias) estão ótimos. Rebecca Hall é que decepciona, numa personagem que parece menos desenvolvida que os de seus companheiros de tela.

Se o meio do filme tem problemas no ritmo, o fim traz um plot twist interessante. O Presente pode não ser um dos melhores filmes do ano, mas comprova que Joel Edgerton é um nome a ser visto com carinho.

Absolutely Anything

Absolutely Anything - posterCrítica – Absolutely Anything

Já tinha um tempo que heu tinha lido sobre este filme. Cheguei a achar que tinham cancelado o projeto. Mas, olha lá, o filme tá pronto!

Um grupo de excêntricos alienígenas concede a um humano o poder de fazer absolutamente qualquer coisa, como um teste para saber se vale a pena exterminar o planeta.

Absolutely Anything é uma comédia estrelada pelo Simon Pegg. Mas o que o torna imperdível é saber que é o primeiro filme desde O Sentido da Vida que temos todos os membros (vivos) do Monty Python reunidos. John Cleese, Eric Idle, Michael Palin, Terry Gilliam e Terry Jones (que também dirigiu o filme) não aparecem na tela, mas ouvimos suas vozes – eles dublam os alienígenas! E, se não bastasse, ainda tem Robin Williams fazendo a voz do cachorro!

(Falei que não vemos os Pythons, mas o diretor Terry Jones faz um cameo, como o motorista da caminhonete que atropela a bicicleta.)

Ver o Monty Python reunido é sempre um prazer – e ter o Terry Jones na direção é uma boa notícia, afinal ele também dirigiu os “pythonianos” O Cálice Sagrado, A Vida de Brian e O Sentido da Vida. Tudo isso ainda parece maior quando a gente lembra que é o último filme do Robin Williams. E não podemos nos esquecer que o filme é estrelado por Simon Pegg, um dos maiores nomes da comédia contemporânea. E isso tudo que citei até agora talvez seja o maior problema de Absolutely Anything: uma grande expectativa. Em um filme mediano…

Absolutely Anything não é ruim. Temos algumas boas piadas – quase todos os diálogos do cachorro são engraçadíssimos! Mas, além de parecer um filme pra sessão da tarde, tem o problema de ter um argumento muito parecido com o Todo Poderoso do Jim Carrey.

No elenco, os rostos mais conhecidos aqui no Brasil são Pegg e Kate Beckinsale (como falei, os outros só dublam). Também no elenco, Rob Riggle, Sanjeev Bhaskar e Joanna Lumley.

No fim, Robin Williams faz valer o ingresso. E é sempre legal ouvir as vozes dos Pythons. Mas que fica aquele gostinho de que poderia ter sido muito melhor, ah, fica.

Aliança do Crime

aliancadocrime-posterCrítica – Aliança do Crime

A história real de Whitey Bulger, irmão de um Senador, e o mais violento criminoso da história do sul de Boston, que se uniu ao FBI contra a Máfia italiana.

Sabe quando a gente sente que um filme foi feito como veículo para mostrar o potencial de um ator? Aliança do Crime (Black Mass, no original) é assim. O filme é legal, mas o que chama a atenção é a atuação de Johnny Depp, quase irreconhecível debaixo da maquiagem do mafioso Whitey Bulger. Não acharei estranho se Depp for indicado ao Oscar ano que vem por este papel.

Aliás, o elenco do filme é excelente. Joel Edgerton, menos conhecido que Depp, tem um papel talvez ainda mais importante, como o agente do FBI amigo de infância do mafioso – boa parte do filme é em cima do seu personagem. Também no elenco, Benedict Cumberbatch, Kevin Bacon, Dakota Johnson, Julianne Nicholson, Rory Cochrane, Jesse Plemons, David Harbour e Adam Scott. O elenco é tão rico que atores conhecidos como Juno Temple e Peter Sarsgaard fazem papéis bem pequenos.

Gostei muito da ambientação de época, do figurino e da maquiagem. Pena que o ritmo não é muito bom, o filme às vezes se arrasta um pouco. Acredito que isso seja uma característica do diretor Scott Cooper, que mostrou competência na direção de atores, mas falta de ritmo, em seus dois filmes anteriores, Tudo Por Justiça e Coração Louco.

Vale pelo Johnny Depp…

Os 33

os 33Crítica – Os 33

Os 33 conta a história baseada no acidente real na mina San Jose, em 2010, no Chile, que prendeu 33 mineiros a 700 metros abaixo da terra.

Dirigido pela mexicana Patricia Riggen, Os 33 (The 33, no original) conta a história dos mineiros presos na mina chilena, 5 anos atrás. Se por um lado é bem interessante vermos um caso que realmente aconteceu, por outro isso enfraquece o filme, afinal já sabemos a conclusão da história.

A estrutura lembra os filmes catástrofe: um grande acidente acontece e acompanhamos os sobreviventes e seus percalços. E aqui talvez fosse melhor Os 33 ser um filme apenas inspirado em fatos reais, sem precisar se prender no que realmente aconteceu. Vou comentar no próximo parágrafo, mas antes, aviso de spoilers para quem não se lembra da história.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Um bom filme catástrofe tem que ter gente morrendo ao longo da trama. Mas aqui a gente sabe que todos os 33 mineiros sobreviveram, então metade da graça foi embora…

FIM DOS SPOILERS!

No elenco, uma boa notícia para o público brasileiro: Rodrigo Santoro tem um dos principais papéis. Ok, o protagonista é o Antonio Banderas, mas Santoro tem um papel quase tão importante. Ambos estão muito bem, por outro lado, quem não está bem é Juliette Binoche, que não convence como chilena. Ainda no elenco, Lou Diamond Philips, Bob Gunton e Gabriel Byrne.

Os 33 é um pouco longo demais, talvez fosse melhor enxugar um pouco das duas horas de duração – algumas cenas são desnecessárias, como aquele momento dramático com a mulher cantando à noite. Mesmo assim, ainda é um bom filme.

007 Contra Spectre

007 Spectre - posterCrítica – 007 Contra Spectre

Novo filme do James Bond!

Uma mensagem enigmática do passado de Bond dá uma pista para descobrir uma organização sinistra. Enquanto M batalha contra forças políticas para manter o serviço secreto vivo, Bond desmascara as fraudes para revelar a terrível verdade por trás de Spectre.

Preciso confessar que tenho um sentimento dúbio quando o assunto é 007. Vejo todos os filmes, porque é uma franquia muito competente, e quase todos os filmes do James Bond são bons. Mas não consigo ser fã do agente secreto, acho todos os filmes meio iguais…

Mais uma vez dirigido por Sam Mendes (que dirigiu o último, 007 Operação Skyfall), 007 Contra Spectre (Spectre, no original) é um eficiente filme de ação, que traz aquilo que os fãs do James Bond querem ver: boas cenas de ação, perseguições de carro (e de outros veículos também), belas bond girls, um vilão megalomaníaco, e alguns gadgets tecnológicos (desta vez não foram muitos). Como falei, os realizadores são muito eficientes, o filme não vai decepcionar ninguém.

(Aliás, o marketing em torno deste novo 007 está enorme! Tem até “cerveja Spectre”!)

A trama faz menção a outros filmes do 007 estrelados por Daniel Craig – Cassino Royale, Quantum of Solace e Operação Skyfall. Como falei, gosto de todos, mas os acho descartáveis, então não me lembro de detalhes. Algum ou outro detalhe pode se perder ao longo da narrativa, mas nada grave.

Aceito que tenha gente que não gosta de Daniel Craig como James Bond, mas, na minha humilde opinião, tanto faz – a boa notícia para os haters é que este deve ser o último filme de Craig na franquia, o próximo será outro ator (que ainda não foi escolhido).

Sobre o elenco: Christoph Waltz é o vilão da vez. Olha, adoro vê-lo em cena, é sempre um prazer vê-lo atuando. Mas… fico me questionando quando é que ele vai fazer um papel diferente. Porque o seu Oberhauser é igual ao Hans Landa de Bastardos Inglórios e ao Dr King Schultz de Django Livre. Guardadas as devidas proporções, o mesmo acontece  com Andrew Scott, que faz um C igual ao Moriarty da série Sherlock.

Ainda o elenco: as bond girls são Monica Belucci (que aparece pouco) e Léa Seydoux; Ralph Fiennes está bem no papel de M; e Dave Bautista (o Drax de Guardiões da Galáxia) está excelente como o brutamontes que quase não fala. Fechando o elenco principal, Naomie Harris e Ben Whishaw voltam aos papeis de Moneypenny e Q.

No fim do filme não tem cena pós créditos. Mas tem uma notícia que já era meio óbvia: “James Bond retornará”. Bem, enquanto mantiverem a qualidade, continuarei vendo.

p.s.: Sei que é tradição termos uma música inédita durante os créditos iniciais – algumas músicas bondianas realmente marcaram época. Mas achei essa nova tão chatinha… Os créditos iniciais são intermináveis!

Anomalisa

AnomalisaCrítica – Anomalisa

Uma animação em stop-motion dirigida pelo Charlie Kaufman? Ei, isso deve ser legal!

Um escritor, autor de um best-seller corporativo, está em uma cidade para fazer uma palestra, quando encontra uma mulher que muda a sua vida.

Charlie Kaufman é um cara que merece o nosso respeito, afinal ele roteirizou alguns dos filmes mais criativos deste novo milênio – ele ganhou o Oscar pelo roteiro de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (do Michel Gondry) e foi indicado por Quero Ser John MalkovichAdaptação (ambos do Spike Jonze). E agora ele se aventura em um longa metragem em stop-motion, um projeto realmente independente – ele usou o kickstarter, famoso site de crowdfunding, para levantar fundos. O resultado deveria ser interessante, não?

Não é. Anomalisa é chato e enfadonho. E muito pouco criativo.

Anomalisa tem 90 minutos, mas a história não tem fôlego para tanto – talvez funcionasse como um curta. O filme se arrasta em diálogos bobos e situações sem graça. Apenas uma parte tem a criatividade esperada pelo “pedigree kaufmaniano”, a sequência onde o escritor vai conversar com o gerente do hotel. Se o filme todo fosse nessa pegada, o resultado seria outro.

Um parágrafo à parte para falar da cena de sexo. Duke Johnson, que co-dirigiu o filme, declarou que levou seis meses para animar esta cena, porque queria o máximo de realismo possível. Ou seja: temos uma cena realista com bonecos feios – a cena não é sexy nem engraçada. É uma cena longa, parece interminável! Me questionei qual o sentido desta cena existir. Será que é pra afirmar que esta é uma animação stop-motion não recomendada para crianças?

Pra não dizer que o filme é um completo equívoco, gostei da parte técnica da animação, e gostei da ideia de todas as vozes secundárias serem feitas pelo mesmo ator (David Thewlis e Jennifer Jason Leigh interpretam o casal principal, todas as outras vozes são de Tom Noonan). Ah, claro, também gostei da sequência que citei ali em cima.

Mas é pouco. Charlie Kaufman é capaz de algo melhor.

A Colina Escarlate

A Colina Escarlate posterCrítica – A Colina Escarlate

Alvíssaras! Guillermo Del Toro voltou ao terror!

Depois de uma tragédia na sua família, uma jovem escritora americana se casa e se muda para uma mansão misteriosa na Inglaterra.

O cinema de terror contemporâneo tem um grande nome, Jason Blum, que produz dezenas de filmes por ano – alguns até bem legais, como Sobrenatural, do James Wan. Legal, temos muitas opções, mas acaba que se criou uma cara “blumhouseiana”, com vários filmes parecidos. No meio dessa pasteurização, ver um filme do Guillermo Del Toro é um colírio para os olhos!

O último trabalho do Del Toro foi Círculo de Fogo, um blockbuster hollywoodiano que não agradou a todos. Mas foi um ponto fora da curva em sua filmografia. Del Toro tem uma carreira firme no cinema fantástico, com ótimos filmes como A Espinha do Diabo e O Labirinto do Fauno. A Colina Escarlate (Crimson Peak, no original) é a sua volta ao cinema fantástico.

Com roteiro do próprio Del Toro em parceria com Matthew Robbins, A Colina Escarlate é uma história de fantasmas à moda antiga. Del Toro consegue criar um clima excelente, ajudado por uma impressionante fotografia – se a Academia não for preconceituosa com filmes de terror, temos um forte candidato ao Oscar de melhor fotografia. São várias imagens belíssimas ao longo da projeção. A boa trilha sonora é outro destaque. E, numa época de filmes com “violência sem sangue”, a violência gráfica mostrada no filme também chama a atenção. Algumas cenas são bem fortes!

Infelizmente, nem tudo funciona. A primeira metade é muito lenta, toda a parte nos EUA demora a passar, o filme melhora muito quando eles chegam na tal “colina Escarlate” do título. Além disso, a trama tem alguns elementos bastante previsíveis (não entro em detalhes por causa de spoilers, mas quando vocês verem, vão concordar comigo).

O elenco é baseado em três bons atores. Mia Wasikowska (a Alice) e Tom Hiddleston (o Loki) estão bem; Jessica Chastain (Perdido em Marte) não está mal, mas perdeu a oportunidade de fazer uma vilã memorável. Também no elenco, Charlie Hunnam, Leslie Hope e Jim Beaver (o Bobby de Supernatural). Ah, os dois dos atores por trás dos fantasmas são Doug Jones, o Abe Sapiens de Hellboy, e Javier Botet, que fez a Menina Medeiros de REC e a Mama de Mama.

A Colina Escarlate pode até não ser um novo Labirinto do Fauno, mas pelo menos Guillermo Del Toro largou os blockbusters de monstros e robôs gigantes e voltou ao estilo onde ele funciona melhor.

Love & Mercy

love&mercyCrítica – Love & Mercy

Biografia do Brian Wilson!

Na década de 60, o líder dos Beach Boys, Brian Wilson, luta com uma psicose emergente enquanto ele tenta criar sua obra-prima pop. Na década de 1980 , ele é um homem confuso sob a vigilância de 24 horas de um terapeuta de métodos duvidosos.

Quando me perguntam se prefiro Beatles ou Rolling Stones, minha resposta sempre é “Beach Boys”. Claro que quero ver um filme sobre o líder da banda!

Dirigido por Bill Pohlad, Love & Mercy traz duas narrativas paralelas, com dois atores distintos, cada um interpretando o músico em uma diferente fase da vida. Paul Dano interpreta Brian Wilson nos anos 60, na época da gravação do disco Pet Sounds, enquanto John Cusack fica com os anos 80, quando Wilson estava sob os cuidados polêmicos de Eugene Landy.

Isso traz um problema básico:  John Cusack é um grande ator, mas não é nada parecido com o músico. Quando Paul Dano está na tela, vemos Brian Wilson; quando Cusack aparece, vemos Cusack.

Além da semelhança física, Dano ainda deu a sorte de interpretar Wilson durante sua fase criativa. Como fã de Beach Boys, preciso dizer que gostei muito mais da parte do Paul Dano, afinal, ver bastidores de composições, arranjos e gravações de músicas como God Only Knows ou Good Vibrations é muito mais legal do que problemas de relacionamento entre Brian Wilson e seu terapeuta.

O que compensa é que na outra parte temos Paul Giamatti e Elizabeth Banks contracenando com Cusack. Um excelente trio de atores, com uma boa química entre eles.

Love & Mercy passou no Festival do Rio, mas acredito que deve entrar no circuito. Tem potencial para isso!