O Espelho

Oculus-posterCrítica – O Espelho

Filme de terror novo na área!

Ao completar 21 anos, um jovem sai de uma instituição onde passou os últimos onze anos, acusado de assassinar seus pais. Sua irmã, dois anos mais velha, tenta provar que os crimes foram cometidos por causa de um poder sobrenatural que reside em um espelho que estava na casa onde moravam.

Em 2011, Mike Flanagan chamou a atenção ao escrever, dirigir e editar Absentia, um filme que, apesar de ser quase amador, é melhor do que muita produção bancada por estúdios com grana. O Espelho (Oculus, no original) é seu novo filme, desta vez com mais recursos.

Baseado no curta Oculus: Chapter 3 – The Man with the Plan (de 2006) escrito e dirigido por ele mesmo, Flanagan, co-escreveu um roteiro muito bem construído. A linha temporal do filme se alterna entre o passado e o presente ao longo da projeção, e em momento nenhum o espectador fica perdido. Além disso, o roteiro também é eficiente ao brincar com ilusão versus realidade.

Por outro lado, talvez o filme decepcione alguns, já que é um terror quase sem sustos. E confesso que não gostei dos fantasminhas que aparecem desde a primeira cena. Pelo menos o clima de suspense funciona bem, assim como os discretos efeitos especiais e de maquiagem.

No elenco, Karen Gillan (da série Dr Who, e que estará em breve em Guardiões da Galáxia) segura bem a onda como a protagonista. Mas quem chama a atenção é Katee Sackhoff, a Starbuck de BSG – ela aparece menos, mas está impressionante. Outro “televisivo” é Rory Cochrane, que fazia CSI Miami e também esteve em 24 Horas. Brenton Thwaites, o príncipe de Malévola, fecha o elenco principal, ao lado das crianças Annalise Basso e Garrett Ryan.

Infelizmente, O Espelho só foi lançado em salas da Zona Oeste e Zona Norte do Rio de Janeiro. Algumas distribuidoras acham que ninguém na Zona Sul gosta de filme de terror…

Labirinto – A Magia do Tempo

labirintoCrítica – Labirinto – A Magia do Tempo

Pro podcast de bonecos, fui rever Labirinto, filme que heu não via desde a época do lançamento nos cinemas.

A adolescente de 15 anos Sarah acidentalmente deseja que seu meio irmão bebê seja levado por Jareth, rei dos duendes, que ficará com o bebê e o transformará em um duende se Sarah não terminar o labirinto em 13 horas.

Lançado em 1986, Labirinto – A Magia do Tempo (Labyrinth, no original) foi o último filme dirigido por Jim Henson, o criador dos Muppets, que viria a falecer em 1990. Baseado num roteiro de Terry Jones (ele mesmo, do Monty Python), e com George Lucas como um dos produtores, Henson fez um dos melhores filmes de fantasia da década de 80.

Os bonecos são muito bem feitos, tanto os marionetes e fantoches, quanto os maiores, com gente dentro da fantasia. Jim Henson não ia dar mole na área onde é especialista, né? E a maior parte dos efeitos especiais continua convincente – a primeira entrada de Sarah no labirinto ainda impressiona!

O elenco tem basicamente três atores – outros aparecem, mas muito rapidamente. David Bowie já era um nome bem famoso na música, e ainda era um ator bissexto. Mas o nome a ser citado é Jennifer Connelly, então com 15 anos, em um de seus primeiros sucessos (ela tinha feito um papel pequeno em Era Uma Vez na América em 1985, e estrelado o underground Phenomena, do Dario Argento, em 86). E chega a dar pena do bebê Toby Froud – que depois, adulto, trabalharia nos efeitos especiais de Crônicas de NárniaParanorman. O menino chora boa parte do filme.

(Dentro dos bonecos, tem algumas pessoas conhecidas, como Frank Oz, Kenny Baker, Warwick Davis, Jack Purvis, Brian Henson e Ron Mueck – hoje conhecido como escultor. Mas não dá pra ver…)

Como ponto fraco, a parte musical de David Bowie perdeu a validade. Nada contra o som ser datado por ter muita cara de anos 80, mas, na boa, não rola um vilão que fica cantando e dançando. Pelo menos a cena com o labirinto “escheriano”, com gravidades em ângulos diferentes, ficou bem legal, apesar da música.

Existem pela internet alguns estudos psicológicos sobre o filme. Pode até existir um fundo psicológico, mas prefiro ver Labirinto como uma fábula. E uma fábula que continua gostosa de se ver.

O Grande Hotel Budapeste

0-grandehotel budapesteCrítica – O Grande Hotel Budapeste

Outro dia falei que o cinema contemporâneo tem poucos “autores”, e citei como exemplos o Tim Burton e o Terry Gilliam. Olha, a gente precisa incluir o Wes Anderson (Moonrise Kingdom) neste seleto clubinho.

O Grande Hotel Budapeste conta as aventuras de Gustave H, um lendário concierge de um famoso hotel europeu entre as as duas grandes guerras; e Zero Moustafa, o lobby boy que vira o seu melhor amigo.

O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, no original) parece uma fábula. Wes Anderson tem um estilo de filmar onde todas suas cenas parecem mágicas. Parece que estamos lendo um livro de contos infantis!

A fotografia de seus filmes chama a atenção. Arrisco a dizer que o diretor deve ter TOC, cada plano é bem cuidado, tudo simétrico, sempre com o objeto centralizado no meio da tela. Isso, somado a cenários meticulosamente escolhidos e à boa trilha sonora de Alexandre Desplat, torna O Grande Hotel Budapeste um espetáculo visual belíssimo de se ver.

E não é só o visual que chama a atenção. O filme é repleto de personagens exóticos – e, detalhe importante: todos têm sua importância na trama, nenhum parece forçado. E o elenco é impressionante, sugiro checar os nomes no poster – é tanta gente que fica até difícil reconhecer todos ao longo do filme: F. Murray Abraham, Mathieu Almaric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan, Jason Schwartzman, Léa Seydoux, Tilda Swinton, Tom Wilkinson e Owen Wilson. Curiosamente, o protagonista é interpretado pelo desconhecido Tony Revolori. Bem, o filme é centrado em dois personagens, não sei exatamente qual do dois seria o principal. Mas sendo que o outro é o Ralph Fiennes, claro que Revolori será chamado de coadjuvante…

Pelo estilo visual de Wes Anderson, talvez O Grande Hotel Budapeste não agrade a todos. Outro problema é que o filme está sendo vendido como uma comédia, e o humor do filme é um humor peculiar, porque diverte mas não causa risadas.

Mas quem entrar no espírito da fábula vai se divertir com a aventura!

Reino de Fogo

Reino de FogoCrítica – Reino de Fogo

Dragões voadores e cuspidores de fogo surgem de dentro de escavações e começam a destruir o mundo. Anos depois, num cenário pós apocalíptico, os poucos humanos que sobraram lutam para sobreviver.

Não sei por que este Reino de Fogo (Reign of Fire, no original), o ponto alto na carreira de Rob Bowman (Arquivo X – O Filme, Elektra), é pouco badalado. Além de Christian Bale, Matthew McConaughey e Gerard Butler no elenco, o filme tem alguns dos melhores dragões já mostrados no cinema.

Ok, a história é difícil de “comprar”. Logo na primeira cena, quem deixaria um garoto sozinho em uma escavação daquelas? E depois, sério que eles querem que a gente acredite que nenhuma arma de fogo conseguiu derrotar os dragões, e mesmo assim eles vão usar flechas??? Talvez isso funcionasse melhor se a história se passasse na Idade Média, ou então em uma realidade paralela bizarra como João e Maria – Caçadores de Bruxas (clima medieval, mas com armas de fogo). Mas – a trama se situa nos dias atuais! (Tem mais algumas coisas forçadas no roteiro, mas deixa pra lá…)

A boa notícia é que quem aceitar a trama “meio” forçada vai se divertir. O cgi dos dragões é muito bem feito – o filme é de 2002, e mesmo assim os dragões são impressionantes! Digo mais: talvez estes sejam os dragões mais assustadores do cinema até hoje. Diferente do padrão atual que vemos hoje em dia, com dragões inteligentes por aí – Smaug, Banguela, Malévola, Mushu -, os dragões aqui são feras selvagens. E o dragãozão que aparece no fim é provavelmente o maior dragão do cinema (tirando os “alfas” de Como Treinar Seu Dragão 2, que pouco se mexem).

No elenco, os três citados ainda eram nomes menores em Hollywood naquela época – Bale e McConaughey eram estrelas em ascensão (hoje ambos têm Oscars), com alguns bons filmes em seus currículos, mas ainda sem nomes muito fortes; e Butler era apenas um coadjuvante. A ex-bond girl Izabella Scorupco faz o papel feminino principal. Curioso notar que hoje, 12 anos depois, os três homens têm muito mais star power, enquanto Izabella sumiu…

Por fim, rola uma divertida citação ao Império Contra Ataca. Os fãs de Guerra nas Estrelas vão gostar.

Muppets 2: Procurados e Amados

0-muppets-2-posterCrítica – Muppets 2: Procurados e Amados

Ueba! Os Muppets estão de volta!

Um empresário propõe aos Muppets uma turnê pela Europa. Mas é uma armadilha: Constantine, o sapo mais perigoso do mundo, toma o lugar de Kermit, que é levado para uma prisão na Sibéria, enquanto a trupe participa – sem saber – de assaltos a bancos.

Uma das coisas mais legais dos filmes dos Muppets é como eles usam a metalinguagem. Sempre brincam com a linguagem da tv e do cinema, e nunca levam uma trama a sério. Aqui, isso fica claro logo na primeira cena, um número musical que diz “estamos fazendo uma sequência, que não deve ficar tão boa quanto o primeiro filme” (ao longo da música, um personagem lembra que na verdade este seria o oitavo filme…). Bem, discordo da música. Muppets 2: Procurados e Amados (Muppets Most Wanted, no original) é, na minha humilde opinião, tão bom quanto o filme de 2011.

Mais uma vez dirigido por James Bobin, Muppets 2 traz tudo o que se espera de um filme dos Muppets. O humor presente aqui, nonsense, ao mesmo tempo bobo e inteligente, tem várias piadas internas e situações absurdas (eles vão de trem dos EUA até Berlim!). E alguns números musicais são ótimos (“I’ll Get You What You Want” é sensacional, tanto a música quanto a cena em si).

Li no imdb algumas pessoas criticando os personagens que brincam com clichês europeus. Discordo, é uma piada. Quem se sentiu ofendido deve ser algum chato politicamente correto.

No elenco principal, temos Caco (aqui chamado de Kermit), Miss Piggy, Fozzie, Gonzo, Animal, Walter e um incontável número de outros Muppets conhecidos. Ah, também temos alguns atores “humanos”. Ricky Gervais me pareceu um pouco forçado; já Ty Burrell, de Modern Family, e Tina Fey, de 30 Rock, estão ótimos, mesmo com papeis mais caricatos.

Ainda sobre o elenco, Muppets 2 tem um número incrível de participações especiais, várias delas aparecendo em apenas uma curta cena: Christoph Waltz, Chloë Grace Moretz, James McAvoy, Tom Hiddleston, Salma Hayek, Lady Gaga, Tony Bennet, Zach Galifianakis, Frank Langella, Toby Jones, Ray Liotta, Danny Trejo, Jemaine Clement, Rob Corddry, Miranda Richardson, Saoirse Ronan, Til Schweiger e Stanley Tucci, entre outros. E Céline Dion faz um dos números musicais – ao lado dos Muppets!

Infelizmente, os Muppets hoje em dia não têm muito espaço na mídia, talvez por serem adultos demais para as crianças, e ao mesmo tempo infantis demais para os pais. Mas, na humilde opinião deste que vos escreve, o humor dos Muppets tem a dose ideal. Pena que poucos pensam o mesmo.

p.s.: “Boa Noite, Danny Trejo” concorre fácil ao prêmio de melhor piada do ano!

Las Brujas de Zugarramurdi

zugarramurdiCrítica – Las Brujas de Zugarramurdi

Sem nenhum aviso na mídia, tem filme novo do Álex de la Iglesia na área!

Depois de um assalto que deu errado, os assaltantes (e o filho de um deles) fogem em um táxi em direção à fronteira da França, perseguidos pela mãe do garoto e por uma dupla de policiais incompetentes. Durante a fuga eles passam por uma cidade onde bruxas foram queimadas no passado, e acabam caindo nas garras de uma horda de bruxas.

Ok, sei que Álex de la Iglesia não é muito pop. Mas sou fã do cara, que fez, entre outros, Ação Mutante, O Dia da Besta, Perdita Durango e Crime Ferpeito. Não gostei muito de seu penúltimo, Balada do Amor e do Ódio, mas nada que manchasse seu bom currículo.

De la Iglesia tem um raro talento para mostrar humor negro. Seus filmes estão sempre na linha entre o engraçado e o aterrorizante, muitas vezes com um pé no grotesco. A bizarria também está presente em sua obra, mas (quase sempre) dentro do limite do bom senso.

Las Brujas de Zugarramurdi começa muito bem. A cena do assalto, protagonizada por artistas de rua com os corpos pintados tem um clima tenso e ao mesmo tempo engraçado. E a perseguição de carro que vem depois não deve nada a filmes americanos. E as bruxas andando pelas paredes são assustadoras!

Las Brujas de Zugarramurdi ainda tem uma vantagem sobre Hollywood: é mais crível um vilarejo que teve bruxas centenas de anos atrás na Europa do que nos EUA, né?

O filme tem um problema: a parte final é inferior ao resto. A música é longa demais, e o ritual cruza a linha do bizarro. Nada que estrague o filme, mas Las Brujas de Zugarramurdi seria melhor se mantivesse o clima do resto do filme.

O bom elenco, liderado por Hugo Silva, Mario Casas, Pepón Nieto e Terele Pávez, traz alguns nomes curiosos. Carolina Bang, aparentemente a atual musa do diretor, consegue ser sexy e assustadora ao mesmo tempo. Carmen Maura, antiga musa de Almodóvar, faz uma das principais bruxas (é seu terceiro filme com De La Iglesia). Macarena Gomez, de Sexykiller, faz a mãe que está na perseguição. E sabe aquele cara esquisito, magro, de braços e pernas compridas, o Javier Botet? Era o ator debaixo da maquiagem da Menina Medeiros de REC e do fantasma de Mama. Só não gostei de Santiago Segura e Carlos Areces, fazendo duas bruxas, mal aproveitados em papeis pouco desenvolvidos.

Las Brujas de Zugarramurdi não é pra qualquer um. Mas quem curte o estilo vai se divertir!

Transcendence – A Revolução

0-TranscendenceCrítica – Transcendence – A Revolução

Ficção científica nova, estrelada por Johnny Depp acompanhado de um bom elenco. Será que é bom?

Um cientista, famoso por suas polêmicas pesquisas na área de Inteligência Artificial, sofre um atentado vindo de um grupo extremista contra a evolução da tecnologia. Depois disso, ele resolve fazer um upload de sua consciência para o programa de IA.

Transcendence – A Revolução (Transcendence, no original) é um daqueles filmes que nos fazem pensar sobre a espiritualidade na evolução da sociedade. Por isso, é o tipo de filme que gera debate. Mas a função da crítica é analisar a obra, e não a filosofia, então vou tentar separar uma coisa da outra.

Transcendence parte de uma premissa fascinante: e se fosse criada uma inteligência artificial capaz de substituir Deus? Por um lado, seria um mundo perfeito: fim das doenças e melhor contato do homem com a natureza. Mas, e se o preço a se pagar por isso fosse a perda da liberdade individual?

Esta é a questão filosófica levantada. Agora, analisemos friamente…

Transcendence é a estreia na direção de Wally Pfister, diretor de fotografia que ganhou o Oscar por A Origem – e também foi indicado outras três vezes, por Batman Begins, O Grande Truque e Batman – O Cavaleiro das Trevas, todos do Christopher Nolan (que aqui aparece como produtor). Como diretor de fotografia, Pfister é muito bom; como diretor, nem tanto.

Além do filme ter sérios problemas de ritmo – a parte do meio, principalmente, é arrastaaada, a história tem alguns lances sem sentido – por exemplo: um diálogo entre Rebecca Hall e Paul Bettany logo antes da sequência final dá a entender que o filme teria uma grande virada de roteiro, mas isso é ignorado logo na cena seguinte.

O elenco é bom, né? Além dos já citados Johnny Depp, Rebecca Hall e Paul Bettany, Transcendence conta com Morgan Freeman, Cillian Murphy, Kate Mara e Cole Hauser. Mas eles não salvam o roteiro sem sal. Aliás, se tirassem a personagem de Kate Mara da história, nada mudava.

Se salva o visual do filme, e também alguns efeitos especiais. Mas é pouco. O questionamento filosófico proposto merecia um filme melhor.

Vizinhos

0-vizinhosCrítica – Vizinhos

Um casal com um bebê pequeno tem problemas quando uma fraternidade universitária se muda para casa ao lado.

Seth Rogen está ficando velho, está com 32 anos. Depois de anos fazendo papeis de jovens irresponsáveis, agora ele “mudou de lado” e criou um jovem pai de família que entra em atrito com o tipo que ele interpretava pouco tempo atrás.

Dirigido por Nicholas Stoller (Ressaca de Amor, Cinco Anos de Noivado), Vizinhos (Neighbors, no original) tem até algumas boas piadas – a “festa temática do Robert de Niro” foi uma boa sacada, e toda a sequência do air bag é sensacional. Mas, no geral, as piadas são fracas, muitas delas apelando (sem sucesso) pro lado sexual pra tentar fazer graça. E uma comédia com piadas fracas é uma comédia ruim.

O elenco até que funciona. Seth Rogen interpreta o mesmo Seth Rogen de sempre, mas funciona pra proposta do filme. Zac Efron faz um bom trabalho subvertendo o papel de bom moço que lhe deu fama. Rose Byrne às vezes parece um peixe fora d’água, não acho que ela combina com esse estilo de filme. Ainda no elenco, Dave Franco, Carla Gallo, Lisa Kudrow e um completamente desperdiçado Christopher Mintz-Plasse.

Resumindo: Vizinhos até proporciona alguns risos. Mas no geral, fica devendo.

Passion

0-Passion-PosterCrítica – Passion

Epa! Tem filme “novo” do Brian de Palma por aí?

A rivalidade entre a chefe manipuladora de uma agência de publicidade e sua talentosa funcionária se intensifica, de roubo de créditos para humilhação pública e então para assassinato.

Explico as aspas do primeiro parágrafo. Passion é um filme de 2012, mas que – até onde sei – nunca foi lançado por aqui.

De Palma tem uma carreira repleta de grandes filmes, como Dublê de Corpo, Carrie, O Pagamento Final e Femme Fatale. Mas, sabe-se lá por que, depois de Dália Negra (2006) ele deu uma sumida. Em 2007 fez Redacted, um filme que foge do estilo que o consagrou. E agora, cinco anos depois, este Passion.

Agora sim, com um novo suspense criminal, poderíamos dizer que “Brian De Palma está de volta”. Mas… o problema é que Passion na verdade parece uma imitação do estilo do diretor, mas feito por alguém sem o mesmo talento…

Passion é a refilmagem do francês Crime de Amor, lançado apenas dois anos antes. Não vi o original, não tenho como comparar. Mas arrisco dizer que foi um erro refilmar um filme elogiado tão pouco tempo depois do original. Primeiro, porque se é pra refilmar, que seja um filme velho e esquecido, ou então um filme que não foi bem recebido. Segundo, porque De Palma merece projetos melhores.

O elenco também não está muito bem, mas de repente isso acontece porque o roteiro (escrito por De Palma e por Natalie Carter, autora do roteiro original) não ajuda. Rachel McAdams está bem, mas Noomi Rapace parece apagada. Os coadjuvantes conseguem ser ainda piores – Karoline Herfurth é bonitinha, mas fraquinha; Paul Anderson tem um papel muito mal construído.

O resultado? Vemos vários elementos “depalmianos”: a tela dividida, a música de Pino Donnagio, mulheres bonitas, tensão sexual – e tudo isso De Palma sabe como filmar bem. Mas o ritmo lento e umas viradas de roteiro forçadas atrapalham, e o resultado fica devendo.

Pena. Ainda quero o velho De Palma de volta.

Malévola

Malévola-posterCrítica – Malévola

Mais uma adaptação de conto infantil!

Desta vez, revemos a história da Bela Adormecida, desta vez, sob a ótica da antagonista Malévola, uma bela e ingênua jovem fada que acaba sendo vítima de uma traição, o que transforma seu coração em pedra e a torna numa vilã vingativa.

Diferente de outras adaptações recentes(João e Maria – Caçadores de Bruxas, Branca de Neve e o Caçador), Malévola é bastante fiel à versão mais conhecida – não estou falando da versão original, e sim o desenho animado de 1959 também da Disney.

Malévola (Maleficent, no original) tem seus pontos altos e baixos. Vamos primeiro ao que funciona.

O filme foi dirigido pelo estreante Robert Stromberg. Bem, estreante na cadeira de diretor, mas experiente na área de efeitos especiais – trabalhou nos efeitos de dezenas de filmes, e ganhou dois Oscars de Direção de Arte, por Alice no País das Maravilhas e Avatar. Ou seja, esteticamente, Malévola é um belo filme, e os efeitos especiais enchem os olhos – apesar de alguns personagens da floresta serem meio bobos e lembrarem Muppets mal feitos, alguns efeitos, como a Aurora flutuando, são impressionantes.

Mas o melhor de Malévola é a personagem título. Angelina Jolie e seus olhos brilhantes encarnam uma Malévola perfeita, que lembra a vilã da versão animada (que, convenhamos, era a melhor coisa do desenho). A cena em que ela amaldiçoa a Aurora é bem legal!

Agora vamos ao que “derrubou” o filme pra mim. Mas, antes, avisos de spoilers violentos!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Uma das coisas mais furadas que existe na história clássica é o lance da Aurora ser acordada por um “beijo de amor verdadeiro”. No desenho, um príncipe a vê dormindo e a beija. Na boa, isso não é amor verdadeiro. Digo mais: este príncipe é pervertido e tem um pé na necrofilia – quem se apaixona perdidamente por uma pessoa dormindo?

Malévola conserta isso. O “beijo de amor verdadeiro” aqui é muito mais coerente com o mundo real. Legal. Mas… A gente acabou de ver exatamente isso em Frozen!

FIM DOS SPOILERS!

Além disso, o filme traz algumas coisas que não têm muita lógica, tipo, por que o nome dela é “Malévola” se ela não é má? E por que o rei mandou Aurora passar mais de uma década longe, sob a guarda de três fadas atrapalhadas, se a maldição era só para o dia que ela completasse dezesseis anos? Aliás, o rei se preparou por dezesseis anos e aquilo foi tudo o que ele conseguiu?

Falando das fadas, há tempos não vejo personagens tão irritantes. Nada funciona. E olha que gosto da Imelda Staunton e da Juno Temple (a terceira fada é interpretada por Lesley Manville).

Ah, quase esqueço de falar do resto do elenco. O quase sempre bom Sharlto Copley aqui tem o pior papel de sua carreira (o rei burro e incompetente); Elle Fanning esbanja simpatia com seu belo sorriso; Sam Riley está bem como “escada” para Angelina Jolie.

Resumindo: mais uma boa releitura contemporânea de contos clássicos. Pena que tropeça às vezes.