Batman

Crítica – Batman

Sinopse (imdb): Quando o Charada, um serial killer sádico, começa a assassinar figuras políticas importantes em Gotham, Batman é forçado a investigar a corrupção oculta da cidade e questionar o envolvimento de sua família.

Tinha uma galera reclamando “nas internetes’ sobre este novo Batman. As críticas sempre eram quase sempre relacionadas ao novo protagonista, Robert Pattinson, que parece que sempre será lembrado como o “vampiro purpurina” da saga Crepúsculo. Heu não tenho nada contra ele, sei que é um bom ator. Minha dúvida com este filme era “mas será que a gente já precisa de um novo Batman?” Afinal, “anteontem” ainda era o Ben Affleck, que, na minha humilde opinião, fez um bom trabalho como o homem morcego, e ano passado teve filme com ele no papel.

Mas, Hollywood é assim, eles vão fazer novos filmes não importa se é a hora certa ou não. Pelo menos, a boa notícia: este novo Batman é muito bom!

Ok, quase 3 horas, não precisava de tanto, podia cortar algumas gordurinhas aqui e ali e fazer um filme mais enxuto. Mas algumas cenas são tão boas que entrariam facilmente numa lista de momentos mais icônicos de todos os filmes do Batman, como a cena no corredor escuro onde só vemos alguma coisa quando os vilões atiram; ou a cena de cabeça para baixo do Batman vindo até o carro capotado, na chuva e com a explosão ao fundo.

Dirigido por Matt Reeves, que já tinha mostrado competência na franquia Planeta dos Macacos, Batman (The Batman, no original) é um belo espetáculo visual. A fotografia de Greig Fraser (que está concorrendo ao Oscar por Duna) é um espetáculo, muitas cenas escuras, muitas cenas com chuva, muito contra luz. E não é só isso, a cenografia também enche os olhos – Gotham é uma cidade suja e decadente. Também gostei de como os vilões aparecem mais reais – o Pinguim parece mais um líder mafioso do que um freak (como era o Danny De Vito do filme de 1992); e o Charada é um louco com seguidores pela internet.

Vamos ao elenco. Robert Pattinson já mostrou que é um bom ator, e ele está muito bem como o Batman. Mas… Não curti muito ele como Bruce Wayne. Enquanto o novo Batman me convenceu, o Bruce Wayne do Christian Bale vinha à minha cabeça cada vez que aquele jovem emo aparecia na tela. Zoë Kravitz está ótima como a Selina Kyle, e a relação dela com o Batman é perfeita. Paul Dano está impressionante como o Charada, e Colin Farrell, irreconhecível como o Pinguim. Também no elenco, Peter Sarsgaard, John Turturro, Andy Serkis e Jeffrey Wright.

Tem uma perseguição de carro que me causou sensações opostas. Por um lado, é uma cena plasticamente muito bonita. Muitas luzes, muita água, a cena eleva a adrenalina lá no alto. Mas, por outro lado, as imagens são muito entrecortadas. Nem consegui ver a cara do novo Batmóvel. Vão me xingar, mas deu saudade de Velozes e Furiosos

Tenho um comentário negativo sobre a trilha sonora de Michael Giacchino. O tema que fica tocando repetidamente é muito igual à marcha imperial de Guerra nas Estrelas. Ok, boa trilha, mas preferia um tema diferente.

A sessão de imprensa foi na segunda de carnaval, não fui porque estava viajando com a família, e o filme ia estrear no dia seguinte. Fui então terça em uma sessão dublada com meus filhos. Dois comentários, um geral e um pessoal. O primeiro comentário é que não só a dublagem é muito boa, como o filme tem várias coisas escritas na tela, e quase tudo estava em português – conseguiram alterar os textos! O comentário pessoal é que o Charada foi dublado pelo meu amigo Philippe Maia, que fez um trabalho excelente!
Claro que o filme tem espaço para continuações. Que mantenham a qualidade!

Ah, tem uma cena pós créditos com uma piada bem cretina. Ri alto na sala de cinema, não pela piada, e sim pela quantidade de gente que ficou esperando para ver aquilo!

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

Crítica – Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

Sinopse (imdb): Com a identidade do Homem-Aranha revelada, Peter pede ajuda ao Doutor Estranho. Quando um feitiço corre mal, inimigos perigosos de outros mundos começam a aparecer, forçando Peter a descobrir o que realmente significa ser o Homem-Aranha.

Se existe um filme que pode ser chamado de “o filme mais aguardado de 2021”, é este novo Homem Aranha. Desde que saiu o primeiro trailer, que mostrou o Dr Octopus do Alfred Molina, repetindo o papel do do filme de 2004, quando era outro ator fazendo o Homem Aranha, os nerds estão pirando pela internet. Afinal, há poucos anos tivemos o desenho do Aranhaverso, que trazia diferentes Homens Aranhas – será que isso seria possível num filme live action? Outros vilões apareceram nos trailers seguintes, mas…

Mas, não vou entrar em spoilers. Aqui neste texto o limite do spoiler é o trailer: trabalharei apenas com a informação que já temos: existem vilões dos outros dois Homens Aranha.

Mais uma vez dirigido por John Watts, Homem Aranha: Sem Volta Para Casa (Spider-Man: No Way Home, no original), este novo filme continua e redireciona a história deste Peter Parker dentro do MCU, por um caminho que acho que ninguém poderia imaginar. E arrisco dizer: os fãs do Aranha sairão do cinema emocionados.

Para a surpresa de ninguém a parte técnica enche os olhos. Os efeitos especiais são perfeitos. Em determinado momento do filme eles entram no mundo espelhado do Dr Estranho, onde cidades se dobram parecendo um grande caleidoscópio. E não são só os efeitos: logo no início, a gente é apresentado a toda a situação do Peter Parker num bem sacado plano sequência dentro do apartamento.

É complicado de falar sobre o elenco porque entramos na área cinza dos spoilers. Mas, combinei que o que está no trailer pode ser comentado, né? Então queria elogiar o Willem Dafoe, que consegue convencer com todas as nuances do Norman Osborne / Duende Verde.

Se tem um ponto negativo, heu diria que é a participação do Doutor Estranho. Nada contra o ator, mas o personagem convenientemente sai de cena por um bom tempo, e volta só na hora que o roteiro precisa. Estragou o filme? Não. Mas forçou a barra.

Queria comentar a trilha sonora, mas posso cair no mesmo problema dos spoilers. Só digo que o Michael Giacchino mandou bem mais uma vez.

Recentemente tivemos a notícia que este Home Aranha do Tom Holland terá mais três filmes. O fim de Homem Aranha: Sem Volta Para Casa encaminha para este quase reboot. Teremos o mesmo ator, mas o Aranha será diferente no futuro do MCU.

Como acontece tradicionalmente nos filmes do MCU, são duas cenas pós créditos, uma depois dos créditos principais, com uma cena que será importante para o futuro do MCU; e, no fim de tudo, em vez de uma cena pós créditos, temos quase um trailer do vindouro filme do Doutor Estranho. Meio frustrante, preferia ver uma cena pós créditos do que uma propaganda.

Eternos

Crítica – Eternos

Sinopse (imdb): A saga dos Eternos, uma raça de seres imortais que viveram na Terra e transformaram sua historia e civilização.

Antes de entrar no filme, uma breve contextualização. Ao longo de 11 anos e mais de 20 filmes, a Marvel construiu um sólido universo cinematográfico, que culminou no Vingadores Ultimato, filme que trouxe todos os personagens apresentados anteriormente.

E agora? Agora é hora de olhar pra frente: novos filmes com novos personagens – que devem se unir em breve a personagens antigos em novo grande filme a ser produzido.

Este ano tivemos Shang Chi, dirigido pelo quase desconhecido Destin Daniel Cretton, que é exatamente isso: um filme mostrando um novo universo de personagens e super poderes. Um filme bonito e empolgante, que deixa o espectador com vontade de rever assim que sai do cinema.

E agora temos este Eternos, dirigido pela oscarizada Chloé Zhao, que mostra um novo universo de personagens e super poderes. Um filme bonito, mas nada empolgante, que deixa o espectador sem nenhuma vontade de rever.

(Pra falar a verdade, a primeira coisa que pensei quando terminou a sessão foi “putz, tenho que rever no fim de semana, prometi aos meus filhos).

Ninguém vai discutir o talento da Chloé Zhao. Acho Nomadland um filme superestimado, não acho que merecia o Oscar de melhor filme, mas é um filme inegavelmente bem filmado. Agora, sejamos sinceros, Nomadland não tem nada a ver com filme de super heróis. Não adianta chamar uma boa diretora se a proposta dela é diferente da proposta do filme.

Seria mais ou menos como chamar Quentin Tarantino pra dirigir um drama sério; ou Denis Villeneuve pra dirigir uma comédia romântica, ou ainda Martin Scorsese pra dirigir um terror slasher. Serão filmes competentes, claro, estamos falando de diretores de primeira linha, não iam fazer filmes ruins. Mas dificilmente trariam bons resultados.

Este é o problema de Eternos. Chloé Zhao fez um filme bonito, que enche os olhos com seus detalhes técnicos – mas fez um filme que não empolga. Certamente quero ver mais do Shang Chi, mas não faço questão de ver mais dos Eternos.

Deve ser por isso que tem tanta gente por aí falando mal de Eternos. Mas, como falei, o filme não é ruim. Falta muito pra ser bom, mas está longe de ser ruim. Vamulá.

Eternos é um filme lindo. Várias imagens belíssimas, com cenários deslumbrantes. Os efeitos dos Eternos são criados por linhas, achei uma ideia simples e visualmente muito bonita. Os monstros deviantes também são muito bem feitos. Também gostei das várias ambientações em locais de diversos pontos do planeta, em diversas épocas (só não gostei da galera falando espanhol na Amazônia…)

Eternos brinca com elementos históricos – se os caras são super heróis que estão na Terra há 7 mil anos, muita coisa entra na vibe de Eram os deuses astronautas. Paralelo a isso, temos o uso de elementos da cultura pop – citar Star Wars é corriqueiro, mas não me lembro de outro filme do MCU citando a DC duas vezes (Batman e Superman).

Uma coisa que funciona bem aqui é a representatividade. Os Eternos chegaram no planeta 7 mil anos atrás, então tem tudo a ver o grupo ter várias etnias. Claro, é Hollywood, então é normal ter mais caucasianos. Dentre os homens, temos um um americano negro (Brian Tyree Henry), um escocês (Richard Madden), um irlandês (Barry Keoghan), um paquistanês (Kumail Nanjiani) e um sul coreano (Ma Dong-seok). E dentre as mulheres, tem uma filha de chineses (Gemma Chan), uma mexicana (Salma Hayek), e, se as outras três são três americanas, uma é adolescente (Lia McHugh) e outra é surda muda (Lauren Ridloff) – completa o time mais uma americana (Angelina Jolie).

(Tive sentimentos opostos relativos à Lauren Ridloff. Por um lado, é muito legal ter uma surda muda dentre os heróis da Marvel. Mas por outro lado fiquei pensando se um ser tão poderoso, um quase deus, teria uma deficiência como surdez. Pelo menos a atriz manda bem e sua personagem é ótima.)

Ah, em tempos de polêmica sobre o beijo gay do filho do Superman, Eternos mostra o primeiro beijo gay da história do MCU!

Gostei dos personagens, cada um tem poderes diferentes e a gente consegue entender como eles funcionam sem precisar de muita explicação. Agora, tem um problema: como são muitos, temos pouco tempo para nos aproximar de cada um. Assim o espectador não se importa se alguma coisa acontecer com algum personagem.

Li críticas ao personagem Kingo por ser um alívio cômico. Discordo, achei o humor do personagem no ponto certo. Ah, claro é Marvel, então tem humor. Mas aqui é pouco, são poucas piadas.

Ainda sobre o elenco: achei uma falha do roteiro quando o personagem do Kit Harrington some e depois volta do nada. Mas, pior do que isso é na parte final, quando um dos personagens simplesmente some logo antes do clímax do filme. Como assim? Será que essa era a melhor solução?

(Tem uma personagem chamada Sersi e tem o Jon Snow e o Rob Stark. Ainda não vi as piadas de Game of Thrones…)

Agora, não precisava de duas horas e trinta e sete minutos. Várias cenas são arrastadas, em vários momentos a gente sente que faltou uma edição mais enxuta. É um filme bonito, mas, diferente do comum na Marvel, nada empolgante.

Conversando com críticos amigos depois da sessão, ouvi comentários de que o filme cansa porque a narrativa não é linear. Discordo. Gostei da narrativa não linear, repleta de flashbacks pra mostrar histórias do passado deles.

O filme se passa no universo do MCU, personagens e eventos do MCU são citados algumas vezes, mas este é um filme independente dos outros. Não precisa (re) ver nenhum outro para entender.

Claro, tem duas cenas pós créditos, com ganchos para continuações. Que a gente espera que tenha outro diretor.

Venom: Tempo de Carnificina

Crítica – Venom: Tempo de Carnificina

Sinopse (imdb): Eddie Brock tenta reacender sua carreira entrevistando o assassino serial Cletus Kasady, que se torna o hospedeiro do simbionte Carnage e escapa da prisão após uma execução fracassada.

Preciso começar avisando que achei bem ruim o primeiro Venom, de 2018. Mas filme de universo de super heróis tem que entrar aqui, né? Então vambora.

O primeiro filme foi ruim, então a expectativa agora era bem baixa. Mas, pelo menos pra mim, sabe o que piorou o segundo filme? Foi o Esquadrão Suicida. Porque a gente tem que lembrar que o Venom originalmente é um vilão, então um problema que a produção tem é como fazer um filme “limpinho” onde o personagem título é um vilão que come cérebros humanos. Aí a gente vê um filme sem violência, sem mortes e sem sangue, e lembra que Esquadrão Suicida tem violência, tem mortes, tem sangue, e tem humor negro. Fica difícil aceitar um conceito de um vilão-herói em um filme feito pra crianças.

O King Shark / Nanauê é o Venom que deu certo! Pensa só, ele um grandalhão que mata e come pessoas, e que solta várias piadas durante o filme. O Venom só diz que quer matar, mas não mata ninguém; e passa o filme inteiro tentando fazer piadas, mas todas são sem graça! Tem uma cena do Venom cozinhando que parecia sessão da tarde!

Dirigido por Andy Serkis, mais conhecido como “o cara” da captura de movimento – ele era o Gollum e o Caesar (Planeta dos Macacos), Venom: Tempo de Carnificina tem uma história besta, personagens bobos, e um antagonista mal construído – Woody Harrelson está caricato demais, e o roteiro pouco aproveita do passado do seu personagem.

O resultado final é esse. Um filme bobo e desnecessário. Mas que, como tem boa bilheteria, vão continuar fazendo mais.

Ah, tem uma cena pós créditos bem importante pro futuro da franquia. Mais não digo porque não quero falar spoilers.

Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis

Crítica – Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis

Sinopse (imdb): Shang-Chi é obrigado a confrontar um passado que julgava ter deixado para trás quando é atraído à teia da misteriosa organização conhecida como os Dez Anéis.

Ah, como é bom viver este momento! Sou fã do cinema de entretenimento, do blockbuster bem feito, e é muito bom estar acompanhando ano a ano o que a Marvel está construindo com o MCU. Foram mais de vinte filmes ao longo de 11 anos, pouco a pouco construindo um time de super heróis que se juntariam num grande evento que foram os dois últimos filmes dos Vingadores.

E a pergunta que ficava na cabeça do espectador era: e agora? O que vem depois? Como seguir em frente depois de algo tão grandioso?

Vieram as séries (WandaVision, Loki e Falcão e o Soldado Invernal), mostrando opções para o futuro do MCU, boas séries, mas ainda sem muitas novidades, tudo muito preso ao que já existia (ok, Loki mostrou um novo caminho). Veio o filme da Viúva Negra, bom filme, mas que veio atrasado, e também muito preso ao passado do MCU.

E agora estreia Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis, um filme de origem, onde a Marvel finalmente apresenta novos personagens e um novo universo a ser explorado.

O personagem Shang Chi era publicado aqui no Brasil em HQs com o nome de “Mestre do Kung Fu”, mas, nunca li nenhuma dessas revistas (assim como nunca li nenhuma HQ dos outros heróis). Aliás, vou te falar que nunca tinha ouvido falar do personagem. Mas, pra este filme, não precisa conhecer previamente. Tudo o que precisamos saber do personagem está no filme.

Dirigido pelo quase desconhecido Destin Daniel Creton, Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis (Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings no original) traz um visual deslumbrante, lutas excelentes, personagens carismáticos e uma história envolvente. Nada mal para um filme de origem de um novo super herói.

Aliás, é bom falar. Assim com acontecia nos primeiros filmes de cada super herói, Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis é um filme independente dos outros. Se você nunca viu nenhum filme do MCU, sem problemas, você pode acompanhar tudo o que acontece aqui. Mas, tudo se passa dentro de um contexto, onde tudo o que existia antes continua sendo respeitado. Alguns elementos do MCU são inseridos aqui, pra mostrar que Shang Chi faz parte de um projeto maior.

A primeira coisa que chama a atenção em Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis é o visual. A fotografia é linda, cheia de cores, cheia de elementos da natureza. E as lutas são ótimas, tanto pelas coreografias quanto pelos efeitos usados nelas. Por fim, ainda temos um cgi perfeito, que mostra seres fantásticos e efeitos impressionantes com água.

(Parênteses pra voltar a falar das lutas. A luta no ônibus, que aparece no trailer, é muito boa, e olha que a gente já teve outra luta boa em ônibus este ano, em Anônimo. E a luta onde o casal se conhece é sensacional, uma mistura de luta com dança onde os adversários flutuam lembrando filmes como O Tigre e o Dragão. E essas duas lutas são no início do filme!)

O elenco principal é quase todo oriental, um bom sinal que finalmente Hollywood está se diversificando – se Shang Chi fosse feitos anos atrás, ia ter um monte de gente branca no elenco. O papel principal ficou com Simu Liu. Heu não conhecia ele, achei que era que nem o Chris Hemsworth, que era um coadjuvante de poucos papéis antes de virar o Thor, mas o imdb dele tem títulos desde 2012. Gostei dele, vai ser uma boa vê-lo nos próximos filmes do MCU. O pai do Shang Chi é interpretado por Tony Leung, ator chinês que tem uma filmografia enorme, e não me lembro de nenhum filme hollywoodiano – lembro dele em Bala na Cabeça, um dos meus filmes favoritos do John Woo (ele também fez Fervura Máxima e A Batalha dos Três Reinos com o John Woo). Tony Leung também está ótimo, é um vilão bem construído, dá pra entender suas motivações.

E são pelo menos quatro papeis femininos importantes. Duas eram novidades pra mim: a mãe, interpretada por Fala Chen; e a irmã, interpretada por Meng’er Zhang (segundo o imdb, é seu primeiro papel). Gostei das duas, são bonitas, carismáticas, lutam bem, vou procurar mais filmes com ambas. Também tem a Michelle Yeoh, currículo enorme, inclusive foi citada aqui recentemente duas vezes, em Gunpowder Milkshake e Boss Level – e não podemos esquecer que ela estava em O Tigre e o Dragão, citado lá em cima. Por fim, tem a Awkwafina como alívio cômico. Descobri que ela tem um grande fã clube, mas, sei lá, acho ela meio sem graça. Pelo menos aqui em Shang Chi ela funcionou bem, as piadas foram bem dosadas.

Ah, não só são vários atores orientais, também achei muito bom ver um blockbuster americano com muitos diálogos em chinês!

Tem mais nomes no elenco, mas pode ser spoiler. Heu não sabia, foi uma agradável surpresa, então não vou falar aqui.

É Marvel, então tem humor. Mas não é uma comédia assumida como Thor Ragnarok, por exemplo. É um filme de ação com momentos engraçados.

Ah, claro, tem cenas pós créditos. Duas. Uma no fim dos créditos principais, outra lá no final de tudo. Padrão.

Heu poderia continuar falando aqui, mas vou parar pra não ficar muito grande. Em breve vou gravar um podcrastinadores, e com spoilers, lá entrarei em mais detalhes. Fiquem de olho em podcrastinadores.com.br

O Esquadrão Suicida

Crítica – O Esquadrão Suicida

Vou começar lançando a polêmica: será que estamos diante do melhor filme da DCEU?

Sinopse (imdb): Os supervilões Harley Quinn, Bloodsport, Peacemaker e uma coleção de malucos condenados na prisão de Belle Reve juntam-se à super-secreta e super-obscura Força Tarefa X enquanto são deixados na remota ilha de Corto Maltese, infundida pelo inimigo.

Antes de começar, vamos explicar as siglas. A Marvel tem o MCU, o Marvel Cinematic Universe, que é o universo onde estão situados as dezenas de filmes. DCEU é o DC Extended Universe, o paralelo da DC. Não leio HQs, então não posso palpitar sobre qual editora é mais bem sucedida nos quadrinhos. Mas no cinema, nem o mais fanático fã da DC vai deixar de reconhecer a superioridade da Marvel.

(Bem, fãs fanáticos às vezes têm cegueira seletiva, então se o cara é muito fanático ele não vai reconhecer os fatos. Mas isso é assunto pra outro post.)

Em 2016 a gente viu o primeiro filme do Esquadrão Suicida, que teve um trailer excelente, um bom início, mas que depois se perdeu completamente e conseguiu decepcionar quase todo mundo. Até achei que iam desistir do time do Esquadrão Suicida, deixa pra lá, foi uma parada que não deu certo.

Mas aí apareceu um James Gunn no horizonte. Vamos lembrar quem é James Gunn? O cara começou na Troma, produtora de filmes trash, acho que seu primeiro trabalho no cinema foi o roteiro de Tromeu e Julieta, de 1996. Ele tinha uma carreira discreta, com filmes “menores” como Seres Rastejantes (2006) e Super (2010), até que foi contratado pela Marvel pra fazer Guardiões da Galáxia. Só pra dar um exemplo da proporção: o orçamento de Super era de 2,5 milhões de dólares, enquanto Guardiões tinha 170 milhões.

Guardiões da Galáxia era um projeto audacioso. Um filme que se encaixaria nos filmes dos Vingadores, mas era uma aventura espacial com um grupo que tinha um guaxinim e uma árvore, feito por um diretor que começou na Troma. E o resultado foi excelente, um dos melhores filmes do MCU (lembrando que tem um monte de filmes bons no MCU!).

Claro que a moral do James Gunn subiu. Ele fez o Guardiões volume 2, e ia fazer o terceiro – até que resolveram catar uns tweets politicamente incorretos que ele tinha feito anos antes, e a conservadora Disney (como mencionei no texto de anteontem sobre Jungle Cruise) o demitiu.

A Warner então o contratou pra “consertar” o Esquadrão Suicida – afinal, tanto os Guardiões quanto o Esquadrão são grupos de anti-heróis com alguns esquisitões no meio.

Vendo isso, a Disney o recontratou pra fazer Guardiões 3, mas antes ele ainda ia fazer este Esquadrão Suicida antes.

E agora a gente tem um James Gunn livre das restrições da Disney. O Esquadrão Suicida parece uma mistura dos anti-heróis de Guardiões da Galáxia com a violência e o humor politicamente correto do Deadpool. Um filme violento, engraçado, e, principalmente, divertidíssimo!

Antes de entrar no filme, vamos à pergunta: é uma continuação ou um reboot? Na verdade, tem cara de reboot, mas é uma continuação. Alguns personagens do outro filme voltam. Mas não precisa (re)ver aquele, a história aqui é independente.

Uma das poucas coisas boas do primeiro filme foi a introdução dos personagens. Aqui não tem isso, sabemos pouco sobre cada um. Mas sabe que não fez falta? O filme até faz piada com isso.

Falei que o filme era violento, né? MUITO violento. Sem entrar em spoilers, mas muita gente morre no filme. Aliás, essa é uma grande diferença para os filmes de super heróis que a gente está acostumado. Aqui morre um monte de gente, tanto personagens quanto extras. Mas não são mortes dramáticas – apesar de algumas serem bem gráficas – tem tiro na cara, tem cabeça explodindo… O filme tem muito sangue, mas a pegada é humor negro – várias mortes geram gargalhadas.

Um bom exemplo disso é uma sequência muito boa onde rola quase uma competição entre o Idris Elba e o John Cena pra ver quem é mais eficiente matando. E quase todas as mortes são engraçadíssimas. E o encerramento da sequência é inesperado e genial!

Uma coisa que gostei muito aqui é justamente essa imprevisibilidade. O roteiro sai do óbvio várias vezes (característica que também acontecia em Guardiões da Galáxia). Você está vendo a cena, achando que ela vai ter uma conclusão, e o roteiro te dá uma rasteira e mostra outro caminho. Gosto disso, gosto de ser surpreendido por soluções fora do óbvio.

As cenas de ação são muito boas. São várias, com vários personagens, e a câmera sempre consegue mostrar bem a ação. E os efeitos especiais também são ótimos. Falei mal da onça de Jungle Cruise, né? O Tubarão Nanaue aqui é muito mais bem feito. Ok, parece uma ideia reciclada, um novo Groot – inclusive porque ambos são dublados por atores famosos (o Groot é o Vin Diesel; o Nanaue é o Sylvester Stallone). Mas, assim como o Groot é um personagem adorável, digo o mesmo sobre o Nanaue.

Ah, ainda nos efeitos. O filme é entrecortado por intertítulos, como se fossem títulos para cada capítulo. E esses intertítulos são escritos com elementos que estão na cena. Boa ideia. Simples e eficiente.

Claro que ainda preciso falar da trilha sonora. Assim como nos dois Guardiões, a trilha aqui é muito bem escolhida. E, olha só, tem música brasileira no meio!

O elenco é ótimo. Mas, como falei, morrem personagens, então não vou entrar em detalhes sobre cada um, pra não dar indícios de quais são os mais importantes. Pelo star power do elenco, arrisco a dizer que os principais seriam Margot Robbie e Idris Elba, mas o filme divide bem o protagonismo entre todo o time. Tem a Alice Braga, num papel pequeno mas importante, mais um filme fantástico na carreira dela (comentei sobre isso no texto sobre Novos Mutantes). Também no elenco, Michael Rooker, Viola Davis, Joel Kinnaman, Nathan Fillion, Jai Courtney, Sean Gunn, John Cena, Daniela Melchior, David Dastmalchian, Sylvester Stallone, Peter Capaldi e uma ponta do Taika Waititi (pisque o olho e você perderá!).

Se for pra falar mal de alguma coisa, falo do vilão Thinker, interpretado pelo Peter Capaldi. Personagem sub aproveitado. Não estraga o filme, claro. Mas é um personagem besta.

Heu poderia continuar falando aqui, mas chega. O filme estreia hoje, quero rever assim que possível. E recomendo pra qualquer um que goste de se divertir nos cinemas.

Ah, tem cena pós créditos! Fiquem até o fim do filme!

Por fim, só pra confirmar a frase do início. Não dá pra comparar este filme com filmes de fora do DCEU, como Coringa ou a trilogia do Nolan, porque são propostas completamente diferentes. Agora, dentro do DCEU, já tivemos Homem de Aço, Batman vs Superman, Esquadrão Suicida, Mulher Maravilha, Liga da Justiça, Aquaman, Shazam, Aves de Rapina, Mulher Maravilha 84 e o novo Liga da Justiça versão do diretor. Alguns bons, outros maomeno, outros ruins. É, olhando a lista, O Esquadrão Suicida é realmente o melhor até agora.

#pas

Viúva Negra

Crítica – Viúva Negra

Sinopse (imdb): Em missões entre os filmes Guerra Civil e Guerra Infinita, Natasha Romanoff precisa lidar com seu passado como espiã e os relacionamentos rompidos deixados em seu rastro, muito antes de se tornar uma Vingadora.

A Marvel deu sorte com timing da pandemia. Quando os cinemas fecharam, a Marvel tinha acabado de fechar a fase 3 com Vingadores Ultimato e Homem Aranha Longe de Casa – imagina se tivessem fechado antes do Vingadores Ultimato?

Sem os cinemas, a Marvel se adaptou ao streaming e lançou 3 séries, Wandavision, Falcão e o Soldado Invernal e Loki – enquanto Falcão e o Soldado Invernal segue o formato dos filmes, Wandavision e Loki pegaram caminhos diferentes e mostraram que a Marvel ainda pode ir muito longe quando se fala de audiovisual de super heróis.

Mas… Cinemas estão aos poucos voltando, e ao mesmo tempo o streaming tá aí firme e forte, e finalmente chegou a hora de um novo lançamento de filme do MCU. Viúva Negra estreia nos cinemas e ao mesmo tempo no Disney+.

Finalmente temos o filme solo da Natasha Romanoff – tivemos filmes solo de vários outros, por que nunca tinham feito o dela? Dirigido pela quase desconhecida Cate Shortland (mais uma vez mostrando que a Marvel faz “filme de produtor” e não “filme de diretor”), Viúva Negra é o filme que estava faltando. Pena que talvez tenha vindo tarde demais. Tarde demais porque a Natasha morreu no último Vingadores, e a princípio sua personagem não voltará mais. Será que não era melhor ter esse filme antes?

Enfim, antes tarde do que nunca. Viúva Negra é um “legítimo Marvel”. Cenas de ação excelentes, algumas piadinhas aqui e ali, inclusive satirizando os clichês de super herói – em determinado momento a Yelena pergunta por que a Natasha sempre cai fazendo pose. E, principalmente, um filme sólido e coeso com um grande universo cinematográfico cada vez mais complexo.

Não li nada antes de assistir, achava que era o “filme de origem”, mas, na verdade, Viúva Negra se passa entre Guerra Civil e Guerra Infinita. Mas, ok, o filme ficou coerente com o MCU.

Claro que temos vários novos personagens. Rachel Weisz e David Harbour estão bem – Harbour faz um alívio cômico que beira a caricatura, mas heu gostei do personagem. Mas, a melhor coisa do elenco é Florence Pugh, que já tinha mandado bem em Midsommar, e aqui quase rouba o protagonismo da Scarlett Johansson. Ela é uma excelente personagem, não só na parte física (ela é muito boa nas cenas de briga). mas também no pouco espaço que o filme deixa pro drama – a personagem dela, Yelena, é quem mais sofreu as consequências dos atos praticados no início do filme.

Sobre os vilões, duas críticas. Gostei do Taskmaster, que parece meio um robô – e tem olhos de cylon! Mas o plot twist sobre quem é debaixo da armadura é meio óbvio. Já o outro vilão, Dreykov, vivido por Ray Winstone, é bem clichê. Sabe aquele vilão que conta o plano todo para o mocinho no momento chave do filme? Poizé. Ok, entendo que metade dos filmes de ação têm esse clichê, mas, da Marvel, a gente espera mais, né? (Pô, tá rolando a série do Loki! Que vilão!)

A mesma crítica falo sobre o terceiro ato do filme. Muita correria e muita explosão, a gente até se perde no meio daquilo tudo. Mas, repito, metade dos filmes de ação têm isso, não é uma crítica à Viúva Negra em particular… Agora, vou te falar que a cena final é de tirar o fôlego. Não falo aqui por causa de spoilers, mas é quando a Natasha consegue escapar.

(Um pequeno parênteses pra reclamar de uma cena em particular: quando a avalanche alcança a prisão, as montanhas não estavam meio longe? Uma avalanche avança tanto em terreno plano?)

Apesar desses clichês, curti o filme. A Marvel continua mostrando porque virou referência quando se fala de filme de super heróis. Aguardemos os próximos, ainda estão previstos mais 3 filmes ainda este ano: Shang Chi, Eternos e o novo Homem Aranha.

Ah, tem uma cena pós créditos. Boa cena. Mas só quem estiver em dia com a Marvel que vai pegar.

Liga da Justiça de Zack Snyder

Crítica – Liga da Justiça de Zack Snyder

Heu não ia postar este texto. Pra fazer um bom texto sobre esta nova versão de Liga Da Justiça, o tal “Snydercut”, heu precisaria rever o original, e não estava nem com tempo nem com saco para tal. Mas, me pediram, e, parafraseando o meu lado músico, “o artista tem que ir aonde o povo está”.

Então vamulá. Mas vou falar mais do conceito do que da nova versão do filme.

Primeiro, queria falar do conceito de “versão do diretor”. Não faz muito tempo, gravei um Podcrastinadores sobre versões do diretor. Existem casos e casos, mas o mais comum é quando o estúdio pede uma alteração e o diretor faz a contragosto (existe uma área cinzenta sobre quem é o “dono” do filme, normalmente o diretor é o dono da visão artística, mas o real dono do filme é o produtor, tanto que é este que ganha o Oscar de melhor filme). Um exemplo famoso é a narração em Blade Runner. Diziam na época que o estúdio pediu uma narração em off, aí o Ridley Scott teria pedido ao Harrison Ford pra falar de má vontade pra convencer os produtores a tirar a narração, mas os produtores teriam achado genial, porque o filme ficou com cara de filme noir.

O fato é: normalmente uma versão do diretor é uma coisa pros fãs. Tenho aqui o DVD de Quase Famosos, um dos meus filmes favoritos. É um DVD duplo, um dos DVDs é a versão que passou nos cinemas, com 1 hora e 58 minutos; o outro é a versão do diretor, com 2 horas e quarenta minutos. Quem quer ver um bom filme, veja a versão pro cinema; quem quer ver um bom filme com mais algumas cenas legais, veja a versão estendida.

Ah, também queria falar de outro caso, A Pequena Loja dos Horrores, outro dos meus filmes favoritos. Na época, 1986, filmaram dois finais – um era o final do teatro, um final pessimista, onde o herói morre e a planta vence (spoiler!); o outro era um final feliz, onde o herói consegue derrotar a planta. Na época, acharam melhor deixar o final feliz, e nem divulgaram o outro final – era 1986, nem existia internet! Até que, uns 20 anos depois, anunciaram na Amazon um blu ray com um “final alternativo”. Comprei, comecei a ver, e eram mais de 20 minutos de cenas novas! Que heu nem sabia que existiam!

Bem, chega de falar de outras versões estendidas. Mas, antes de entrar no Snydercut, vamos nos situar historicamente.

O ano era 2017, mais pro fim do ano. A Marvel estava a toda, lançando filmes do MCU desde 2008 – nessa época estávamos com Thor Ragnarok, o décimo sétimo filme do MCU. Enquanto isso, a DC continuava lançando um filme aqui, outro ali, alguns bons, outros não, o último tinha sido o fraco Batman vs Superman. Ao ficar pra trás, no desespero, a DC fez um “all in” de poker, e lançou um filme com todos os super heróis – mas se esquecendo que antes de lançar o primeiro Vingadores, a Marvel tinha cinco filmes “solo” com Homem de Ferro, Capitão América, Hulk e Thor. E o filme da Liga ainda teve outro problema, que vou falar daqui a pouco. Ou seja, o resultado de Liga da Justiça foi cambaleante, e, na época, perdia na comparação com a rival. O terceiro filme de um herói de segunda linha, Thor, foi melhor que o filme que reunia Superman, Batman e Mulher Maravilha.

(Se heu fosse executivo da DC, propunha outro caminho. Esqueçam a Marvel, esqueçam o MCU, vamos focar em filmes solo, com temas mais adultos. Vamos seguir a linha de Coringa, que chegou a ser indicado a 11 Oscars, dos quais ganhou dois.)

O outro problema de Liga da Justiça não tem nada a ver com falta de planejamento, foi uma coisa muito triste. A filha do diretor Zack Snyder cometeu suicídio, e ele se afastou do projeto, que foi assumido pelo Joss Whedon. E foi por causa dessa troca que o Snyder, de um tempo para cá, começou a anunciar que queria apresentar a versão dele do filme, e seus fãs começaram a encher o saco de todos.

Até aí, ok. Faça que nem A Pequena Loja dos Horrores e lance uma nova versão para os fãs em home vídeo.

Mas, não. Novas filmagens foram feitas – ué, se refilmou, ainda conta como “novo corte”? – e os fãs malas estavam cada dia mais chatos sobre esse assunto. Não me lembro de nenhuma outra versão de diretor que gerou tanto assunto!

Bem, finalmente, vamos falar do filme.

Já falei que não revi o primeiro Liga da Justiça, então não vou fazer muitas comparações. Mas tem duas coisas que a gente precisa falar logo de cara. A primeira é essa imagem 4×3. Snyder queria lançar em Imax. Lembro que vi Dunkirk com imagem assim, 4×3, ocupando toda a tela do Imax. Aquilo ficou muito legal, realmente, a imagem quadrada numa tela daquelas faz diferença. Mas… o Snydercut está sendo lançado em streaming! Os cinemas estão fechados há um ano! Qual é o sentido de ter uma imagem quadrada pra se ver na TV de casa?

A segunda é a duração. 4 horas de filme??? Tirando O Senhor dos Anéis, que era um livro enorme adaptado, não lembro de outro caso na história do cinema onde uma versão de 4 horas se justificaria.

Resultado: o filme é chato. É um filme longo demais, com sérios problemas de ritmo, difícil de se ver de uma vez – quase todos que conheço que viram, o fizeram em partes.

A história em si não tem muita coisa diferente. Fiquei até curioso pra saber como o cara conseguiu esticar tanto, com duas horas e meia de filme não tinha quase nada de inédito, e o filme anterior só tinha duas horas! Mas não, não faço questão de saber o que foi acrescentado, deixa pra lá. A vida é curta demais pra ficar comparando versões de Liga da Justiça!

Agora, admito que tem coisa que ficou melhor. O Ciborgue tem uma história bem mais complexa (já que não teve filme de origem). O vilão, Steppenwolf, também tem uma história maior por trás (mas a minha implicância com ele é o nome – não dá pra não pensar na banda). Ah, na outra versão tinha uma história paralela, bem chatinha, com uma família russa, e isso sumiu.

Tem uma outra mudança que é bem visível: o filme é mais escuro e tem menos piadas. Os fãs acham que isso é uma coisa que melhorou, mas não acho isso nem melhor nem pior, é apenas uma característica: um filme mais escuro e mais sério. Heu, particularmente, gosto das piadas, então, na minha humilde opinião, um filme ter menos piadas não é uma boa mudança… (Aliás, o Flash tem menos piadas, mas continua como alívio cômico. Se era pra ser um filme sério, por que manter um alívio cômico?)

Outra coisa: o Snydercut tem muita câmera lenta. MUITA câmera lenta. Mas isso é característica do diretor. Reclamar disso não rola, é que nem reclamar de lens flare nos filmes do JJ Abrams.

Seguindo a mesma linha, li críticas falando que Snydercut parece uma colagem de comerciais, usando heróis posando e falando frases de efeito. Mais uma vez, isso é a cara do diretor, e se a gente pensar que isso é um produto direcionado ao fã, deixa quieto, porque os fãs devem ter gostado.

Tem gancho pra continuação, aparece um vilãozão, o Darkseid, ele aparece que nem o Thanos nas primeiras vezes que apareceu no MCU. Dá pra sacar que é um personagem importante, mas ele só vai ser usado em outros filmes.

Tem uma cena extra num epílogo que parece uma tentativa de continuação – “ei, fãs, olha só o novo filme que posso fazer, comecem a encher o saco!”. A cena não é ruim, mas também não é boa, é apenas uma cena solta, sem nenhuma conexão a nada no filme, jogada lá só pros fãs darem gritinhos.

(Falando nisso, lembro da sessão pra imprensa do Liga da Justiça em 2017, tinha fãs dando gritinhos em algumas cenas, tipo quando aparece um Lanterna Verde. Isso foi uma vantagem de ver o novo filme em casa, beatlemania é uma coisa ultrapassada.)

No fim, fica a sensação que Liga da Justiça de Zack Snyder é um produto só pros fãs. Os fãs devem ter adorado. Heu ia gostar de uma versão exagerada de um filme que sou fã. Mas, pra quem não é fã, talvez seja melhor ficar com a versão de 2017. Não que aquele seja um filme bom, mas pelo menos não é chato. Um filme de super herói pode ser ruim, pode ser tosco, mas não pode ser chato. E Liga da Justiça de Zack Snyder é chato.

WandaVision

Crítica – WandaVision

(CONTÉM SPOILERS DA SÉRIE WANDAVISION!!!)

Comentei no Podcrastinadores e repito aqui: A Marvel está mudando a forma como consumimos o audiovisual. Este momento vai entrar pra história. E não estou falando da qualidade dos filmes. Heu particularmente gosto dos filmes do Marvel Cinematic Universe, o MCU, mas o que estou falando aqui não é questão de gostar ou não. Não me lembro de outro caso na história do cinema onde um universo cinematográfico sólido e coeso foi criado deste modo – lá atrás em 2008, na cena pós créditos do primeiro Homem de Ferro, aparecia o Nick Fury falando em Vingadores. E, ao longo de 11 anos e mais de 20 filmes, a gente viu o desenvolvimento e o encerramento de uma complexa saga com esses heróis, até então pouco conhecidos.

Aí anunciaram que teríamos seriados. Logo de cara não gostei. Lembrei de Agents of Shield, série que comecei a ver e larguei porque é chata – aquele formato antigo, de mais de 20 episódios por temporada, hoje acho esse formato muito cansativo. Pensei “que droga, vou deixar parte do MCU de lado”.

E aí veio WandaVision, no mesmo formato de Mandalorian, poucos episódios de pouco mais de meia hora cada. E num ritmo que, se você gosta do MCU, não tem como não embarcar.

A série começa num formato sitcom anos 50, depois 60 e depois 70. Olha, vou te dizer que se fosse só isso – uma sitcom com super heróis vivendo como pessoas normais, heu já ia gostar. Ainda por cima estrelada por dois dos atores principais dos filmes, a Elizabeth Olsen e o Paul Bettany. Mas, ao longo desses 3 primeiros episódios, a gente vê alguns elementos aqui e ali que mostram que a série não vai ficar só nisso.

Ainda nos formatos sitcoms antigas: uma coisa bem legal foi que filmaram como se fosse na respectiva época. Não só o formato da tela é outro, como até os efeitos especiais são os que eram usados na época.

Mais um comentário legal sobre o formato: cada episódio tem um título que tem a ver com a história: Ep 1 – “Gravado Ao Vivo Com Plateia”; Ep 2 – “Não Mude de Canal”; Ep 3 – “Agora em Cores”; Ep 4 – “Interrompemos Este Programa”; Ep 5 – “Em um Episódio Muito Especial…”; Ep 6 – “Um Halloween Assustadoramente Inédito!”; Ep 7 – “Derrubando a Quarta Parede”; Ep 8 – “Nos Capítulos Anteriores”; e Ep 9 – “O Grande Final”

No quarto episódio a gente já sabe que WandaVision é “full MCU”. Inclusive temos a inclusão no elenco de dois personagens secundários de outros filmes, a Darcy, de Thor, e o Jimmy Woo, de Homem Formiga.

(Tem uma personagem que aparece no segundo episódio, a Monica, que depois a gente descobre que é muito importante, e provavelmente vai ser ainda mais importante no futuro do MCU.)

Se o quarto episódio largou o formato sitcom, o quinto volta, e agora estamos nos anos 80. Mas, o grande lance deste episódio foi a última cena, quando aparece o Pietro, irmão da Wanda. Mas, o que explodiu a cabeça dos fãs foi que apareceu o Pietro dos X-Men, não o irmão da Wanda. Dezenas de teorias surgiram na Internet pra tentar justificar o Pietro “errado”. Fãs dos quadrinhos ficaram em polvorosa, e a Marvel deu uma boa trollada neles (porque a série acabou e não explicaram nada).

Aqui cabe um aviso pra aqueles que não me conhecem. Primeiro, que não leio quadrinhos, nada contra, mas, quadrinhos de super herói prefiro esses da Disney. Segundo que sempre defendi que um filme (ou série) tem que ser autossuficiente. Em uma adaptação de HQ, livro, videogame ou seja lá qual for a origem, o espectador tem que curtir sem precisar de “manual de instruções”, sem precisar conhecer o material original. O filme (ou série) pode até ter alguns elementos colocados para os fãs, mas isso não pode ser algo essencial. Felizmente, nesse aspecto a Marvel costuma funcionar.
Um bom exemplo disso que falei é quando a Wanda fala pro Pietro “Kick Ass”. O filme Kick Ass tem o Evan Peters e o Aaron Taylor Johnson, os dois atores que fizeram o Pietro. Quem entendeu a referência curtiu; quem não pescou, não atrapalhou em nada.

No fim do sétimo episódio a gente descobre que a Agnes na verdade é Agatha (está nos quadrinhos, mas pouco importa), e ela estava por trás de boa parte do que acontecia. Ah, esqueci de falar, ela é interpretada pela Kathryn Hann, ótima atriz.

E aí nos dois últimos episódios, o formato sitcom é abandonado de vez. No oitavo temos flasbacks explicando a Agatha e a Wanda (em um deles, o pai da Wanda abre uma caixa com dvds, e vemos vários dvds de sitcoms que foram recriadas ao longo da temporada, em mais uma sacada genial).

E no último episódio, vemos a luta final da Wanda com a Agatha, e a luta do Visão com um Visão branco (que apareceu na cena pós créditos do episódio anterior. Duas boas lutas, que não seguem os clichês de lutas de super heróis em filmes só explosões. Os Visões param pra conversar e filosofar sobre os seus propósitos, o que é a cara do personagem. E a Wanda usa as runas que já tinham aparecido antes pra derrotar a Agatha, uma saída que nenhum espectador com quem conversei tinha antecipado. Ah, temos a confirmação de que o Pietro realmente não era ninguém.

O final da série é triste, mas tinha que ser deste jeito – se inventassem um final feliz, ia estragar todo o desenvolvimento da história. São duas cenas pós créditos, ambas abrindo portas pra outras histórias vindouras. WandaVision não deve ter segunda temporada, a história fechou aqui.

Mulher-Maravilha 1984

Crítica – Mulher-Maravilha 1984

Sinopse imdb: Fast Forward para a década de 1980, quando a próxima aventura da Mulher Maravilha no cinema a encontra enfrentando dois novos inimigos: Max Lord e Mulher Leopardo.

Mulher-Maravilha 1984 (Wonder Woman 1984, no original) é o segundo grande lançamento cinematográfico pós covid – depois de Tenet. E Mulher-Maravilha 1984 vai sofrer com os mesmos problemas. Assim como Tenet, Mulher-Maravilha 1984 é filme pra ser visto nos cinemas, na tela grande. E boa parte do público ainda não voltou pros cinemas. Ou seja, vai ser mais um prejuízo.

Mas, vamos ao filme. Mulher-Maravilha 1984 tem alguns bons momentos, alguns momentos excelentes, mas nem tudo funciona. Achei o final péssimo.

Vamos ao que funciona. A direção é da mesma Patty Jenkins que dirigiu o primeiro, acho isso algo positivo, não tem alguém diferente tentando “consertar” alguma coisa. A reconstituição de época está ótima. Às vezes parece meio caricato, mas, poxa, os anos 80 foram caricatos. Heu sei porque heu vivi aquilo! (Nasci em 71, em 84 tinha 13 anos).

Algumas sequências são ótimas, como a que abre o filme, com a Mulher Maravilha ainda criança, ou a perseguição de carros. Não vou entrar em spoilers, mas tem um elemento que tinha no desenho animado da Liga da Justiça que aparece aqui, e o modo como apresentaram isso foi muito muito legal.

Gal Gadot é bonita, é carismática, e ainda é boa atriz. Vê-la na tela é um prazer. Chris Pine funciona bem ao lado dela, a química é boa. E os dois vilões são interpretados por dois atores inspirados: Kristen Wiig e Pedro Pascal (Hoje um nome hypado por causa de Mandalorian).

Agora… O personagem do Pedro Pascal é bom, mas não gostei nem um pouco da solução que deram pra ele. Tudo ficou exagerado e inverossímil. Mais uma vez não vou entrar em spoilers, mas, se o fim do primeiro filme já não é lá grandes coisas, esse aqui é ainda pior.

Mulher-Maravilha 1984 está nos cinemas. É um filme para ver no telão. Mas, lembrem-se: ainda estamos na pandemia! Se cuidem!