Resident Evil 6: O Capítulo Final

Resident Evil 6 O Capítulo FinalCrítica – Resident Evil 6: O Capítulo Final

Alice precisa retornar para o lugar onde o pesadelo começou – a Colmeia, em Racoon City, onde a Umbrella Corp está unindo forças para uma última batalha contra os sobreviventes do apocalipse

Sempre curti a série Resident Evil – como não gostar de ver uma Milla Jovovich estilosa detonando zumbis? Só que os filmes começaram a exagerar depois de um certo ponto, e admito que cansei da franquia. Conforme ia cansando, ia dando menos bola pros filmes. Lembro que no final do quinto filme quase desisti. Mas aí apareceu este sexto, com a promessa de ser o último. Ok, vamulá.

Como acontece nos outros filmes, a estrutura de Resident Evil 6: O Capítulo Final (Resident Evil: The Final Chapter, no original) se assemelha a um game: a personagem ganha uma tarefa e um prazo para cumpri-la. E assim acompanhamos a sua jornada e todas as dificuldades até o desafio final.

(Parênteses para explicar que nunca joguei o videogame Resident Evil, então não tenho ideia se este filme se baseia em um dos jogos ou apenas no universo do game.)

Assim, o que vemos é mais do mesmo. Alguns bons efeitos de cgi (revi semana passada o primeiro filme, de 2002, o cgi perdeu a validade…), algumas coisas absurdas porém divertidas, alguns momentos forçados e desnecessários. Mas, pergunto: alguém esperava algo diferente?

O roteiro e a direção ainda estão nas mãos de Paul W.S. Anderson (que escreveu todos os seis filmes e só não dirigiu o segundo e o terceiro), o que deveria manter uma coerência no roteiro (e mesmo assim eles mudaram a razão de terem espalhado o vírus no primeiro filme). No elenco, o filme é de Milla Jovovich. Ali Larter e Iain Glen voltam, mas em papéis tão secundários que tanto faz. E Shawn Roberts está tão ruim que parece mais artificial que o Tarkin digital de Rogue One. Além destes, é interessante ver que a filha da Milla Jovovich com o Paul W.S. Anderson, Ever Anderson, ganhou o papel de Red Queen.

Enfim, quem se propõe a ver um filme desses já sabe que não deve esperar muita coisa, então não deve decepcionar quem for ao cinema. Agora resta torcer para ser realmente o último – porque, mesmo se chamando “Capítulo Final”, o filme termina com um gancho para continuação…

Até o Último Homem

ate-o-ultimo-homemCrítica – Até o Último Homem

A história de Desmond Doss, religioso e pacifista, que serviu na Segunda Guerra Mundial, em Okinawa, e foi a primeira pessoa a ganhar a medalha de honra sem ter dado nenhum tiro. Baseado numa história real.

Mel Gibson se envolveu em polêmicas na sua vida pessoal e isso afetou sua carreira cinematográfica. Como falei no texto sobre Herança de Sangue, ele tem atuado em poucos filmes nos últimos anos. Digo mais: desde Apocalypto, de 2006, ele não dirigia.

Agora tudo indica que Gibson fará as pazes com Hollywood. Seu novo filme como diretor, Até o Último Homem (Hacksaw Ridge, no original), está concorrendo a 6 Oscars, incluindo melhor filme e melhor diretor – Gibson tem a chance de repetir o feito de igualar o feito de 1996, quando levou as duas estatuetas por Coração Valente.

Se Até o Último Homem vai ganhar algum Oscar, ninguém sabe. O que sabemos é que é um filmaço. Um dos melhores filmes de guerra dos últimos tempos.

As cenas de guerra são sensacionais. Arrisco dizer que desde O Resgate do Soldado Ryan não vemos cenas de batalha tão viscerais – são longas, detalhistas, violentas, e extremamente bem filmadas – o espectador se sente dentro da guerra.

Nem tudo é perfeito. Os japoneses são todos retratados como kamikazes sem sentimentos. Nada grave, mas já vi filmes de guerra menos maniqueístas. O protagonista ser endeusado no fim incomodou alguns críticos, mas achei coerente com o resto do filme.

No elenco, a surpresa positiva é Andrew Garfield, “o Homem Aranha que não deu certo“, que está muito bem – tanto que está concorrendo ao Oscar de melhor ator. Hugo Weaving e Vince Vaughn também se destacam.  Ainda no elenco, Sam Worthington, Teresa Palmer, Rachel Griffiths e Luke Bracey.

Ainda não vi todos os candidatos ao Oscar. Mas se La La Land perder pra Até o Último Homem, ninguém vai poder dizer que foi injustiça.

xXx: Reativado

XXXCrítica – xXx: Reativado

Depois de um acidente envolvendo o agente Gibbons, a CIA consegue encontrar Xander Cage, que estava escondido, dado como morto, e convocá-lo para voltar à ativa.

Vamulá. Muita gente vai falar mal mesmo sem ver o filme. xXx: Reativado (xXx: Return of Xander Cage, no original) é daquele tipo de filme onde é legal dizer que é uma porcaria. Afinal, é um filme genérico de tiro, porrada e bomba. Agora, quem se propõe a ir ao cinema ver um filme desses não espera algo diferente disso. Escreverei a crítica pensando nisso.

Voltemos uns anos no tempo. No início dos anos 2000, Vin Diesel começou a aumentar o seu star power e entrou numa de não fazer continuações – não quis fazer o segundo Velozes e Furiosos (2003), nem o segundo xXx (2005). A indústria mudou, a cabeça do Vin Diesel mudou, ele voltou à franquia Velozes e Furiosos e virou uma estrela. Por que não reativar outra franquia?

A direção coube a D. J. Caruso, um nome compatível com o projeto – tem bons filmes no currículo (Paranoia, Controle Absoluto, Eu Sou o Número 4), mas nada que se destaca. Aqui ele faz “o de sempre” – mais um filme competente, mas esquecível. Porque o importante aqui é que temos uma boa quantidade de sequências de ação bem filmadas e bem humoradas. Veracidade? O cara que pagou ingresso não quer veracidade, quer ver tiro, porrada e bomba…

Claro que xXx: Reativado tem muitos absurdos. Um deles me lembrou outra franquia do mesmo Vin Diesel. Sabe aquela cena final do Velozes 6, onde um avião fica tempo demais numa pista de aeroporto? Desta vez um avião fica tempo demais caindo. O tempo da queda é tão absurdo quanto no outro filme.

Uma das falhas é que o elenco tem muita gente, e não sabe equilibrar bem esses personagens. Alguns estão bem, como Donnie Yen (Rogue One). Mas outros parecem desperdiçados, como Tony Jaa, que dá uns dois saltos e só. Se é pra colocar muitos personagens, que eles estejam equilibrados, como aconteceu em Sete Homens e um Destino.

Uma tendência do cinema de ação contemporâneo está presente: o empoderamento feminino. Temos 3 mulheres no time principal: Deepika Padukone e Ruby Rose nas cenas de ação e Nina Dobrev como um dos alívios cômicos. Isso porque não falei que a Toni Collette faz a chefa da CIA. Ainda no elenco, Kris Wu, Rory McCann e Michael Bisping, em papeis que se fossem cortados do filme, ninguém sentiria falta. Ice Cube e Samuel L. Jackson aparecem em pontas (ambos repetindo papeis da franquia). Ah, também tem o Neymar – sim, o jogador de futebol – numa cena onde vemos claramente que ele não estava no mesmo ambiente que seu interlocutor (o que nos faz pensar se existem outras versões do filme com outros atletas mais famosos em outros países).

O fim do filme deixa clara outra tendência do cinema atual: temos um gancho para continuar a franquia (o nome já dizia, né? “Reativado”…). Um aviso aos haters: em breve deve aparecer um quarto filme…

Enfim, como falei lá em cima, é legal dizer que xXx: Reativado é uma porcaria. Mas pelo menos é uma porcaria divertida.

La La Land: Cantando Estações

La La LandCrítica – La La Land: Cantando Estações

Em Los Angeles, um pianista de jazz que sonha em ter a sua própria casa noturna se apaixona por uma aspirante a atriz.

La La Land: Cantando Estações (La La Land, no original) chamou atenção quando ganhou sete Globos de Ouro: melhores filme, ator e atriz (comédia ou musical); diretor, roteiro, trilha sonora e canção. Ok, a gente sabe que a premiação do Globo de Ouro separa os filmes musicais dos dramas, é “mais fácil” ganhar um prêmio quando não é drama (onde normalmente estão os principais candidatos). Mas se a gente lembrar que os cinco prêmios mais importantes do Oscar são filme, diretor, roteiro, ator e atriz,  La La Land se saiu MUITO bem no Globo de Ouro.

(Atualizando: saiu a lista dos indicados ao Oscar, La La Land concorre a 14 estatuetas – número recorde, nunca um filme concorreu a 15. As chances de Oscar são bem grandes.)

La La Land foi escrito e dirigido por Damien Chazelle, o mesmo de Whiplash. Seu novo filme é um “musical clássico”, daqueles que as pessoas param de falar, começam a cantar e dançar, e, quando a música acaba, tudo volta ao normal. A boa notícia é que as músicas são muito boas, dá vontade de caçar o cd com a trilha sonora quando saímos do cinema.

Não só o filme é alegre, colorido e empolgante, como a parte técnica também é excelente. Vemos vários planos sequência complexos, cheios de coreografias de dança e sapateado!

Ainda sobre a parte técnica, queria falar sobre o Ryan Gosling tocando piano. Chazelle declarou que tudo o que vemos na tela foi realmente tocado pelo ator. Olha, posso garantir que o que vemos não é resultado de apenas alguns meses de prática. Quem toca aquilo no piano estudou por anos. Ou seja: ou Gosling já tocava piano antes, ou tem um dublê de mãos inserido digitalmente.

Ah, o elenco. Ryan Gosling não é um ator muito versátil, ele costuma ter a mesma “cara de paisagem” em todos os filmes (sempre lembro dele nos filmes Drive e Só Deus Perdoa, onde ele usa a mesma expressão durante todo o filme). Mas aqui ele está bem, ele toca piano, canta, dança sapateia, e, apesar de continuar com cara de paisagem, não incomoda. Emma Stone também está bem. Nenhum dos dois tem um vozeirão, mas os arranjos foram feitos respeitando as suas extensões vocais, então tudo desce redondinho (apesar do grave de Gosling ser bastante fraco). J.K. Simmons, que ganhou um Oscar trabalhando com Chazelle, aparece num pequeno papel; o músico John Legend também tem um papel importante.

Claro que tem gente que não suporta musicais e vai passar longe. Mas quem não tiver preconceito verá o primeiro grande filme de 2017.

Assassins Creed

Assassins Creed

Crítica – Assassin’s Creed

Por meio de uma tecnologia revolucionária que destrava suas memórias genéticas, um homem experimenta as aventuras de seu ancestral na Espanha do século XV. Ele descobre que é descendente de uma misteriosa sociedade secreta, os Assassinos, e acumula conhecimentos e habilidades incríveis para enfrentar a organização opressiva e poderosa dos Templários nos dias de hoje.

Existe uma máxima que diz que filmes baseados em videogames não são bons. Bem, este novo Assassin’s Creed (idem, no original) não vai mudar esta máxima.

A direção é de Justin Kurzel, que já tinha trabalhado com Michael Fassbender e Marion Cotillard no recente (e cansativo) Macbeth. Seu novo filme também é cansativo, e olha que Assassin’s Creed até tem bastante ação.

Assassin’s Creed tem vários problemas. Começo com o fraco desenvolvimento dos personagens. O protagonista tem um breve prólogo na sua infância, logo corta pra 30 anos depois, quando ele está preso, no corredor da morte. Quem é esse cara? Por que devo torcer por ele? Isso porque não estou falando de vários personagens secundários que não têm nenhuma função na trama.

Tem elementos aqui tirados do jogo, claro. No game, existe um “salto de fé”, onde um personagem pula lááá do alto de uma torre, cai num montinho de feno, e sai andando. Claro que no cinema esse montinho de feno ia ficar ridículo, então foi cortado da história. Mas o salto é importante na mitologia do jogo. O que fazer? Ah, coloca ele saltando, e depois corta pra outra cena antes dele chegar no chão…

Isso sem contar com vááários furos de roteiro, como, por exemplo, os seguranças que no início do filme usam armas de fogo, mas quando isso mataria personagens importantes, usam só cassetetes e tasers.

Mas o pior de tudo, na minha humilde opinião, foi a trilha sonora, alta, monótona e irritante. Vi no Imax, onde o som é muito alto, dava vontade de pedir pra alguém abaixar o som!

Pena, porque temos um bom elenco à serviço de um filme meia boca. Afinal, não é todo filme que consegue reunir Michael Fassbender, Jeremy Irons, Marion Cotillard, Brendan Gleeson e Charlotte Rampling.

Outra coisa boa é que as cenas passadas na Espanha antiga (e são muitas cenas) são faladas em espanhol. Bom saber que Hollywood evoluiu, alguns anos atrás tudo seria em inglês mesmo. Algumas (poucas) sequências de ação também se salvam.

Pena. E o pior é que o filme termina com um gancho para começar uma nova franquia…

Passageiros

79-PassageirosCrítica – Passageiros

Uma espaçonave viajando para um planeta colônia distante, transportando milhares de pessoas, tem um mau funcionamento em uma de suas câmaras de sono. Como resultado, um passageiro é despertado 90 anos mais cedo.

O diretor Morten Tyldum chamou a atenção do mundo com O Jogo da .Imitação (chegou a ser indicado ao Oscar!). Claro, ganhou um orçamento maior para o seu filme seguinte, uma super produção com duas das maiores estrelas do cinema contemporâneo.

Passageiros (Passengers, no original) parte de uma ideia boa: um cara, sozinho, preso numa gigantesca nave espacial, sem ter o que fazer pelo resto da vida – ele não consegue se congelar novamente e não tem para onde ir. E agora, o que fazer?

A ideia era boa, né? Mas o terço final do filme resolve ir por um caminho mais pop, e Passageiros vira um filme romântico. Questões interessantes levantadas anteriormente são deixadas de lado e uma paixão pouco convincente toma conta do filme.

No elenco, Chris Pratt se firma como um dos maiores nomes do cinema blockbuster hollywoodiano – Guardiões da Galáxia, Jurassic World, Sete Homens e um Destino... Já Jennifer Lawrence está como sempre: faz um bom trabalho, mas exagera um pouco, principalmente na parte final. O diminuto elenco ainda conta com Laurence Fishburne e Michael Sheen.

Pelo menos posso dizer que gostei da cena final (a rápida aparição do Andy Garcia). Mas o que vem na meia hora anterior atrapalha e muito. Passageiros começa bem, mas termina esquecível.

Capitão Fantástico

Capitão FantasticoCrítica – Capitão Fantástico

Nas florestas do Noroeste do Pacífico, um pai, dedicado a criar seus seis filhos com uma educação física e intelectual rigorosa, é forçado a deixar seu paraíso e entrar no “mundo real”, desafiando sua ideia do que significa ser pai.

O nome parece de filme de super herói, né? Mas Capitão Fantástico é exatamente o oposto disso.

Escrito e dirigido por Matt Ross (que tem uma vasta carreira como ator, apesar de nunca ter emplacado um grande papel), Capitão Fantástico (Captain Fantastic, no original) é um daqueles filmes que, quando termina, a gente fica pensando se estamos vivendo da maneira certa.

É difícil ver um filme como esse e não se imaginar vivendo como Ben, livre, no meio do mato. Uma vida saudável e independente, e criando filhos inteligentes e fortes. Mas preciso falar que não concordo com a filosofia proposta por ele. Acho que viver em sociedade é algo importante para as crianças, e não tenho nada contra tecnologia. Mesmo assim, admiro e respeito o que ele conquistou.

(Aconteceu algo parecido comigo quando vi Na Natureza Selvagem, outro filme onde o protagonista se rebela contra o sistema e vai pro meio do mato. Não consegui gostar do filme por discordar da sua filosofia).

No elenco, o grande nome é Viggo Mortensen,  inspirado, em uma das melhores atuações da sua carreira. Ele consegue passar credibilidade ao pai que se rebelou contra o sistema e cria sozinho seis filhos no meio do mato.

O resto do elenco traz seis desconhecidos como os filhos, e alguns atores mais ou menos conhecidos em papéis menores (Frank Langella, Kathryn Hahn, Steve Zahn, Missi Pyle, Erin Moriarty). Mas o filme é de Mortensen.

Filosofias à parte, o resultado final de Capitão Fantástico fica bem acima da média. O filme é leve, divertido e envolvente. Boa opção!