Brazil – O Filme

Crítica – Brazil – O Filme

Hora de rever uma obra prima de Terry Gilliam!

Sam Lowry é um burocrata que tem sonhos onde consegue voar para longe da tecnologia e da burocracia. Mas quando tenta corrigir um erro administrativo, se torna um inimigo do estado.

Na minha humilde opinião, este é um dos dois melhores filmes do ex Monty Python Terry Gilliam (ao lado de 12 Macacos). Sou fã do cara, acho que já vi todos os filmes que ele fez.

Uma das coisas que mais chama a atenção em Brazil – O Filme é o apuro visual. Toda a cenografia e os figurinos criam um mundo ao mesmo tempo retrô e futurista – é um mundo moderno, mas as telas de computador são grandes lentes de aumento em cima de teclados de máquinas de escrever! Um detalhe importante: como o filme é de 1985, não existia CGI. Todos os efeitos e cenários são “reais”. E tudo é meticulosamente bem feito. Visualmente, o filme é sensacional!

A trama também é bem orquestrada. Acompanhamos a saga de Sam Lowry, ao mesmo tempo que vemos os seus delírios, tudo isso pontuado com vários momentos hilariantes – Brazil – O Filme não é exatamente uma comédia, mas mesmo assim o filme é muito engraçado.

O elenco também está bem. Já vi Jonathan Pryce em vários outros filmes, mas pra mim, ele será o eterno Sam Lowry. Por outro lado, não me lembro de outros filmes com a “mocinha” Kim Greist. Brazil – O Filme ainda tem Michael Palin, Ian Holm, Bob Hoskins, Jim Broadbent, e uma genial participação especial de Robert De Niro.

E por que o nome “Brazil”? Diz a lenda que um dia Terry Gilliam estava ouvindo Aquarela do Brasil, quando teve a ideia para o filme. Aliás, a música toca insistentemente ao longo de todo o filme. Mas é só isso, o resto do filme não tem nada a ver com o Brasil. Se bem que… Toda a excessiva burocracia mostrada no filme pode muito bem ter sido criada por um brasileiro…

Por fim, vou contar um “causo”. Segunda metade dos anos 80. Era comum termos sessões duplas no então cineclube Estação Botafogo. Programaram uma sessão dupla com Brazil e 1984. Heu já era fã do primeiro, mas nunca tinha visto o segundo. Fui na sessão dupla e descobri que os dois filmes são muito parecidos, apesar de propostas completamente diferentes. Recomendo a sessão dupla!

Ah, para os fãs de Terry Gilliam: The Zero Theorem, seu filme novo, passou no Festival do Rio. Em breve falo dele aqui no heuvi!

O Lado Bom da Vida

Crítica – O Lado Bom da Vida

Depois de passar um tempo em um hospital para doentes mentais, o ex-professor Pat Solitano volta a morar com os pais enquanto tenta se reaproximar da ex-mulher. Mas as coisas ficam mais desafiadoras quando ele conhece Tiffany, uma misteriosa garota que também tem seus problemas.

O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook, no original) lembra muito O Vencedor, filme anterior do mesmo diretor David O. Russell. Um filme simples que conta uma história simples. Simples, mas com excelentes atuações do elenco. Jennifer Lawrence e Bradley Cooper valem o ingresso. Quem diria que os protagonistas de Jogos Vorazes e Se Beber Não Case seriam fortes candidatos ao Oscar de 2013?

Sem as atuações inspiradas, acho que O Lado Bom da Vida ia passar desapercebido. A história nem é ruim, mas é bem bobinha. A estrutura parece a de uma comédia romântica, e o filme é tão previsível quanto uma. E, pra piorar, o filme é mais longo do que deveria. Precisava de mais de duas horas?

A previsibilidade não é o único problema do roteiro, também escrito por O. Russell. Alguns personagens são muito mal construídos. Jennifer Lawrence arrebenta, mas sua Tiffany é inconsistente: é apresentada como uma mulher problemática, mas logo que começa a dançar parece que não tem mais nenhum problema. E o que podemos dizer do médico, que, do nada, vira amigo íntimo da família?

Um defeito que existia em O Vencedor se repete aqui: idade dos atores vs idade dos personagens. Se no filme anterior Christian Bale interpretava o irmão nove anos velho de Mark Wahlberg; aqui pegaram uma jovem de apenas 23 anos para fazer uma viúva. Nada contra, Jennifer está ótima, mas… Por que não uma atriz de trinta anos? Inclusive, ia ser um par mais coerente para o quase quarentão Bradley Cooper.

Mesmo assim, como disse antes, o elenco salva o filme. Jennifer Lawrence e Bradley Cooper estão excelentes com seus personagens desequilibrados. Robert De Niro também está muito bem, talvez este seja seu melhor papel em um bom tempo. Ainda no elenco, Jacki Weaver, Julia Stiles e o sumido Chris Tucker (que, nos últimos 15 anos, só fez os 3 filmes da franquia A Hora do Rush). Além disso, alguns momentos são muito bons – gostei muito do concurso de dança.

O Lado Bom da Vida está concorrendo a oito Oscars: filme, diretor, roteiro adaptado, ator, atriz, ator coadjuvante (Robert De Niro), atriz coadjuvante (Jacki Weaver) e edição. Não achei que Jacki Weaver merecia indicação ao Oscar, tudo o que ela faz é ficar de olhos arregalados o tempo todo. Mas, enfim, acho que só Jennifer tem chances, o resto deve ficar feliz com a indicação.

Poder Paranormal

Crítica – Poder Paranormal

Novo filme de Rodrigo Cortés, diretor e roteirista de Enterrado Vivo, desta vez à frente de uma produção de maior porte.

A Dra. Margaret Matheson e seu parceiro Tom Buckley são especialistas em desmascarar falsos casos paranormais. Quando Simon Silver, um vidente cego de fama internacional, resolve retornar depois de 30 anos afastado dos holofotes, ele acaba atraindo a atenção da dupla, que quer desmascarar o “poder” do médium.

Enterrado Vivo foi um interessante e criativo exercício de claustrofobia – um filme de uma hora e meia que só tem um único ator, e tudo se passa dentro de um caixão. Um ótimo exemplo de como se fazer um filme com recursos mínimos. Agora, Cortés tinha uma produção convencional em mãos. Bom sinal, né? Pena que nem tudo funciona.

Poder Paranormal (Red Lights, no original) se desenvolve bem, cria uma boa tensão ao longo da projeção, mas parece que no meio do caminho algo se perdeu. O roteiro, também escrito por Cortés, resolve guardar uma grande reviravolta para o fim. O problema é que essa reviravolta não convence ninguém. Mas antes de falar disso, vamos aos avisos de spoiler:

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

Um monte de coisas soam forçadas depois da revelação final. Mas nada justifica o fato de ninguém pensar em testar a visão de Silver. Como assim o cara não é cego e ninguém pensou em verificar isso em mais de 30 anos?

FIM DOS SPOILERS!

O elenco traz alguns bons nomes. Cillian Murphy e Sigourney Weaver estão bem liderando o elenco. Robert De Niro não está mal, mas está longe do grande ator que foi anos atrás. Ainda no elenco, Elizabeth Olsen, Joely Richardson e Toby Jones.

No fim, fica aquela sensação de boa ideia estragada por um fim preguiçoso. Rodrigo Cortés ainda tem crédito, ainda quero acompanhar sua carreira. Mas precisa tomar cuidado para não virar um novo Shyamalan.

Stardust – O Mistério da Estrela

Crítica – Stardust – O Mistério da Estrela

Quem me conhece sabe que quando gosto de um diretor, costumo procurar os outros filmes que o cara fez. Depois de ter visto Kick-Ass e X-Men: Primeira Classe, fui catar mais filmes do Matthew Vaugn. Gostei de Nem Tudo É O Que Parece. E faltava este Stardust – O Mistério da Estreia, seu segundo filme, lançado em 2007.

Num mundo mágico paralelo ao nosso, um jovem promete uma estrela cadente de presente para a sua amada. Mas essa estrela se transforma numa bela mulher, que também está sendo perseguida por uma bruxa e pelos herdeiros do reino de Stormhold.

Stardust – O Mistério da Estrela nem parece ser do mesmo diretor dos outros filmes citados no primeiro parágrafo. Trata-se de uma fantasia, a la O Senhor dos Aneis ou Crônicas de Nárnia, com direito a terras místicas e personagens fantásticos. E o melhor de tudo: com qualidade!

O filme foi baseado no livro de Neil Gaiman (também autor da história que deu origem ao bom Coraline). Não li o livro, não conheço a história original. Mas podemos afirmar que Gaiman foi feliz na criação do universo de Stormhold e seus interessantes personagens.

Stardust – O Mistério da Estrela tem pouco mais de duas horas, mas acontece tanta coisa na trama que nem parece tão longo – aliás, poderia ser mais de um filme, como acontece com tantos filmes de fantasia (Senhor dos Aneis foram três filmes; Harry Potter teve oito; Nárnia está no terceiro; Percy Jackson tem previsão de lançar o segundo ano que vem). Na minha humilde opinião, foi uma boa escolha, a história tem início, meio e fim e um bom ritmo ao longo de toda a projeção.

No elenco, achei curioso o protagonista ser justamente o ator menos conhecido, Charlie Cox. Claire Danes está bem como a principal personagem feminina, mas o melhor do elenco são o capitão pirata e a bruxa feitos por Robert De Niro e Michelle Pfeiffer, cada um melhor que o outro. Ainda no elenco, Ian McKellen, Sienna Miller, Peter O’Toole, Mark Strong, Jason Flemyng, Rupert Everett e Ricky Gervais. E, curiosidade: Henry Cavill, o próximo Superman, num papel minúsculo.

Outros dois destaques são as belíssimas locações na Inglaterra e na Islândia, e os excelentes efeitos especiais, apesar de discretos – o filme não brilha por causa dos efeitos, mas eles estão na dose exata para tornar tudo isso crível.

O lançamento de Stardust – O Mistério da Estrela foi muito mal feito. Sei lá por que nem me lembro quando foi lançado por aqui (segundo o imdb, em outubro de 2007). E mesmo hoje em dia, ouço pouca gente falando do filme. O que é uma grande injustiça, o filme tem qualidade para ser lembrando como um grande épico da fantasia. Se tiver oportunidade de ver, fica aqui a minha recomendação!

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As Crônicas de Spiderwick
Alice no País das Maravilhas
Coraline e o Mundo Secreto
A Invenção de Hugo Cabret

Noite de Ano Novo

Crítica – Noite de Ano Novo

Quem lê o gigantesco elenco e o nome do diretor lembra logo de cara de Idas e Vindas do Amor, dirigido pelo mesmo Garry Marshall. E assim podemos adivinhar exatamente como será Noite de Ano Novo.

O filme mostra um retrato do último dia do ano para vários casais e solteiros em Nova York. Vários núcleos entrecortados, várias histórias simultâneas.

Noite de Ano Novo é um filme extremamente previsível, mas mesmo assim muito agradável. Tudo desce redondinho, sem sustos ou riscos.

Como assim previsível? Bem, Jon Bon Jovi interpreta um popstar; Lea Michelle, uma aspirante a cantora; Sofia Vergara, um papel igual à Gloria de Modern Family… Acho que o roteiro foi escrito para que cada ator ficasse à vontade, confortável, num papel familiar – Zac Efron arranja até uma desculpa para dançar! Acho que o único papel “não óbvio” é o Kominsky de Hector Elizondo, o resto do elenco está todo nas chamadas “zonas de conforto”.

Por um lado isso pode ser monótono. Mas, se a gente entrar no clima, o filme é muito legal. Assim como acontece com Idas e Vindas do AmorNoite de Ano Novo é eficiente, bobinho e “fofo”.

Claro que o destaque do filme é o elenco. Afinal, não é todo dia que temos, juntos, Robert De Niro, Michelle Pfeiffer, Halle Berry, Hillary Swank, Katherine Heigl, Ashton Kutcher, Josh Duhamel, Sarah Jessica Parker, Mathew Broderick, John Lithgow, Abigail Breslin, Jessica Biel, Til Schweiger, Sarah Paulson, Carla Gugino, Alyssa Milano, Sofia Vergara, Lea Michelle, James Belushi, Zac Efron, Jon Bon Jovi, Ryan Seacrest, Cary Elwes, Ludacris e Hector Elizondo, entre outros menos cotados.

Com tanta gente assim, claro que o roteiro serviria apenas como veículo para os atores. Por isso é tudo tão óbvio. Acho que a única emoção que o roteirista quis passar para a sua plateia era “que bonitinho”…

Outra coisa previsível era uma trama irregular. Como são várias historinhas, algumas são melhores que as outras. Aquele diálogo final da Sarah Jessica Parker foi completamente incoerente com toda sua postura ao longo do filme. Mas, por outro lado, algumas cenas são divertidíssimas. John Lithgow está alucinado como nos bons tempos de 3rd Rock From The Sun, e só o nome dado ao personagem de Mathew Broderick já vale o ingresso!

Enfim, Noite de Ano Novo é assim. Previsível, mas vai agradar o público certo.

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Se você gostou de Noite de Ano Novo, o Blog do Heu recomenda:
Idas e Vindas do Amor
A Verdade Nua e Crua
Simplesmente Amor

Os Especialistas

Crítica – Os Especialistas

Não sei po que, achei que este seria um “filme-galhofa”, na linha do divertido Os Mercenários. Que nada, Os Especialistas é um filme sério, um bom filme de ação!

Quando seu antigo mentor é sequestrado, um ex-agente secreto britânico é forçado a voltar à ativa, agora trabalhando como mercenário, com a missão de assassinar três ex-agentes das forças especiais britânicas SAS.

Dirigido pelo estreante Gary McKendry, Os Especialistas transita entre a ação e o filme político. Parte da divulgação do filme o vende como “baseado em fatos reais”, como se os acontecimentos na tela fossem algo que tem que ser escondido. Mas, sei lá, com as notícias que a gente tem todas as semanas vindo de Brasília sobre os podres na política brasileira, não me pareceu nada demais a existência de tais grupos secretos ditando a vida de pessoas por aí.

A melhor coisa de  Os Especialistas é o seu elenco. Jason Statham, o brutamontes da vez, faz o de sempre – mas pelo menos faz bem feito (se bem que talvez atrapalhe um pouco ele ter feito um papel bem semelhante recentemente, em Assassino a Preço Fixo). Clive Owen está muito bem como o antagonista, não só o cara é bom ator, como tem porte para “sair no braço” com Statham. E Robert De Niro, como (quase) sempre, está ótimo, num papel menor.

Além do trio principal, o filme ainda conta com um excelente time de coadjuvantes de nomes menos conhecidos. Dominic Purcell e Aden Young estão muito bem como os auxiliares de Statham (principalmente o irreverente “welshman” de Purcell). E o filme ainda conta com a bela Yvonne Strahovski e o eterno “mr. Eko”, Adewale Akinnuoye-Agbaje.

O roteiro, baseado no livro de Ranulph Fiennes (irmão de Ralph Fiennes), não é perfeito, a parte final poderia ter um ritmo melhor – nada muito grave, isso é compensado na parte técnica, com boas sequências de ação. Por fim, gostei da ambientação nos anos 80.

Os Especialistas não se tornará um clássico. Mas vale o preço do ingresso, nem que seja pelo bom elenco.

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The Big Bang
Os Mercenários
Inimigos Públicos
Mandando Bala

Homens em Fúria

Crítica – Homens em Fúria

Imagine um bom elenco completamente desperdiçado. É o caso deste Homens em Fúria (Stone, no original).

Um presidiário, prestes a ser libertado, passa por uma série de entrevistas com um agente de condicional, ainda dentro do presídio. Ao mesmo tempo, a esposa do presidiário começa a assediar o agente fora da cadeia.

O problema deste filme dirigido por John Curran é simples: não há história. As cenas passam e naaada acontece.

Pena, porque Robert De Niro e Edward Norton são dois dos maiores atores contemporâneos, e ambos estão muito bem aqui, principalmente Norton, exercitando bem sua habilidade de criar sotaques. E as coadjuvantes Milla Jovovich e Frances Conroy também não fazem feio.

Mas o filme segue, e a gente espera que aqueles diálogos entre De Niro e Norton nos levem a algum lugar, e nada. O filme acaba e o espectador fica com cara de tacho, e percebe que perdeu 105 minutos.

Dispensável.

Sem Limites

Crítica – Sem Limites

Sem Limites parte de uma premissa muito interessante: o que faria uma pessoa com capacidade de usar 100% do cérebro? E o resultado final ficou muito legal. Mas alguns furos no roteiro impediram o filme de ser ainda melhor.

Eddie Morra (Bradley Cooper) é um escritor em crise criativa. Por um acaso do destino, ele experimenta o NZT, uma droga experimental que lhe permite usar a capacidade total do cérebro, diferente dos 10 a 20% habituais. Com isso, Eddie vira um gênio em tudo. Mas tem que tomar cuidado com as armadilhas que aparecerão.

Vamos primeiro ao que funciona no filme dirigido por Neil Burger (O Ilusionista). A edição, combinada a eficientes efeitos especiais, deu a Sem Limites um visual incrível. Rolam uns travellings alucinantes (um deles durante os créditos iniciais) que deixam o espectador tonto, mesmo sem usar efeitos no estilo 3D. E os efeitos funcionam perfeitamente pra ilustrar o poder da droga tomada por Eddie – até a cor do filme muda.

O elenco também está bem. Aos poucos, Bradley Cooper se firma como estrela hollywoodiana. Há pouco ele era um desconhecido no elenco de Se Beber Não Case; agora ele tem no currículo um dos papeis principais de Esquadrão Classe A e ainda contracenou com Julia Roberts em Idas e Vindas do Amor e com Sandra Bullock em Maluca Paixão. E o filme tem um coadjuvante de luxo, Robert de Niro. Ainda no elenco, Abbie Cornish, também em cartaz com Sucker Punch, e uma ponta de Anna Friel.

Agora vamos falar das falhas no roteiro. Mas, antes, os avisos de spoiler!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

São vários pontos:
– Às vésperas de uma grande reunião, Eddie não deixaria os comprimidos longe.
– Por que diabos ele não pagou o agiota russo?
– Se ele ficou tão inteligente a ponto de aprender piano e línguas estrangeiras quase automaticamente, por que não ele mesmo tentar fabricar a pílula? Precisava contratar um laboratório?
– Heu não tomei nenhuma pílula, e sabia que o agiota russo não ia parar. Só se morresse. Por que ele não contratou os seguranças pra matar o cara?
– O apartamento novo era um bunker. Não ia ser tão fácil de entrar! Um apartamento daqueles ia ter ligações diretas com a delegacia mais perto!
E por aí vai…

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo assim, Sem Limites é um bom filme, uma boa opção em cartaz nos cinemas.

Se você gostou de Sem Limites, o Blog do Heu recomenda:
Esquadrão Classe A
O Enviado
Substitutos

O Enviado

O Enviado

No dia seguinte ao seu aniversário de 8 anos, Adam morre num acidente. Um estranho médico cientista propõe aos seus pais uma experiência que desafia a lei e a ética: um clone, uma cópia exata do menino falecido.

Dirigido em 2004 por Nick Hamm (que logo antes tinha feito O Buraco), O Enviado traz uma premissa boa, o tema clonagem é muito interessante. Mas o desenvolvimento da trama deixou muito a desejar!

A primeira parte do filme funciona bem. O clone Adam é uma cópia exata do Adam original, até completar 8 anos de idade. A partir daí, começa a virar um ser sinistro. E é aí que o filme escorrega, tentando criar uma explicação completamente inverossímel sobre um outro DNA inserido no embrião. Era melhor ter seguido pelo caminho sobrenatural, pessoas desafiando Deus e tendo que aguentar as conseqüências…

O elenco é até legal. Greg Kinnear fora indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante seis anos antes, por Melhor é Impossível. Rebecca Romijn estava em alta, nos anos anteriores ela fez Femme Fatale, os dois primeiros X-Men, Rollerball e O Justiceiro. E o médico é ninguém menos que Robert De Niro, oras!

Mas não tem bom elenco que segure um roteiro fraco. E a prova está nos extras do dvd: são apresentados quatro finais diferentes do “oficial”! Aparentemente, os realizadores realmente se perderam!

No fim, O Enviado nem é ruim. Mas também não é bom. Tem coisa melhor por aí.

p.s.: Na internet, rolam umas cenas de nudez da Rebecca Romijn neste filme. Mas não tem nada no dvd brasileiro…

Machete

Machete

Há muito espero para ver este Machete. Quase desisti de ver no cinema (já existe um R5 para baixar na internet), mas aguardei e consegui ver no Festival do Rio, na sala grande – e valeu a pena!

Machete (Danny Trejo) é um eficiente e durão policial federal mexicano, que acaba afastado do seu país pelo traficante que manda na polícia. Imigrante ilegal nos EUA, ele é contratado para matar um político, mas descobre que é uma armadilha, e passa a ser caçado pela polícia americana.

Nem todos sabem a origem deste filme. Ao idealizarem o projeto Grindhouse, Quentin Tarantino e Robert Rodriguez pensaram em falsos trailers para acompanharem os seus dois filmes (À Prova de Morte e Planeta Terror). Eram trailers fakes, os filmes não existiam. Um destes trailers era Machete…

Só que o trailer fez sucesso, e então resolveram fazer o longa. E o filme ficou ótimo, desde já, um dos melhores filmes de 2010!

Machete é sensacional. O diretor Robert Rodriguez, mais uma vez, estava inspirado, e criou uma obra com uma cena antológica seguida de outra. São vários momentos memoráveis! Acho que o meu preferido é a “cena do intestino”. Genial, genial, genial!

Falando de Rodriguez, vou ser repetitivo e copiar o que escrevi sobre ele no post de Planeta Terror: “Robert Rodriguez é um gênio sem par em Hollywood. Ele dirige, escreve o roteiro, produz, edita, faz a fotografia e a trilha sonora e ainda trabalha nos efeitos especiais. E não é só isso: o cara tem duas carreiras paralelas. Além dos filmes para adultos (como Sin City e Era uma vez no Mexico), ele ainda faz filmes infantis, como Shark Boy & Lava Girl e a série Pequenos Espiões. Como ele consegue tempo pra isso tudo? Não sei, mas sei que Hollywood ia ser menos divertida se não existissem caras como ele…”

E Rodriguez continua em forma. Há pouco passou nos cinemas o infanto-juvenil A Pedra Mágica, e agora temos Machete

Vamos falar do elenco? Danny Trejo, eterno coadjuvante de filmes de ação, sempre presente em filmes de Rodriguez, ganhou (acho que pela primeira vez na carreira) um papel principal. Claro que ele é um ator limitado. Mas ele é o Machete perfeito: brutamontes, de poucas palavras, bom de briga e ótimo com uma faca na mão!

Quem estava no trailer original voltou, claro: Jeff Fahey e Cheech Marin, este último presente em vários filmes de Rodriguez, e que aqui lembra seus tempos de Cheech e Chong com seus charutos de maconha.

No time das meninas, temos Jessica Alba, Lindsay Lohan e Michelle Rodriguez. Jessica está o de sempre, bonitinha, mas nada demais – e sua cena de quase nudez é falsa, ela estava vestida e a roupa foi apagada por cgi. Lindsay tem algumas falas espirituosas, que lembram seu conturbado momento atual de vida (problemas ligados a drogas) – e sua nudez também deve ser fake. Michelle faz bem o papel da latina mal-humorada (que ela faz sempre), mas a partir de um momento do filme, seu papel ganha um bom “upgrade” na esquisitice. E vou prestar atenção em Alicia Rachel Marek, a ruiva que faz a mãe da Lilo…

O filme traz ainda alguns “nomes que não estariam numa produção assim”. Robert De Niro está ótimo como o político preconceituoso; Steven Seagal, gordo, também manda bem como o traficante mexicano; só não gostei muito de Don Johnson (sim, ele mesmo, da série Miami Vice), que está quase o filme inteiro debaixo de chapéu e óculos, quase não vemos o seu rosto – aquele papel poderia ter sido feito por qualquer um.

(Acho que o Tarantino aparece não creditado, numa breve ponta. Na cena final, logo antes do confronto, tem um cowboy alto e desengonçado que é a cara dele!)

Machete não tem as falhas propositais que acompanham os dois Grindhouse. Mas manteve o delicioso clima de filme B. É um filme bem feito, mas com cara de vagabundo. E, seguindo essa onda meio trash, os efeitos especiais são excelentes. Tudo exagerado. Exageradamente divertido.

E, pra completar, a trilha sonora é muito boa. O tema principal sozinho já vale a compra do cd!

Enfim, diversão garantida! Recomendo fortemente!

Ah, sim, quem quiser ver o trailer original, está aqui (o trailer “oficial” é este). Acho que Machete está fazendo bonito nas bilheterias, então, é capaz de vermos em breve outro filme baseado nos trailers fakes…