O Menu

Crítica – O Menu

Sinopse (imdb): Um jovem casal viaja para uma ilha remota para comer em um restaurante exclusivo onde o chef preparou um cardápio farto, com algumas surpresas chocantes.

Parece que este O Menu (The Menu, no original) foi um dos títulos badalados no último Festival do Rio. Mas, como comentei no texto sobre Império da Luz, não dei bola para o Festival do Rio este ano, e quase deixei O Menu passar.

Dirigido pelo pouco conhecido Mark Mylod (que dirigiu episódios de Game of Thrones, Shameless e Succession), O Menu é daquele tipo de filme onde quase tudo acontece no mesmo cenário, com todos os personagens presentes – quase uma peça de teatro filmada.

O roteiro de Seth Reiss e Will Tracy é eficiente ao equilibrar a trama entre vários personagens. Claro, o foco maior fica nos três principais, mas tem espaço para conhecermos um pouco de cada um dos outros convidados do jantar. E o modo como o jantar é apresentado é uma boa crítica à gourmetização extrema. Aliás, vi alguns críticos incomodados, acho que a carapuça serviu e eles entenderam que seria “cinema” no lugar de “comida”.

Mas o melhor está nas atuações, principalmente de Ralph Fiennes e Anya Taylor-Joy. Fiennes tem uma das melhores atuações da sua carreira como o chef obcecado pela perfeição. E Anya mais uma vez mostra que é um nome a ser acompanhado. Nicholas Hoult tem o terceiro papel principal, mas seu personagem é mais besta. Entre os vários nomes menores do resto do elenco, olha lá, tem o John Leguizamo!

Tenho um comentário sobre o fim, mas é um spoiler brabo, então vou colocar o aviso de spoilers.

SPOILERS!

Entendi a ideia do chef, uma espécie de vingança pessoal misturada com suicídio. Mas não consigo entender por que seus funcionários embarcariam nesse suicídio coletivo. Eles já trabalhavam num sistema quase escravo, era a chance de liberdade. Não achei muito lógico.

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo não gostando do final, O Menu ainda é uma boa opção de suspense/terror diferente do óbvio.

Noite Infeliz

Crítica – Noite Infeliz

Sinopse (imdb): Quando um grupo de mercenários ataca a propriedade de uma família rica, o Papai Noel deve intervir para salvar o dia (e o Natal).

O tema “papai Noel badass” já me interessava. Mas quando soube que era produção da 87North, passou a ser um dos filmes aguardados do fim do ano!

Pra quem não se ligou no nome, 87North é a produtora fundada por David Leitch, e que está por trás de filmes como Anônimo, Trem Bala e Kate. Ou seja, estamos diante de uma galera que sabe fazer boas cenas de ação. Claro, isso não garante a qualidade do filme, mas pelo menos garante a qualidade das cenas de ação. E quem me conhece sabe que aprecio cenas de ação bem coreografadas e bem filmadas.

Outra coisa que falo sempre aqui é que precisamos entender a proposta do filme. Noite Infeliz (Violent Night, no original) não quer ser um grande filme, é sim uma boa diversão a partir de uma ideia maluca – um Papai Noel real, e bem diferente do que a gente imagina. O resultado é um um bom equilíbrio entre ótimas cenas de ação e sequências engraçadíssimas, com um ator protagonista inspirado, que quando acaba o filme a gente já fica com vontade de rever.

A direção é do norueguês Tommy Wirkola, um nome não muito conhecido, mas que heu acompanho desde Dead Snow, filme nórdico de zumbis lançado em 2009. Já em Hollywood, ele fez o divertido e meio trash João e Maria Caçadores de Bruxas em 2013, e já na era do streaming fez Onde Está Segunda em 2017. Currículo pequeno, mas já tem alguns bons títulos.

Um dos grandes trunfos de Noite Infeliz é não se levar a sério em momento algum – o filme é divertidíssimo! É claro que existem espaços para citações a outros filmes de Natal, como Duro de Matar e Esqueceram de Mim. Aproveito para comentar o “momento Esqueceram de Mim”. Certo momento, parece que o filme pega outra pegada no humor. Isso talvez incomode alguns espectadores, mas hei entendi que era uma homenagem ao filme do Macauley Culkin.

Outra coisa que precisa ser mencionada é a trilha sonora de Dominic Lewis. A trilha é orquestrada, parece um Alan Silvestri dos áureos tempos, e cheia de pequenas citações a temas clássicos de Natal. Há tempos que uma trilha sonora não me chamava tanto a atenção.

O roteiro não é perfeito, tem algumas situações bem forçadas. Mas… o próprio roteiro assume que são forçadas e manda a frase “é a mágica do Natal, não sei como funciona, mas funciona”. Assim, o roteiro não se preocupa com algumas incoerências. Mas, tenho uma crítica. O filme mostra alguns breves flashbacks do passado do Papai Noel, antes dele assumir o cargo. Mas não desenvolve esse plot. Ora, se você vai entrar no assunto, desenvolva. Ficar só na pincelada ficou estranho.

No elenco, todos os elogios possíveis a David Harbour, ótimo como esse Papai Noel politicamente incorreto. Ele bebe demais, ele parece ser um cara egoísta, mas mostra que lá no fundo é coerente com a mitologia do personagem. E Harbour ainda faz cenas de ação, tem uma cena num salão de jogos (a cena que termina com a estrela no olho) que tem um longo plano sequência! O vilão John Leguizamo também está bem. O terceiro nome conhecido do elenco é Beverly D’Angelo – será que seria uma citação implícita a Férias Frustradas de Natal, de 1989? No resto do elenco, ninguém relevante.

Noite Infeliz pode ficar junto de Gremlins e Duro de Matar como filmes para serem revistos a cada Natal!

O Conselheiro do Crime

ConselheiroDoCrimeCrítica – O Conselheiro do Crime

Filme novo do Ridley Scott, estreia de roteirista famoso, elenco estelar… Será que presta?

Um advogado tem sua cabeça posta a prêmio após envolver-se com o submundo do tráfico de drogas.

O Conselheiro do Crime (The Counselor, no original) é o primeiro roteiro para cinema do premiado escritor Cormac McCarthy (que escreveu os livros onde se basearam Onde os Fracos Não Têm Vez e A Estrada). Os fãs do autor estavam com a expectativa alta. Mas, como roteirista, McCarthy se mostrou apenas mediano. Seu filme é linear e previsível, o roteiro não tem nenhuma reviravolta – tudo o que a gente imagina desde a primeira cena vai acontecer.

Pra piorar, tem a verborragia. Alguns diálogos são longos demais e chegam a tornar o filme cansativo. Algumas cenas poderiam ser bem mais curtas, outras nem precisavam estar aqui – por exemplo, qual o sentido da cena do confessionário?

O que salva é o talento dos realizadores, tanto atrás quanto à frente das câmeras. Com a experiência de quase quatro décadas de bons filmes no currículo, o diretor Ridley Scott consegue belas imagens mesmo quando conta uma história simples.

O outro destaque está no elenco. Michael Fassbender, um dos melhores atores contemporâneos, arrebenta – como era de se esperar. Javier Bardem e Brad Pitt também estão inspirados, como o quase sempre. A surpresa está com a Cameron Diaz, que estamos acostumados a ver em papeis bobinhos, e que aqui está excelente num papel de mulher fatal. Penelope Cruz é que não se destaca, mas também seu papel de esposa inocente não ajuda. Ainda no elenco, Rosie Perez, John Leguizamo, Bruno Ganz, Natalie Dormer e Dean Norris.

Mas, apesar do talento das pessoas envolvidas, O Conselheiro do Crime fica devendo. Ridley Scott já fez coisa bem melhor.

p.s.: O título nacional, mais uma vez, pisa na bola. O protagonista é um advogado, que não aconselha ninguém – pelo contrário, passa o filme inteiro ouvindo conselhos.

Rio 2

0-Rio1Crítica – Rio 2

Não, não estou falando daquele condomínio entre a Barra e Jacarepaguá, e sim da continuação do desenho quase brasileiro Rio!

Blu e Jade vivem felizes no Rio de Janeiro, levando uma vida urbana ao lado de seus três filhotes. Mas ao descobrir que talvez não sejam os últimos da espécie, partem para a Amazônia para tentar encontrar outras araras azuis.

Admiro muito o diretor brasileiro Carlos Saldanha. Depois de conseguir reconhecimento internacional dirigindo os três primeiros A Era do Gelo, ele conseguiu fazer, através de um estúdio gringo, um longa de animação que se passa no Rio de Janeiro, repleto de personagens e paisagens cariocas.

Este segundo Rio é aquilo que a gente espera. Leve, divertido e com todos os clichês esperados – clichês bem utilizados, é bom dizer. Temos os problemas de adaptação, o conflito entre o heroi e o sogro, a rivalidade com o ex namorado… Mas o roteiro sabe aproveitar os elementos de modo que o filme fica leve e divertido.

Certas cenas parecem propagandas da Embratur – pelo filme, parece que no Rio só existe samba, e que o carnaval é uma unanimidade (conheço muitos cariocas que não dão bola pro carnaval…). Mesmo assim, prefiro ver o Brasil retratado por um brasileiro, pelo menos a geografia está correta. E o Rio só aparece no início do filme, depois os pássaros passam rapidamente por algumas cidades, para enfim chegarem ao cenário onde se passa quase todo o segundo filme: a floresta amazônica.

Rio 2 tem muitos números musicais, e, claro, uma partida estilizada de futebol. O filme é muito colorido e tem belas imagens – a qualidade técnica da animação é impressionante – mas, na minha humilde opinião, a parte “broadway” chega a cansar. A parte musical que funciona são as “audições”, responsáveis pelos momentos mais engraçados do filme – as tartarugas capoeiristas são sensacionais!

Nem tudo funcionou na versão dublada – Nigel cantando I Will Survive no original deve ser bem melhor. É, as dublagens brasileiras atingiram um nível excelente, mas não conseguem acertar sempre…

Achei curioso não ter o nome de nenhum ator nem nos créditos iniciais, nem nos finais. Pra descobrir o elenco tive que checar no imdb: Rodrigo Santoro, Anne Hathaway, Leslie Mann, Jesse Eisenberg, Jamie Foxx, John Leguizamo, Andy Garcia e Bruno Mars, entre outros.

Por fim, o 3D. Sim, tem 3D. Não, não precisava. 😉

Kick-Ass 2

Crítica – Kick-Ass 2

Estreou a continuação de Kick-Ass!

O “super heroi caseiro” Kick-Ass está de volta, junto com outros cidadãos comuns que também se fantasiam para combater o crime. Enquanto isso, Red Mist planeja vingar a morte do seu pai.

O primeiro Kick-Ass foi uma agradável surpresa, uma adaptação de quadrinhos pouco conhecidos que misturava bem ação e humor, usando muita violência gráfica (às vezes até demais). E a continuação pode não ser tão boa quanto o original, pelo menos consegue manter o alto nível.

Houve uma troca de diretor. Mathew Vaughn, que foi para a franquia X-Men – Primeira Classe, deixou o cargo para Jeff Wadlow. Pelo menos continuou no projeto como produtor, talvez para fazer um “controle de qualidade”.

Uma das melhores coisas do primeiro filme era a Hit Girl de Chloe Grace Moretz. Parece que não sou o único a pensar assim: Chloe aqui tem um papel tão importante quanto o protagonista Aaron Taylor-Johnson, talvez até mais importante – se o filme se chamasse “Hit Girl” em vez de “Kick-Ass”, não seria estranho. Chloe continua carismática e boa atriz, ela consegue um equilíbrio perfeito na sua adolescente que pende entre a escola e o combate ao crime. Chloe tem apenas 16 anos e já tem uma currículo com vários filmes legais. Essa menina vai longe!

Outro destaque do elenco é Christopher Mintz-Plasse, que está ótimo, careteiro e exagerado na medida exata com o seu vilão Motherf$#@cker. E, se Nicolas Cage não volta (seu personagem morreu), temos um Jim Carrey menos careteiro que o habitual – o que ajuda no seu papel. Ainda no elenco, John Leguizamo, Morris Chestnut, Clark Duke, Lindy Booth, Olga Kurkulina e Donald Faison.

Ainda sobre o elenco: a Mother Russia da estreante Olga Kurkulina é uma personagem ótima, uma espécie de Ivan Drago (Rocky IV) com seios (mas nem por isso podemos chamar de uma “versão feminina” de Drago). E a cena quer ela briga com vários policiais ao som de uma versão rock’n’roll de Tetris é sensacional!

Aliás, a trilha sonora funciona muito bem, tanto nas canções quanto nos temas instrumentais. E traz uma coisa particularmente interessante para o público brasileiro: uma versão, em português (com sotaque), de A Minha Menina, aquela do Jorge Ben que Os Mutantes gravaram.

Pena que nem tudo funciona. Algumas coisas ficam difíceis de “engolir”, como, por exemplo, por que ninguém usa armas de fogo na cena final? E uma cena em particular traz uma escatologia que não combinou muito bem com o resto do filme. Um filme desses não precisa de piadas com excrementos.

Mesmo com esses pequenos escorregões, Kick-Ass 2 ainda é bem divertido, e deve agradar ao público que gostou do primeiro filme.

Ah, e não se esqueçam de ver a cena depois dos créditos!

Crítica – Moulin Rouge

Crítica – Moulin Rouge

Há tempos queria rever Moulin Rouge. Aproveitei que estou numa “onda musical” enquanto lapido o roteiro do meu primeiro longa (Você Não Soube Me Amar – O Filme).

Paris, 1899. Um escritor se apaixona pela estrela do badalado clube noturno Moulin Rouge. O problema é que ela também é cortejada por um poderoso duque, que investe dinheiro no clube.

Moulin Rouge é um grande filme. O diretor Baz Luhrmann já tinha chamado a atenção com seu filme anterior, Romeu + Julieta, quando filmou atores e cenários contemporâneos recitando os versos clássicos originais de Shakespeare – o contraste era usar o visual moderno com o inglês arcaico. Agora a sua “novidade” era contar uma história passada em 1899, mas usando músicas atuais.

A trilha sonora é de longe o melhor de Moulin Rouge. Músicas de Elton John, Madonna, Beatles, U2, Kiss, Nirvana, Queen e The Police, entre outros, estão revistas e misturadas em arranjos muito inspirados. Só a trilha sonora já vale o filme.

Outro destaque é o visual do filme, muito bem cuidado, assim como os figurinos, tudo muito colorido, tudo meio estilizado. Luhrmann foi um pouco exagerado ao compor o visual de Moulin Rouge, mas admito que gostei disso.

Infelizmente, nem tudo funciona. O filme é longo, pouco mais de duas horas, e cansa – principalmente na segunda metade. E o exagero característico do diretor atrapalha quando o filme está cansativo.

No elenco, destaque para o casal principal, Nicole Kidman e Ewan McGregor, que inclusive cantam as suas músicas – Nicole está lindíssima, acho que esse é um dos filmes que melhor souberam aproveitar sua beleza. John Leguizamo faz um anão (!), usando cgi e truques de câmera (depois de O Senhor dos Aneis, acho que ficou mais fácil para atores altos interpretarem pessoas pequenas). Ainda no elenco, Jim Braodbent, Richard Roxburgh e uma ponta da cantora Kylie Minogue, como a fada verde.

Depois deste filme, de 2001, Lurmann só foi lançar um novo filme em 2008, o épico não tão bem falado Austrália. Mas este ainda não vi – e nem tenho muita vontade…

Mistério da Rua 7

Mistério da Rua 7

Um blecaute acontece na cidade de Detroit, e quase toda a população desaparece no ar, deixando suas roupas amontoadas no chão. Um pequeno grupo de pessoas consegue encontrar um bar com gerador próprio, e tenta traçar planos para escapar da escuridão.

Dirigido por Brad Anderson, Mistério da Rua 7 perdeu a oportunidade de ser um bom filme de suspense / terror. Porque o filme tem seus méritos, mas os defeitos realçam as falhas.

Vamos primeiro ao que funciona. O clima de tensão e mistério é muito legal, como pouco se vê no cinema atual. Aquelas sombras misteriosas poderiam entrar para uma antologia de bons momentos do medo na história do cinema.

As atuações também funcionam. Por incrível que pareça, Hayden Christensen está bem liderando o pequeno elenco, que ainda conta com Thandie Newton, John Leguizamo e as crianças Jacob Latimore e Taylor Groothuis.

Mas aí aparecem os problemas. Acho que, com duas pequenas alterações, o roteiro ficaria muito melhor: um fim decente e alguma explicação.

Sobre a explicação, heu entendo que um filme não precisa explicar com detalhes pra ser bom, às vezes a gente não entende nada e mesmo assim, curte a “viagem”. De vez em quando falo aqui de filmes de terror que funcionam perfeitamente sem a gente saber o que aconteceu, como foi em Splinter ou Banquete do Inferno, por exemplo. Mas aqui, na minha humilde opinião, algo deveria ter sido dito sobre o que estava acontecendo.

E aí vem aquele fim. Na boa, de onde algum roteirista acha que um fim desses vai agradar alguém? Não vou falar o que acontece no fim aqui porque não entrego spoilers, mas te digo que se faltar luz na sua sessão de cinema faltando dez minutos pra acabar, pode deixar pra lá e usar seu “vale ingresso” pra ver outro filme…

O fim do filme dá tanta raiva que a gente começa a pensar nos furos do roteiro. Por que os primeiros milhares de pessoas sumiram num piscar de olhos, mas 3 ou 4 “sobreviventes” eram mais difíceis de serem pegos? Por que Luke recusou a ajudar uma pessoa na rua e logo depois quis ajudar o garoto? Onde estava a menina quando James se escondeu na igreja? Isso porque não tô falando do papo furado do Croatoan – pouco tempo atrás, o seriado Supernatural usou o mesmo Croatoan de uma forma muito mais interessante.

E aí a gente fica com aquela sensação de que uma boa ideia foi desperdiçada… O resultado final ficou mais próximo de Fim dos Tempos e seu vento que fazia as pessoas cometerem suicídio… Queria mandar um recado aos produtores e roteiristas de Hollywood que gostam de fazer reboots: uma franquia como Homem Aranha não precisa de reboot, mas com Mistério da Rua 7, acho que seria uma boa ideia!

p.s.: Só heu achei irônico o Hayden Christensen interpretar um personagem chamado Luke?

O Pagamento Final

O Pagamento Final

Outro dia, numa comunidade do orkut, me sugeriram um texto sobre este O Pagamento Final, clássico mais ou menos recente (de 1993) de Brian De Palma. Heu já tinha o dvd em casa, e estava esperando uma desculpa pra rever o filme…

Carlito Brigante, um ex-traficante portorriquenho que acabou de sair da prisão, briga para ficar longe das drogas e da violência, enquanto todos por perto parece que querem trazê-lo de volta ao submundo do crime.

O Pagamento Final (Carlito’s Way, no original) é uma aula de cinema. O diretor Brian De Palma estava inspirado, são várias as sequências antológicas, onde ele exibe uma exímia técnica com a câmera na mão. Fica até difícil escolher um trecho favorito – heu citaria como exemplo dessa habilidade técnica toda a sequência da estação de trem.

De Palma já tinha mostrado esse cuidado no visual das suas produções nos anos anteriores, em filmes como Vestida Para Matar (1980), Um Tiro na Noite (81), Dublê de Corpo (84) ou Os Intocáveis (87). Nos anos 90 ele fez menos filmes memoráveis, mas acho que ainda podemos citar Síndrome de Caim (92) e Missão Impossível (96) como bons exemplos.

Aqui ele abusa. A câmera passeia pelos atores em longos planos-sequência ao longo de todo o filme, e vários ângulos inusitados são usados. E isso porque nem estou falando da bem cuidada reconstituição de época, nem da excelente trilha sonora, repleta de clássicos da era da discoteca.

O elenco é liderado por um também inspirado Al Pacino, que convence como o ex-traficante arrependido. Sean Penn, com visual diferente, de cabelos enrolados, também está ótimo, e Penelope Ann Miller nunca esteve tão bonita. O elenco ainda traz Luiz Guzman e John Leguizamo. Tem mais: hoje Viggo Mortensen é uma estrela; nessa época, ele ainda era coadjuvante – ele é Lalin, o paraplégico.

De Palma anda meio sumido – seu último filme foi Redacted, de 2007, nunca lançado por aqui. O Pagamento Final não foi seu último filme memorável, ele ainda fez Femme Fatale em 2002, outro filme que é uma aula de cinema. Nós, fãs de cinema, esperamos que ele volte aos bons tempos, com vários filmaços por década!

Fim dos Tempos

fimdostempos

Fim dos Tempos

Inexplicavelmente, pessoas nas grandes cidades perdem a vontade de viver e começam a cometer suicídio em massa. A princípio se pensa em atentados terroristas, mas logo se descobre que a natureza está se vingando dos maus-tratos.

Algum tempo, um trailer como o do Fim dos Tempos, seguido da informação “do mesmo diretor de O Sexto Sentido” poderia ser uma boa promessa. O trailer é muito legal, e ainda por cima o cartaz nos remete a Contatos Imediatos do Terceiro Grau.

Mas… Depois do Sexto Sentido, veio Corpo Fechado, que é muito legal, mas apenas copia a idéia do filme anterior. E depois veio Sinais, que é um bom filme, mas com um fim péssimo. E depois tivemos A Vila, que poderia ser um episódio de Twilight Zone, mas não se sustentava como filme longa metragem. E depois veio Dama na Água, que é ruim, muito ruim, mas tão ruim que não vale nem como filme trash.

E aí ficamos com pé atrás: será que o cara conseguiu se recuperar?

Bem, infelizmente, não. O filme é bem fraquinho… Só não é tão ruim quanto o Dama na Água, afinal, se leva menos a sério. (O principal problema do Dama na Água é que o filme é pretensioso e se propõe a ser um filme sério! Se se assumisse trash, talvez fosse divertido…)

M Night Shyamalan, depois do fracasso de seu último filme, prometia aqui uma volta por cima. Mas agora fica uma dúvida no ar: será que ele é um bom diretor vivendo maus momentos, ou apenas um diretor tosco que teve apenas uma grande idéia para um grande filme – O Sexto Sentido?

As cenas são paupérrimas. Os diálogos são fracos, as atuações são fracas… Pouca coisa se salva no filme, talvez a trilha sonora de James Newton Howard.

O elenco todo está ruim. Mark Wahlberg interpreta Elliot Moore, um professor que traça teorias enquanto foge do inexplicado. Talvez se ele se assumisse um pouco mais vagabundo, fosse melhor. Afinal, existe até um monólogo dele com uma planta de plástico! Completam o elenco John Leguizamo e Zoey Deschanel, além da garotinha Ashlyn Sanchez.

Fica a dica: veja pensando que é um filme trash. Talvez você se divirta…