Metal Lords

Crítica – Metal Lords

Sinopse (imdb): Dois amigos se reúnem para formar uma banda de heavy metal com uma violoncelista para participar de uma competição de bandas.

Às vezes a gente tem uma decepção, como foi com o recente Águas Profundas, que tem um bom diretor e um bom casal de protagonistas, mas que apesar disso é um filme bem ruim. E outras vezes a gente tem uma grata surpresa, quando vamos ver uma comédia adolescente sem ninguém muito conhecido no elenco principal, mas que proporciona divertidas e agradáveis duas horas em frente à tela. É o caso deste Metal Lords, nova comédia da Netflix.

Metal Lords foi dirigido por Peter Sollett, e escrito por D.B. Weiss, que curiosamente foi o co-criador e showrunner de Game of Thrones – que não tem nada a ver com este filme. Mas, lembrei de um vídeo que rolou um tempo atrás que tem tudo a ver. Era uma espécie de jam session de guitarristas tocando o tema de Game of Thrones, com o próprio D.B. Weiss tocando guitarra ao lado de Ramin Djawadi (compositor do tema), Tom Morello (Rage Against The Machine), Scott Ian (Anthrax) e Nuno Bettencourt (Extreme). E ele não faz feio! Ou seja, D.B. sempre foi um cara do rock. Ah, Ramin Djawadi e Tom Morello trabalharam na trilha sonora de Metal Lords.

Ok, a gente tem que reconhecer que Metal Lords não traz nada de novo. A gente já sabe como o filme vai se desenvolver e como vai terminar. Não é um filme para figurar em listas de melhores do ano. Mas, pode entrar em listas de bons filmes com temática rock’n’roll, como Escola de Rock, Still Crazy ou Rock Star. E, principalmente, é um filme leve e agradável, que deixa a gente com vontade de rever na primeira oportunidade.

Me perguntaram se me identifiquei com a banda, afinal, comecei a tocar na época do colégio, e tive uma fase de heavy metal no currículo. Mas, na verdade, na época do colégio minha banda era mais parecida com a banda “rival”, só comecei a tocar metal anos depois. Mas, claro, vivi algumas daquelas situações presentes no filme.

Gostei muito do trio principal do elenco, tanto pelos atores quanto pelos personagens. Falei que o elenco principal era de desconhecidos, né? Mais ou menos. O protagonista Jaeden Martell estava em It e Entre Facas e Segredos, não é um rosto completamente novo. Mas aqui em Metal Lords é que ele realmente tem espaço para mostrar um bom trabalho. Seu personagem Kevin tem um bom desenvolvimento, tanto na parte musical quanto na personalidade. Adrian Greensmith faz um personagem que é meio caricato, mas, acreditem, conheci gente igual. O garoto que só pensa no metal, filho de pai rico, com problemas de relacionamento com todos em volta – inclusive o pai. A menina Isis Hainsworth também é ótima, tanto a atriz quanto a personagem, mas achei que a mudança dela ficou meio abrupta. Mas, gostei da “nova Emily”.

Esqueci de falar, vemos os garotos tocando os instrumentos. Podem até não ser grandes músicos (não dá pra saber), mas pelo menos demonstram bem na tela.

Preciso citar aqui uma cena que achei muito boa, que é quando Kevin aprende a tocar War Pigs. No início do filme a gente vê que o garoto não toca direito e tem problemas com ritmo. Durante a War Pigs, vemos a evolução do Kevin, tanto na parte técnica tocando bateria, quanto na parte de postura e de figurino. A cena ficou muito legal!

Tem um detalhe que vou implicar, mas sei que é um preciosismo. A cena final, quando eles tocam na batalha das bandas, aquela música nunca seria tocada daquele jeito sem ensaio. Nem com músicos profissionais, muito menos com músicos amadores. Já subi no palco sem ensaio, mas eram músicas mais conhecidas e com menos convenções. Certamente eles errariam a execução. Mas… É “filme de sessão da tarde”, a gente releva isso e aceita que a música saiu sem nenhum tropeço.

Tem uma outra cena que achei genial, mas não sei se é spoiler, então vou colocar os avisos.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Tem uma cena onde Kevin “ouve vozes na sua cabeça”. Aí aparecem Scott Ian (Anthrax), Tom Morello (Rage Against the Machine), Kirk Hammett (Metallica) e Rob Halford (Judas Priest) para conversar com ele. Achei genial! Mas acho uma boa citar aqui quem são, porque o filme não explica quem é quem. Só quem realmente conhece as bandas de metal é que vai reconhecer.

FIM DOS SPOILERS!

Nem sei se era pra falar tanta coisa de um filme tão despretensioso, mas é que curti e terminei a sessão empolgado. Recomendo pra todos os que gostam de música!

Como se Tornar o Pior Aluno da Escola

Crítica – Como se Tornar o Pior Aluno da Escola

Sinopse (google): Os estudantes Bernardo e Pedro têm dificuldades para cumprir todas as regras de uma escola que adota medidas politicamente corretas graças ao diretor Ademar. No banheiro do colégio, Pedro encontra um diário com dicas para instaurar o caos na escola sem ser notado.

Lançado em 2017, Como se Tornar o Pior Aluno da Escola virou “o assunto da semana” por causa de uma polêmica sem sentido. Mas, antes de falar da polêmica, vamos falar sobre o filme?

Não tinha visto Como se Tornar o Pior Aluno da Escola, mas vi Exterminadores do Além contra a Loira do Banheiro, que é um divertido trash movie brasileiro, também dirigido pelo mesmo Fabrício Bittar. O humor tem qualidade duvidosa e às vezes resvala na grosseria gratuita. Mas o filme é engraçadíssimo! E, vou além: acho importante um filme desses, que quebra o estilo padrão de quase 100% do cinema nacional. Sempre gosto de ver filmes com propostas diferentes.

Como se Tornar o Pior Aluno da Escola tem algumas semelhanças com Exterminadores do Além contra a Loira do Banheiro. O humor também resvala na grosseria. Mas, pelo menos na minha opinião, Como se Tornar o Pior Aluno da Escola tem um problema bem mais grave: as piadas são sem graça. Dei umas duas ou três risadas leves ao longo de todo o filme. Pouco não?

Existe uma outra crítica que pode ser feita com relação ao humor apresentado no filme, mas aí seria uma crítica ao estilo. É que heu, particularmente, não curto muito piadas escatológicas. Piada com xixi, cocô e pum tem que ser genial pra ter graça – porque mostrar alguém fazendo som de pum com as axilas não é engraçado. Mas, esse tipo de humor vende, tem parte do público que gosta de humor escatológico, então entendo que o filme opte por este caminho.

Mas não é só o humor grosseiro. Como se Tornar o Pior Aluno da Escola é repleto de cenas que não fazem o menor sentido, começando com o ponto de partida do filme: por que um adulto ajudaria dois adolescentes daquele jeito? E a partir daí, várias situações ilógicas, como o cara levando adolescentes numa boate onde não entram menores de idade. Detalhe:o carro foi roubado na frente do dono e dos motoristas do hotel e ninguém fala nada!

Se isso tudo viesse com boas piadas, heu até relevava o roteiro esdrúxulo. Mas se é piada de xixi cocô e pum, a tolerância diminui…

Pelo lado bom, a edição do filme é muito boa. O filme usa os rabiscos do “livro” para emendar as cenas, isso deu agilidade. A trilha sonora rock’n’roll também combina bem com a proposta. E, perto do fim, tem uma cena – uma única cena – onde Danilo Gentili e Carlos Villagrán conversam, onde a metalinguagem rola solta. A cena é muito boa, eles sacaneiam as carreiras de ambos os atores, e ainda tem quebra da quarta parede. Ah, se todo o filme fosse nessa pegada…

Sobre o elenco, nenhuma boa atuação. O garoto principal Bruno Munhoz não é ruim, mas não faço questão de revê-lo em novas produções. Daniel Pimentel, o amigo gordinho, é ruim, mas não sei se é culpa do ator ou do roteiro, que transformou o personagem em um alívio cômico sem graça. Danilo Gentili não é um bom ator, ele funciona muito melhor como apresentador. Talvez com um bom diretor de atores ele estivesse melhor aqui. Fábio Porchat tem uma ponta, aparece em duas cenas, no papel desconfortável. Nem dá pra julgar a sua atuação. Aliás, se a gente parar pra pensar, essas duas cenas poderiam ser cortadas e o filme não perderia nada. Carlos Villagrán, o Quico do Chaves, faz o diretor da escola, uma presença interessante, mas um papel caricato e sem nenhuma profundidade. Ah, achei engraçado ver Rogério Skylab entre os professores. Também no elenco, Joana Fomm, Moacir Franco e Raul Gazolla.

Não é um grande filme. Mesmo assim, defendo a existência de um filme nacional assim, com humor grosseiro. Assim como Exterminadores do Além contra a Loira do Banheiro, Como se Tornar o Pior Aluno da Escola é um filme diferente do rótulo “cinema nacional”.

Agora, vamos à polêmica. Danilo Gentili é um cara que sempre se envolveu em polêmicas em sua carreira. Claro que ele coleciona inimigos com este comportamento. Aparentemente um desses inimigos resolveu espalhar uma fake news, e recortou uma cena onde aparece um pedófilo. Só que é desonesto você mostrar parte da cena sem mostrar o conceito onde ela está inserida. Porque os protagonistas têm contato com o pedófilo, e isso é mostrado como algo extremamente negativo. Em momento algum o pedófilo é exaltado.

E o pior foi acusar o ator Fábio Porchat, que apenas interpreta um papel. Sim, acusaram um ator por atuar. Seriously?

E como tem muita gente preguiçosa por aí, a galera saiu compartilhando como se fosse verdade. Como se Como se Tornar o Pior Aluno da Escola realmente fizesse apologia à pedofilia. A cena é ruim, é desconfortável, é desnecessária, mas não é apologia. Se qualquer um quiser falar mal do filme, é fácil. O filme não é lá grandes coisas, tem um monte de coisas reais pra se falar contra o filme.

Mas, espalhar fake news aparentemente é mais fácil.

Bem, acho que o tiro saiu pela culatra. Como se Tornar o Pior Aluno da Escola é de 2017, ninguém mais se lembrava da existência do filme. Danilo Gentili deve estar feliz com a divulgação retardatária.

Eduardo e Mônica

Crítica – Eduardo e Mônica

Sinopse (imdb): Será que o romance entre uma estudante de medicina e um colegial pode dar certo? Um casal que deve superar suas diferenças significativas para viver um grande amor.

Preciso falar que rolava um certo pé atrás com este filme. É dirigido por René Sampaio, o mesmo diretor de Faroeste Caboclo, que é um bom filme, mas que altera algumas partes essenciais da música original. Ok, admito, o meu head canon me atrapalhou. Mas não consegui curtir aquele filme por causa das adaptações.

Felizmente, aqui em Eduardo e Mônica as adaptações funcionaram – pelo menos para mim – e posso dizer que “entrei no filme”.

Tudo funciona redondinho no filme, que usa o formato de comédia romântica – duas pessoas se conhecem, se gostam, se estranham, se separam, se reconciliam, etc. Fórmula batida, mas eficiente.

Os trechos da música entram naturalmente no roteiro, tipo rola um telefonema onde eles decidem se encontrar e o Eduardo sugere uma lanchonete enquanto a Mônica sugere um filme da nouvelle vague – ou seja, um filme do Godard. Sim, alguns elementos da música estão colocados discretamente, por exemplo, na música a Mônica cita Mutantes, no filme tem uma rodinha de violão tocando Ando Meio Desligado.

Uma boa sacada foi situar o filme na década de 80. Não fala exatamente em quais anos, mas a gente sabe que se passam alguns anos durante o filme. Tem pelo menos dois indicativos: Eduardo tem um poster do Fluminense campeão brasileiro de 1984 no quarto; e um tempo depois aparece ele fazendo o vestibular em 1987.

A reconstituição de época é muito bem feita – tem um personagem que usa mochila da Company! E tem uma cena que a galera da nossa idade vai lembrar do perrengue que era telefonar interurbano com fichas de telefone!

Tem um detalhe que gostei mas que vai passar desapercebido por boa parte da audiência. Tem uma trilha sonora instrumental, tocada por violões e outras cordas, que evoca os acordes da música título. Fica aquele clima no ar, mas sem entrar na música propriamente dita (que só é tocada nos créditos finais).

A música não citava nada de política, mas política era um tema recorrente na época, o Brasil estava saindo da ditadura militar, e duas das principais bandas que vieram de Brasília traziam política e críticas sociais nas suas letras (Legião Urbana e Plebe Rude). No filme, o pai da Mônica foi exilado por causa da ditadura, e o avô do Eduardo é um ex militar. Achei uma boa sacada.

Ok, vou reclamar de uma coisa. Admito que é um problema que acontece muito no audiovisual: a idade dos atores. Não sei exatamente quando foi filmado, a data no imdb é 2020, ou seja, essas filmagens já aconteceram há um tempo. Hoje, Alice Braga tem 38 anos, e Gabriel Leone (Dom) tem 28. A diferença de idade entre os dois é boa, compatível com ele fazendo vestibular enquanto ela se forma em medicina. Mas, o Gabriel Leone, com vinte e muitos anos, dizendo “eu tenho 16 anos” não ficou legal. Mas, sei que é um problema recorrente no cinema, lembro de um Espetacular Homem Aranha onde a Emma Stone, com vinte e muitos, grita “eu tenho dezessete anos!”.

Dito isso, preciso dizer que os dois estão ótimos, são grandes atores e a química entre o casal está perfeita. Excelente escolha de elenco.

(Tem uma participação de Fabricio Boliveira, que fez o João de Santo Cristo no Faroeste Caboclo. Será que existe um “legiãoverso”?)

Como falei, ao fim do filme estava feliz e com vontade de rever. E ao mesmo tempo frustrado, porque não sei quando o filme será lançado – inicialmente a data de estreia era pra ser 06 de janeiro, mas já adiaram de novo pro dia 20.

Mas, posso dizer que, dos últimos quatro filmes que vi no cinema, dois nacionais (Eduardo e Mônica e Turma da Mônica Lições) e dois blockbusters gringos (Matrix e King’s Man), os nacionais são muito melhores!

Não Olhe Para Cima

Crítica – Não Olhe Para Cima

Sinopse (imdb): Conta a história de dois astrônomos que participam de uma gigantesca cobertura de imprensa para alertar a humanidade sobre a aproximação de um cometa que destruirá a Terra.

Um pouco atrasado, vamos falar de Não Olhe Para Cima. Ia escrever aqui semana passada, mas resolvi fazer os posts de retrospectiva e expectativas. Bem, vamos ao filme.

Tem dois tipos de pessoas que se incomodaram com Não Olhe Para Cima – existe o lado social e o lado cinematográfico. Vamos por partes. Não Olhe Para Cima é o filme novo de Adam Mckey. Se a gente analisar os seus dois últimos filmes, podemos ver um padrão em pelo menos dois aspectos: um bom trabalho com os atores, e uma edição nada convencional. Essa parte da edição sei que vai incomodar muita gente. Pra citar um exemplo claro: em Vice, seu filme anterior, sobem os créditos finais no meio do filme! Aqui em Não Olhe Para Cima não tem nada tão radical, mas mesmo assim, estamos longe da narrativa convencional (em determinado momento do filme aparece um QR Code na tela, que direciona a um clipe da Ariana Grande).

Pra curtir Não Olhe Para Cima tem que embarcar na proposta do diretor. Conheço gente que simplesmente largou o filme no meio por causa dessas maluquices.

Além disso tem a parte ideológica. Não Olhe Para Cima foi criado para criticar o aquecimento global. Mas, pelo menos aqui no Brasil polarizado de 2021, virou uma cutucada explícita nos negacionistas da vacina. E vários aspectos são muito semelhantes a situações vividas aqui no Brasil, inclusive tem personagens que parecem inspirados em pessoas da nossa política. Mas, existem dezenas de textos analisando o filme sob este ângulo, então aqui no heuvi vou focar mais no lado cinematográfico, ok?

O destaque, claro, é o elenco. Só de ganhadores do Oscar, são cinco: Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett e Mark Rylance; e ainda tem outros dois que já foram indicados (Jonah Hill e Timothée Chalamet). E ainda tem Rob Morgan, Ron Perlman, Tyler Perry, Ariana Grande, Himesh Patel e Melanie Lynskey. E ainda tem uma ponta do Chris Evans!

De um modo geral, todos estão bem. Se for pra escolher um destaque, seria o Leonardo DiCaprio, quem tem um personagem melhor desenvolvido e com mais camadas. E se for escolher um destaque negativo, seria Meryl Streep. Não, ela não está mal, Meryl Streep não consegue atuar mal nunca, mas ela está apenas ok. Já vi filmes fracos onde o destaque era a atuação da Meryl Streep, ela estar apenas ok não é aceitável.

(Uma pequena curiosidade: o personagem de DiCaprio é casado com Melanie Lynskey. E cada um dos dois tem um filme marcante na carreira onde o par romântico é a Kate Winslet – Titanic (97) e Almas Gêmeas (94).)

O roteiro e a direção de Adam McKay acertam o ponto exato da comédia. No início de sua carreira, McKay fez alguns filmes com Will Ferrell, filmes que até têm seus bons momentos, mas têm muitas piadas bobas. Depois McKay entrou numa fase mais “séria”, trocando o humor escrachado pela ironia, nos filmes A Grande Aposta e Vice. Na minha humilde opinião, Não Olhe Para Cima é o seu melhor trabalho, com uma edição precisa e bons efeitos especiais nos momentos do meteoro.

Teve uma coisa que não gostei. A ameaça é mundial, e quase todo o filme só mostra como se fosse um problema só nos EUA – tem uma breve cena onde falam de um plano frustrado envolvendo China, Rússia e Índia. Acho que seria melhor mostrar núcleos em outros países, a trama ia ficar mais rica.

Mesmo assim, o resultado final ficou muito bom. É uma comédia com humor ácido, que acerta o ponto exato na crítica.

Ah, são duas cenas pós créditos. Tem uma piadinha lááá no fim, coisa incomum quando se trata de Netflix – normalmente eles não deixam ver os créditos e te jogam pra ver outro filme / série.

Te Pego Lá Fora

Crítica – Te Pego Lá Fora

Sinopse (imdb): Um nerd se mete em problemas com o novo bandido, um garoto mau que o desafia a lutar em sua escola secundária após o fim do dia.

Te Pego Lá Fora (Three O’Clock High, no original) é um clássico filme de sessão da tarde sobre high school americana. Mas, ao mesmo tempo, é um filme que é muito mais do que isso.

Na trívia do imdb, encontrei uma citação que exemplifica bem o que quero dizer. O diretor Phil Joanou, estreante, disse que se inspirou em Depois de Horas e Touro Indomável antes de filmar. Steven Spielberg, que era produtor executivo, foi ver o filme achando que seria algo na pegada de Karate Kid. Depois do filme assistido, ele teria perguntado a Joaunou: “O que aconteceu com Karatê Kid? Você fez um filme do Scorsese!”

O roteiro de Te Pego Lá Fora tem todos os clichês de filmes de high school dos anos 80. Mas o modo como foi filmado em nada se assemelha àqueles filmes. O modo como Joanou posiciona e movimenta a sua câmera é diferenciado.

Curiosamente, o diretor Phil Joanou não tem um grande currículo no cinema. Ele é mais conhecido por vários trabalhos junto com a banda U2 – inclusive, ele dirigiu o famoso documentário Rattle and Hum. O mesmo comentário posso fazer sobre o elenco. Te Pego Lá Fora não tem nenhum ator que ficou conhecido. Só pra dar um exemplo, o protagonista Casey Siemaszko era um dos caras que andava ao lado do Biff em De Volta para o Futuro – coadjuvante do coadjuvante! É, aqui não tem muito o que falar sobre os atores.

Uma coisa curiosa sobre o elenco era a idade dos dois principais. Não sei quando foi filmado, mas Te Pego Lá Fora foi lançado em 1987, e tanto Casey Siemaszko quanto Richard Tyson nasceram em 1961 – eles interpretavam adolescentes de 16 ou 17 anos, mas já tinham 26! O diretor Phil Joanou também é de 61, ele é alguns meses mais novo que os seus “adolescentes”.

O roteiro de Thomas Szollosi e Richard Christian Matheson, filho do famoso Richard Matheson (Amor Além da Vida, Eu Sou a Lenda) traz vários clichês de filmes de high school, mas está longe de ser um roteiro ruim. Quase toda a trama se passa em um único dia (só no finzinho do filme a gente vê o dia seguinte), e durante toda a projeção a gente fica acompanhando um relógio marcando a hora, acentuando a tensão que paira no ar, contando os minutos que faltam para a briga.

A trilha sonora é da banda Tangerine Dream, que fez dezenas de trilhas na época. O curioso é que não lembro de nenhum tema composto por eles…

A bilheteria não foi boa, o filme custou 6 milhões de dólares e rendeu menos que 4 milhões. Injusto, este filme merecia uma bilheteria melhor.

Steven Spielberg foi produtor executivo deste filme, mas, sabe-se lá por qual motivo, pediu pra tirar o nome dos créditos (ouvi falar de uma briga com Aaron Spelling, que era outro produtor executivo). Rolam boatos pela internet que Spielberg teria dirigido uma cena do filme, a cena no fim onde a professora volta e beija o protagonista. Hoje em dia algo assim nunca aconteceria, mas, nos anos 80, a galera era mais relaxada neste assunto. Enfim, a cena ficou bem divertida.

Por fim, queria falar de uma teoria maluca que rola na internet, de que este colégio seria o mesmo de Curtindo a Vida Adoidado. A atriz Annie Ryan, que aqui tem um papel importante, fez uma ponta no filme do Ferris Bueller.

Alerta Vermelho

Crítica – Alerta Vermelho

Sinopse (imdb): Um agente da Interpol rastreia o ladrão de arte mais procurado do mundo.

Grande lançamento da Netflix, Alerta Vermelho (Red Notice, no original) chega com a divulgação de ser “o filme mais caro da história da Netflix”. Pena que o dinheiro não garantiu a qualidade.

Escrito e dirigido por Rawson Marshall Thurber (que já tinha feito outros dois filmes com Dwayne Johnson, Um Espião em Meio e Arranha Céu), Alerta Vermelho tem como grande mérito o carisma de seus três atores principais, Dwayne Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot. Realmente, nessa parte o filme funciona. Agora, o roteiro…

Alerta Vermelho tem tantas conveniências no roteiro que chega um ponto que o espectador diz “chega!”. Ok, a gente entende que é Hollywood, filme pipoca, pra desligar o cérebro e curtir, mas precisa saber dosar. Porque é difícil chegar ao fim sem pensar “pô, aí não, forçaram a barra”.

Pra piorar, alguns cenários são bem básicos, nem parece “o filme mais caro”. Tem uma cena numa floresta, logo depois da cachoeira, que quase dá pra ver a parede do estúdio, de tão artificial.

(E, olha, quando mostram o ponto no mapa na América Latina, heu acho que aquilo é no Brasil e não na Argentina…)

Agora, preciso admitir que me diverti em vários momentos. Reconheço que os trio principal de atores repete os papeis de sempre, mas esses papeis funcionam bem.

Aliás, preciso dizer que Ryan Reynolds acertou em cheio pelo menos duas vezes. Uma é quando o filme entra numa vibe Caçadores da Arca Perdida e ele assobia o tema do Indiana Jones; a outra é quando ele diz que está procurando “uma caixa que diz MacGuffin”. Ri alto nessas duas piadas.

(MacGuffin era um termo usado por Hitchcock pra falar de alguma coisa que os personagens estão procurando, mas que não tem importância pro espectador. Segundo a wikipedia, “é um dispositivo do enredo, na forma de algum objetivo, objeto desejado, ou outro motivador que o protagonista persegue, muitas vezes com pouca ou nenhuma explicação narrativa. A especificidade de um MacGuffin, normalmente, é sem importância para a trama geral.”)

Ou seja, Alerta Vermelho só serve se você for fã dos atores e se desligar de todo o resto. Dá pra se divertir, mas é bem esquecível.

Alerta Vermelho está na Netflix, mas também teve lançamento nos cinemas. Achei uma estratégia estranha. Lembro que quando O Irlandês estreou na Netflix, houve sessões nos cinemas. Mas, IMHO, O Irlandês é um filme com mais atrativos pra levar o espectador pro cinema. Tenho minhas dúvidas se este Alerta Vermelho vendeu algum ingresso.

Free Guy

Crítica – Free Guy

Sinopse (imdb): Um caixa de banco descobre que ele é na verdade um NPC dentro de um violento videogame de mundo aberto.

Antes de tudo, uma explicação pra quem não sabe o que é um NPC. É um “non player character”, ou um “personagem não jogável”. Em alguns videogames, você cria o seu personagem, e ele interage com outros personagens que estão no jogo. Alguns são controlados por outros jogadores, enquanto outros são controlados pelo computador. Esses são os NPC.

Dirigido por Shawn Levy (diretor da trilogia Noite no Museu, e que nos últimos anos dirigiu vários episódios de Stranger Things), Free Guy: Assumindo o Controle (Free Guy, no original) parece uma mistura de Show de Truman, Tron, Detona Ralph e mais algumas coisinhas. Às vezes, misturar tudo pode ter cara de cópia – falei disso no texto sobre Gunpowder Milkshake. Mas às vezes a mistura fica boa, e felizmente é o caso aqui. E, ainda sobre as ideias recicladas: o roteiro é de Matt Lieberman e Zakk Penn – este último também é o roteirista de O Último Grande Herói e Jogador Nº1. Ou seja, ele já tinha abordado temas parecidos.

Free Guy é mais um filme que foi adiado pela pandemia. Lembro de ter visto o trailer meses atrás. Agora, finalmente o filme chega às telas.

O modo como o jogo mostra o jogo é genial. É uma cidade com tiroteios, explosões, tanques nas ruas, mas sob o ponto de vista do “morador” da cidade. Isso traz algumas cenas muito engraçadas. Além disso, tem várias coisas acontecendo em segundo plano, tipo um carro que muda de cor porque está sendo personalizado; ou jogadores que ainda não pegaram a manha e seus avatares andam sem rumo; ou avatares fazendo dancinhas. A Free City foi inspirado na Liberty City do GTA, e o jogo também traz elementos do Fortnite.

Acho que o maior mérito de Free Guy está em seu protagonista. Ryan Reynolds criou um personagem sonso e irônico, que se adapta a alguns papeis. Guy parece ser uma versão light do mesmo Deadpool de sempre (papel também parecido com Dupla Explosiva 2, que comentei aqui outro dia). Guy é aquele cara super feliz na vidinha medíocre, enquanto é assaltado e apanha todos os dias. Não consigo pensar num ator melhor pra isso.

Aproveito pra falar do resto do elenco. O outro nome a ser citado é Taika Waititi, que virou uma personalidade importante depois que dirigiu Thor Ragnarok e ganhou Oscar de roteiro por Jojo Rabbit. Ele aqui está caricato ao extremo como o vilão. Sei que foi proposital, mas acho que ele exagerou um pouco, passou do ponto. Também no elenco, Jodie Comer, Joe Keery, Utkarsh Ambudkar, Lil Rel Howery e Channing Tatum num papel pequeno e muito engraçado. Ah, tem um cameo genial, mas não vou falar por causa de spoilers.

Free Guy tem uma segunda parte fora do videogame, com toda uma trama que inclusive explica por que o personagem título age daquele jeito. Afinal, ia cansar se ficasse só nas piadinhas do jogo. Agora, não que essa parte seja ruim, mas senti uma queda de ritmo, prefiro a parte dentro do jogo.

Free Guy estreia semana que vem nos cinemas. Vou voltar com os filhos pra rever!

O Esquadrão Suicida

Crítica – O Esquadrão Suicida

Vou começar lançando a polêmica: será que estamos diante do melhor filme da DCEU?

Sinopse (imdb): Os supervilões Harley Quinn, Bloodsport, Peacemaker e uma coleção de malucos condenados na prisão de Belle Reve juntam-se à super-secreta e super-obscura Força Tarefa X enquanto são deixados na remota ilha de Corto Maltese, infundida pelo inimigo.

Antes de começar, vamos explicar as siglas. A Marvel tem o MCU, o Marvel Cinematic Universe, que é o universo onde estão situados as dezenas de filmes. DCEU é o DC Extended Universe, o paralelo da DC. Não leio HQs, então não posso palpitar sobre qual editora é mais bem sucedida nos quadrinhos. Mas no cinema, nem o mais fanático fã da DC vai deixar de reconhecer a superioridade da Marvel.

(Bem, fãs fanáticos às vezes têm cegueira seletiva, então se o cara é muito fanático ele não vai reconhecer os fatos. Mas isso é assunto pra outro post.)

Em 2016 a gente viu o primeiro filme do Esquadrão Suicida, que teve um trailer excelente, um bom início, mas que depois se perdeu completamente e conseguiu decepcionar quase todo mundo. Até achei que iam desistir do time do Esquadrão Suicida, deixa pra lá, foi uma parada que não deu certo.

Mas aí apareceu um James Gunn no horizonte. Vamos lembrar quem é James Gunn? O cara começou na Troma, produtora de filmes trash, acho que seu primeiro trabalho no cinema foi o roteiro de Tromeu e Julieta, de 1996. Ele tinha uma carreira discreta, com filmes “menores” como Seres Rastejantes (2006) e Super (2010), até que foi contratado pela Marvel pra fazer Guardiões da Galáxia. Só pra dar um exemplo da proporção: o orçamento de Super era de 2,5 milhões de dólares, enquanto Guardiões tinha 170 milhões.

Guardiões da Galáxia era um projeto audacioso. Um filme que se encaixaria nos filmes dos Vingadores, mas era uma aventura espacial com um grupo que tinha um guaxinim e uma árvore, feito por um diretor que começou na Troma. E o resultado foi excelente, um dos melhores filmes do MCU (lembrando que tem um monte de filmes bons no MCU!).

Claro que a moral do James Gunn subiu. Ele fez o Guardiões volume 2, e ia fazer o terceiro – até que resolveram catar uns tweets politicamente incorretos que ele tinha feito anos antes, e a conservadora Disney (como mencionei no texto de anteontem sobre Jungle Cruise) o demitiu.

A Warner então o contratou pra “consertar” o Esquadrão Suicida – afinal, tanto os Guardiões quanto o Esquadrão são grupos de anti-heróis com alguns esquisitões no meio.

Vendo isso, a Disney o recontratou pra fazer Guardiões 3, mas antes ele ainda ia fazer este Esquadrão Suicida antes.

E agora a gente tem um James Gunn livre das restrições da Disney. O Esquadrão Suicida parece uma mistura dos anti-heróis de Guardiões da Galáxia com a violência e o humor politicamente correto do Deadpool. Um filme violento, engraçado, e, principalmente, divertidíssimo!

Antes de entrar no filme, vamos à pergunta: é uma continuação ou um reboot? Na verdade, tem cara de reboot, mas é uma continuação. Alguns personagens do outro filme voltam. Mas não precisa (re)ver aquele, a história aqui é independente.

Uma das poucas coisas boas do primeiro filme foi a introdução dos personagens. Aqui não tem isso, sabemos pouco sobre cada um. Mas sabe que não fez falta? O filme até faz piada com isso.

Falei que o filme era violento, né? MUITO violento. Sem entrar em spoilers, mas muita gente morre no filme. Aliás, essa é uma grande diferença para os filmes de super heróis que a gente está acostumado. Aqui morre um monte de gente, tanto personagens quanto extras. Mas não são mortes dramáticas – apesar de algumas serem bem gráficas – tem tiro na cara, tem cabeça explodindo… O filme tem muito sangue, mas a pegada é humor negro – várias mortes geram gargalhadas.

Um bom exemplo disso é uma sequência muito boa onde rola quase uma competição entre o Idris Elba e o John Cena pra ver quem é mais eficiente matando. E quase todas as mortes são engraçadíssimas. E o encerramento da sequência é inesperado e genial!

Uma coisa que gostei muito aqui é justamente essa imprevisibilidade. O roteiro sai do óbvio várias vezes (característica que também acontecia em Guardiões da Galáxia). Você está vendo a cena, achando que ela vai ter uma conclusão, e o roteiro te dá uma rasteira e mostra outro caminho. Gosto disso, gosto de ser surpreendido por soluções fora do óbvio.

As cenas de ação são muito boas. São várias, com vários personagens, e a câmera sempre consegue mostrar bem a ação. E os efeitos especiais também são ótimos. Falei mal da onça de Jungle Cruise, né? O Tubarão Nanaue aqui é muito mais bem feito. Ok, parece uma ideia reciclada, um novo Groot – inclusive porque ambos são dublados por atores famosos (o Groot é o Vin Diesel; o Nanaue é o Sylvester Stallone). Mas, assim como o Groot é um personagem adorável, digo o mesmo sobre o Nanaue.

Ah, ainda nos efeitos. O filme é entrecortado por intertítulos, como se fossem títulos para cada capítulo. E esses intertítulos são escritos com elementos que estão na cena. Boa ideia. Simples e eficiente.

Claro que ainda preciso falar da trilha sonora. Assim como nos dois Guardiões, a trilha aqui é muito bem escolhida. E, olha só, tem música brasileira no meio!

O elenco é ótimo. Mas, como falei, morrem personagens, então não vou entrar em detalhes sobre cada um, pra não dar indícios de quais são os mais importantes. Pelo star power do elenco, arrisco a dizer que os principais seriam Margot Robbie e Idris Elba, mas o filme divide bem o protagonismo entre todo o time. Tem a Alice Braga, num papel pequeno mas importante, mais um filme fantástico na carreira dela (comentei sobre isso no texto sobre Novos Mutantes). Também no elenco, Michael Rooker, Viola Davis, Joel Kinnaman, Nathan Fillion, Jai Courtney, Sean Gunn, John Cena, Daniela Melchior, David Dastmalchian, Sylvester Stallone, Peter Capaldi e uma ponta do Taika Waititi (pisque o olho e você perderá!).

Se for pra falar mal de alguma coisa, falo do vilão Thinker, interpretado pelo Peter Capaldi. Personagem sub aproveitado. Não estraga o filme, claro. Mas é um personagem besta.

Heu poderia continuar falando aqui, mas chega. O filme estreia hoje, quero rever assim que possível. E recomendo pra qualquer um que goste de se divertir nos cinemas.

Ah, tem cena pós créditos! Fiquem até o fim do filme!

Por fim, só pra confirmar a frase do início. Não dá pra comparar este filme com filmes de fora do DCEU, como Coringa ou a trilogia do Nolan, porque são propostas completamente diferentes. Agora, dentro do DCEU, já tivemos Homem de Aço, Batman vs Superman, Esquadrão Suicida, Mulher Maravilha, Liga da Justiça, Aquaman, Shazam, Aves de Rapina, Mulher Maravilha 84 e o novo Liga da Justiça versão do diretor. Alguns bons, outros maomeno, outros ruins. É, olhando a lista, O Esquadrão Suicida é realmente o melhor até agora.

#pas

Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime

Crítica – Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime

Sinopse (imdb): A dupla formada pelo guarda-costas Michael Bryce e o assassino Darius Kincaid está de volta em outra missão com risco de vida. Ainda sem licença e sob escrutínio, Bryce é forçado a entrar em ação pela esposa ainda mais volátil de Darius, a infame vigarista internacional Sonia Kincaid. Enquanto Bryce é levado ao limite por seus dois protegidos mais perigosos, o trio se mete em uma trama global e logo descobre que eles são os únicos que podem salvar a Europa de um louco vingativo e poderoso.

Em 2017, tivemos Dupla Explosiva um divertido filme de ação / comédia, com Ryan Reynolds e Samuel L. Jackson, uma bobagem exagerada e divertida. Como se faz uma continuação de um filme desses? É fácil, é só exagerar ainda mais.

A trama não faz sentido e é cheia de absurdos. Mas quem não se ligar em detalhes como “lógica”, vai se divertir. O grande trunfo aqui é o elenco. Não é qualquer filme que tem Ryan Reynolds, Samuel L. Jackson, Salma Hayek, Antonio Banderas e Morgan Freeman. Eles estão atuando bem? Não importa, o importante aqui é que parece que eles estão se divertindo muito, e isso passa para a tela. Aliás é curioso analisar a carreira do Ryan Reynolds e ver que ele fazia comédias românticas. Hoje é impossível vê-lo fora do clima Deadpool.

O cgi aqui às vezes é meio capenga, mas pelo menos as sequências de ação são boas, e bem violentas. É, claro, algumas piadas são hilariantes.

Ok, admito que o roteiro poderia ser melhor. Um exemplo claro: o personagem do Frank Grillo aparece e some quando sem explicações. Focaram demais nas piadinhas e aparentemente esqueceram de revisar o roteiro…

Por fim preciso falar mal do título em português. O primeiro filme era The Hitman’s Bodyguard, ou seja, “O Guarda Costas do Assassino de Aluguel” – mas resolveram chamar de “Dupla Explosiva”. Agora, com Hitman’s Wife’s Bodyguard, tiveram que chamar de Dupla Explosiva 2, o que não faz sentido…

Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime é bom? Não. Mas me diverti vendo. Se fizerem um terceiro filme, verei!

Space Jam

Crítica – Space Jam: Um Novo Legado

Sinopse: Uma inteligência artificial desonesta sequestra o filho do famoso jogador de basquete LeBron James, que então tem que trabalhar com o Pernalonga para ganhar um jogo de basquete.

Antes de entrar no filme, tenho dois comentários sobre o público alvo. Em primeiro lugar, mesmo sabendo que LeBron James é um dos maiores jogadores da história do basquete, tenho minhas dúvidas se o público brasileiro vai comprar essa ideia. Me parece que o basquete aqui está em segundo plano.

Mas, ok, entendo que a onda de Space Jam é misturar Looney Tunes com basquete, então que o público aceite isso. O segundo comentário é que Space Jam: Um Novo Legado (Space Jam: A New Legacy, no original) é um filme para crianças, mas acho que as crianças de hoje não dão bola para o Pernalonga. E, vou além: o filme é cheio de piadas referenciais para os adultos, onde as crianças não vão entender nada. Afinal, quem é o público alvo de Space Jam?

Mas, heu curto Pernalonga, e heu curto humor referencial, então, bora pro filme!

O novo Space Jam é uma bobagem divertida. A história não faz o menor sentido, tudo parece feito só pra juntar o LeBron James com Pernalonga e sua turma, independente se tem lógica ou não. Tudo é muito nonsense. Agora, a gente tem que lembrar que muitas vezes o humor do Pernalonga também é nonsense. Então pra quem curte (ou curtia) os desenhos, grandes chances de curtir o filme.

A animação é muito boa. Quando os Looney Tunes estão em 2D, o LeBron James também está desenhado. É um momento “desenho à moda antiga”. Agora, quando o LeBron está em live action interagindo com os personagens, eles ganham volume e parecem bichos de pelúcia. Talvez isso seja pra mostrar a qualidade da animação 3D. Ou talvez isso seja pra vender bonecos. Acredito mais na segunda opção. 😉

Falei no início sobre as referências que as crianças não vão pegar, né? Talvez o melhor do filme sejam essas muitas referências a outros filmes, séries e desenhos da Warner. No jogo de basquete, são dezenas de personagens na plateia, dá vontade de pausar o filme pra tentar identificar todos. E claro que muitos daqueles não serão reconhecidos pela plateia infantil, mas isso nem é ruim, porque eles só estão para compor o cenário, não fazem parte da trama. Agora, tem citações diretas a Casablanca, Mad Max, Matrix, Rick & Morty, Austin Powers, e essas estão dentro da trama do filme. Quando aparecer o Mini Me, as crianças vão se perguntar por que os adultos estão rindo…

Ah, sem spoilers, mas preciso dizer que a melhor piada que vi no cinema em 2021 está aqui, na cena do vestiário no intervalo do jogo!

Sobre o elenco, LeBron não é ator, mas funciona para o que o papel pede. O único nome de peso é Don Cheadle, que está muito caricato, mas acho que foi de propósito. Não gostei, mas como é um vilão de filme infantil, relevo.

(Mais alguém achou aquele assistente dele igual àquele clips que ficava no Word?)

No fim, Space Jam: Um Novo Legado é divertido, mas fica a sensação de um filme que será esquecido com o tempo.