A Bela e a Fera

a-bela-e-a-feraCrítica – A Bela e a Fera

(Antes de tudo, preciso falar que não gosto desta história. Numa sociedade que briga pelos direitos das mulheres, acho um retrocesso uma princesa que só gosta do príncipe porque ele é rico. Estamos ensinando nossas filhas a serem interesseiras? Isso porque não estou falando da Síndrome de Estocolmo! Mas, vamos ao filme…)

Adaptação do conto de fadas onde uma jovem e um príncipe monstro se apaixonam.

A Disney é especialista na arte de fazer dinheiro. A novidade (de uns anos pra cá) é criar versões live action (com atores) dos desenhos clássicos. Já tivemos Malévola, Cinderela e Mogli. Agora chegou a vez de A Bela e a Fera.

O risco de adaptar A Bela e a Fera era um pouco maior. Não só é mais recente (1991), como é um filme historicamente importante na linha do tempo da Disney – depois de uma década de 80 com pouco sucesso artístico e comercial (época de O Cão e a Raposa, O Caldeirão Mágico e As Peripécias do Ratinho Detetive), A Bela e a Fera não só foi um grande sucesso de bilheteria como também concorreu a seis Oscar (incluindo melhor filme – a primeira vez que uma animação concorreu ao prêmio principal) e ganhou as estatuetas de trilha sonora e canção. E ainda ajudou a firmar a Disney no topo novamente (logo antes tivemos A Pequena Sereia, logo depois, Alladin e O Rei Leão). Ou seja, um marco.

Bem, acredito que quem gostou do desenho não vai se decepcionar. Todas as músicas estão lá e algumas sequências foram recriadas fielmente. Aposto como vai ter fã chorando de emoção. Porém… o grande mérito é, ao mesmo tempo, um problema. Porque, na comparação, o filme perde para o desenho.

O filme é muito mais longo que o desenho (45 minutos!). Como era previsível, temos músicas novas (uma música só concorre ao Oscar se for feita para o filme, por isso adaptações sempre trazem pelo menos uma música inédita). E essas músicas novas não são tão cativantes quanto as do filme dos anos 90.

Outro problema do filme é a caracterização da Fera. Em vez de maquiagem, a produção optou por captura de movimentos. Mas o resultado ficou bem artificial. E pensar que há mais de 30 anos o Michael Jackson usou maquiagem no videoclipe de Thriller e ficou infinitamente melhor…

Os efeitos especiais são muito bons. Os coadjuvantes Lumiere (o candelabro) e Cogsworth (o relógio) são perfeitos! Já o bule Ms. Potts ficou esquisito, porque tem olhos e bocas desenhados, foge ao padrão que todos os outros objetos usam.

A direção ficou com Bill Condon, que tem um Oscar pelo roteiro de Deuses e Monstros, mas já trabalhou com musicais: escreveu o roteiro de Chicago e dirigiu Dreamgirls. Mas não podemos nos esquecer que o cara também dirigiu dois CrepúsculosA Bela e a Fera se aproxima mais destes últimos…

O elenco é muito bom. Mas o destaque não está com os protagonistas. Sempre canastrão, Luke Evans está ótimo como Gaston, e digo o mesmo sobre o LeFou de Josh Gad, aqui abertamente assumindo ser gay (fato que irritou alguns fãs xiitas, mas não me incomodou). Os coadjuvantes / objetos (Ewan McGregor, Ian McKellen, Emma Thompson, Stanley Tucci e Gugu Mbatha-Raw), que só mostram a cara no fim, também estão bem. Emma Hermione Watson está bem, mas nada demais (ela não tem uma grande voz, mas não atrapalha); Dan Stevens (quem?) fecha o elenco principal, interpretando a Fera.

Enfim, como disse lá em cima, quem curtiu a versão dos anos 90 vai se divertir. Mas ainda acho melhor rever o desenho.

Kong: A Ilha da Caveira

KongCrítica – Kong: A Ilha da Caveira

Uma equipe de cientistas explora uma ilha desconhecida no Pacífico, e se aventura no domínio do poderoso Kong.

Existem filmes que se propõem a ser complexos. E existem filmes que apenas querem divertir. Kong: A Ilha da Caveira (Kong: Skull Island, no original) faz parte do segundo grupo: uma boa (e despretensiosa) aventura em cartaz nos cinemas.

No cenário atual de grandes produções envolvendo franquias e releituras, um filme novo do King Kong era algo até previsível – principalmente depois do boato que o estúdio pretendia criar um “monsterverse” para unir grandes monstros como Godzila e o próprio Kong.

Assim, em vez de mais uma refilmagem da mesma história (já contada em 33, 76 e 2005), Kong: A Ilha da Caveira conta uma história diferente. O filme se passa em 1973, e toda a trama acontece na ilha onde o gorila gigante foi encontrado. (Aliás, o filme se passar nos anos 70 fez bem pra trilha sonora, que traz alguns bons clássicos do rock.)

Kong: A Ilha da Caveira confirma uma tendência do cinema contemporâneo: um diretor pouco conhecido é capaz de fazer um grande filme (a gente vê isso direto na Marvel). O diretor Jordan Vogt-Roberts só tinha feito um longa pro cinema, o indie Os Reis do Verão, além de alguns trabalhos pra tv. E não é que o cara mandou bem numa super produção?

Tem gente dizendo que este seria um “King Kong meets Apocalipse Now”, por causa da ambientação no fim da Guerra do Vietnã. Olha, uma cena de helicópteros voando com o sol ao fundo é uma referência explícita… Aliás, o visual do filme é bem legal.

Sobre os efeitos especiais: a tecnologia de captura de movimento chegou a um nível onde as expressões de um gorila gigante chegam perto da perfeição. Além dele, as outras criaturas fantásticas que habitam a ilha também estão bem.

O elenco é muito bom, e o roteiro consegue equilibrar bem a falta de um personagem central (afinal, o filme é do Kong!). Se fosse escolher um “mocinho”, seria Tom Hiddleston. Também no elenco, Brie Larson, Samuel L. Jackson, John Goodman, John C. Reilly, Jing Tian, Corey Hawkins e Toby Kebell. E temos que reconhecer que foi engraçado ver Samuel L. Jackson num papel “bad motherf*” mas sem falar o palavrão característico…

Por fim, como quase sempre, o 3D não vale a pena. Ah, tem cena pós créditos..

Aliados

AliadosCrítica – Aliados

Em 1942, um oficial de inteligência canadense conhece uma espiã da resistência francesa em uma missão em Casablanca, e os dois acabam se apaixonando. Depois, em Londres, seu relacionamento é testado quando desconfiam que ela pode ser uma espiã dupla.

Sabe quando um filme promete muito e entrega pouco? Poizé. Com Robert Zemeckis na direção e Brad Pitt e Marion Cotillard no elenco, Aliados (Allied, no original) prometia ser um grande filme. Mas o que vemos é apenas um filme ok.

Me lembrei da época que heu tinha uma vídeo locadora. Os grandes sucessos do cinema eram os “filmes de ponta”, outros lançamentos menos badalados eram os “filmes de apoio”. Filmes menos conhecidos, que eram lançados direto em vhs/dvd. Muitas vezes o cliente queria levar mais um filme novo, então os filmes de apoio serviam para isso. Filmes ok, mas nada demais. Aliados parece um filme de apoio…

Muita coisa não funciona direito. Uma coisa dá raiva são os efeitos espeiciais, principalmente quando vemos que o diretor Zemeckis é o mesmo que revolucionou os efeitos na época do Forrest Gump. Os efeitos aqui parecem bem fracos, logo na cena inicial vemos um paraquedista que parece saído de um vídeo game antigo. Pô, Zemeckis, você já foi melhor!

O mesmo acontece com o elenco. Brad Pitt na Segunda Guerra Mundial? Ficava imaginando quando ele iria se enrolar tentando falar italiano, mas aí lembrava que infelizmente não estava (re)vendo Bastardos Inglórios…

Mas acho que o pior mesmo é o roteiro. Nada de interessante acontece, a história se arrasta – dá pra contar a história toda do filme em duas ou três linhas. Além disso, tudo é previsível demais.

Vejam bem, o filme não chega a ser ruim. O espectador pouco exigente vai se divertir. Mas Aliados está bem longe de ser um filme memorável.

Lego Batman: O Filme

Lego BatmanCrítica – Lego Batman: O Filme

Bruce Wayne não precisa lidar apenas com os criminosos de Gotham City, mas também com a responsabilidade de criar um menino que ele adotou.

Uma Aventura Lego, lançado três anos atrás, foi uma ótima surpresa e um dos melhores filmes do ano. Por que não repetir a fórmula? O escolhido foi o Batman, que aparece como personagem secundário no filme de 2014. Mas a história aqui não tem nada a ver com o outro filme. É uma trama 100% independente.

A boa notícia é que mantiveram duas coisas que funcionaram muito bem naquele filme: o estilo da animação (parece stop motion – peças de Lego são duras, né?) e o humor cheio de referências (mais uma vez temos muita meta linguagem, além de um monte de personagens de outros filmes).

Outra coisa boa é que Lego Batman não se leva a sério em momento algum (será que foi influência de Deadpool?). Dirigido por Chris McKey (um dos principais diretores da série Robot Chicken), o filme traz piadas que começam ainda antes do início dos créditos. Leve e divertido, este é, na minha humilde opinião (de “não leitor de HQ”), o melhor Batman dos últimos anos.

Vi a versão dublada. Como de costume, a dublagem brasileira está muito boa. Mas, como de costume, quando a gente lê o elenco original no imdb, dá vontade de ver com o elenco original: Will Arnett, Michael Cera, Rosario Dawson, Ralph Fiennes e Zach Galifianakis, entre outros.

Na inevitável comparação, ainda acho Uma Aventura Lego melhor, por causa do final que “explode cabeças” e contextualiza aquele universo. Mesmo assim, Lego Batman é um ótimo filme, desde já candidato ao top 10 2017.

Ouvi um boato que eles pensam agora em um filme do Superman. Tomara, este super herói tem acertado menos que o Batman…

O Chamado 3

83-Chamado 3Crítica – O Chamado 3

Uma jovem mulher descobre uma terrível maldição que ameaça tirar a sua vida em sete dias.

Fui convidado para uma maratona de O Chamado. Os dois filmes de 2002 e 05, e logo depois uma pré estreia do terceiro filme. Foi uma boa, porque heu não me lembrava de nada do segundo filme (alguém se lembra?). E foi mais fácil de situar o terceiro filme dentro da franquia.

A história tinha que ser atualizada, né? Afinal, quem ainda teria um vídeo cassete para tocar a fita VHS hoje em dia? Essa parte da atualização nem ficou ruim. Mas o roteiro resolveu criar um grupo de estudos com um papo cabeça e sem sentido. No primeiro filme, a investigação da personagem flui muito melhor.

Li muitas críticas falando muito mal de O Chamado 3 (Rings, no original). Ok, concordo, não é um bom filme. Mas, na verdade, nem achei tão ruim assim. Até gostei quando o filme tomou outro rumo no terço final, menos sobrenatural, numa onda que parecia o recente O Homem nas Trevas. Parecia um bom caminho para se fechar a história.

Mas aí teve aquele finzinho. Se acabasse uns 5 min antes, O Chamado 3 seria bem menos ruim, com uma conclusão para a história da Samara. Mas essa tendência atual de se criar franquias piorou o que já estava fraco. O filme termina com um gancho desnecessário e que foge completamente à lógica do primeiro filme.

No elenco, dois nomes conhecidos em papéis secundários, Vincent D’Onofrio e Johnny Galecki (The Big Bang Theory). Os principais, Matilda Lutz e Alex Roe, são desconhecidos, mais fácil de voltarem nas prováveis continuações. Aliás, mais alguém achou que a Matilda Lutz é a cara da Jessica Alba?

Agora aguardemos O Chamado 4. E depois o 5. E o 6…

p.s.: O lançamento foi tão descuidado que não achei no google uma imagem do poster “O Chamado 3”, apenas do “Chamados”…

Resident Evil 6: O Capítulo Final

Resident Evil 6 O Capítulo FinalCrítica – Resident Evil 6: O Capítulo Final

Alice precisa retornar para o lugar onde o pesadelo começou – a Colmeia, em Racoon City, onde a Umbrella Corp está unindo forças para uma última batalha contra os sobreviventes do apocalipse

Sempre curti a série Resident Evil – como não gostar de ver uma Milla Jovovich estilosa detonando zumbis? Só que os filmes começaram a exagerar depois de um certo ponto, e admito que cansei da franquia. Conforme ia cansando, ia dando menos bola pros filmes. Lembro que no final do quinto filme quase desisti. Mas aí apareceu este sexto, com a promessa de ser o último. Ok, vamulá.

Como acontece nos outros filmes, a estrutura de Resident Evil 6: O Capítulo Final (Resident Evil: The Final Chapter, no original) se assemelha a um game: a personagem ganha uma tarefa e um prazo para cumpri-la. E assim acompanhamos a sua jornada e todas as dificuldades até o desafio final.

(Parênteses para explicar que nunca joguei o videogame Resident Evil, então não tenho ideia se este filme se baseia em um dos jogos ou apenas no universo do game.)

Assim, o que vemos é mais do mesmo. Alguns bons efeitos de cgi (revi semana passada o primeiro filme, de 2002, o cgi perdeu a validade…), algumas coisas absurdas porém divertidas, alguns momentos forçados e desnecessários. Mas, pergunto: alguém esperava algo diferente?

O roteiro e a direção ainda estão nas mãos de Paul W.S. Anderson (que escreveu todos os seis filmes e só não dirigiu o segundo e o terceiro), o que deveria manter uma coerência no roteiro (e mesmo assim eles mudaram a razão de terem espalhado o vírus no primeiro filme). No elenco, o filme é de Milla Jovovich. Ali Larter e Iain Glen voltam, mas em papéis tão secundários que tanto faz. E Shawn Roberts está tão ruim que parece mais artificial que o Tarkin digital de Rogue One. Além destes, é interessante ver que a filha da Milla Jovovich com o Paul W.S. Anderson, Ever Anderson, ganhou o papel de Red Queen.

Enfim, quem se propõe a ver um filme desses já sabe que não deve esperar muita coisa, então não deve decepcionar quem for ao cinema. Agora resta torcer para ser realmente o último – porque, mesmo se chamando “Capítulo Final”, o filme termina com um gancho para continuação…

Até o Último Homem

ate-o-ultimo-homemCrítica – Até o Último Homem

A história de Desmond Doss, religioso e pacifista, que serviu na Segunda Guerra Mundial, em Okinawa, e foi a primeira pessoa a ganhar a medalha de honra sem ter dado nenhum tiro. Baseado numa história real.

Mel Gibson se envolveu em polêmicas na sua vida pessoal e isso afetou sua carreira cinematográfica. Como falei no texto sobre Herança de Sangue, ele tem atuado em poucos filmes nos últimos anos. Digo mais: desde Apocalypto, de 2006, ele não dirigia.

Agora tudo indica que Gibson fará as pazes com Hollywood. Seu novo filme como diretor, Até o Último Homem (Hacksaw Ridge, no original), está concorrendo a 6 Oscars, incluindo melhor filme e melhor diretor – Gibson tem a chance de repetir o feito de igualar o feito de 1996, quando levou as duas estatuetas por Coração Valente.

Se Até o Último Homem vai ganhar algum Oscar, ninguém sabe. O que sabemos é que é um filmaço. Um dos melhores filmes de guerra dos últimos tempos.

As cenas de guerra são sensacionais. Arrisco dizer que desde O Resgate do Soldado Ryan não vemos cenas de batalha tão viscerais – são longas, detalhistas, violentas, e extremamente bem filmadas – o espectador se sente dentro da guerra.

Nem tudo é perfeito. Os japoneses são todos retratados como kamikazes sem sentimentos. Nada grave, mas já vi filmes de guerra menos maniqueístas. O protagonista ser endeusado no fim incomodou alguns críticos, mas achei coerente com o resto do filme.

No elenco, a surpresa positiva é Andrew Garfield, “o Homem Aranha que não deu certo“, que está muito bem – tanto que está concorrendo ao Oscar de melhor ator. Hugo Weaving e Vince Vaughn também se destacam.  Ainda no elenco, Sam Worthington, Teresa Palmer, Rachel Griffiths e Luke Bracey.

Ainda não vi todos os candidatos ao Oscar. Mas se La La Land perder pra Até o Último Homem, ninguém vai poder dizer que foi injustiça.

xXx: Reativado

XXXCrítica – xXx: Reativado

Depois de um acidente envolvendo o agente Gibbons, a CIA consegue encontrar Xander Cage, que estava escondido, dado como morto, e convocá-lo para voltar à ativa.

Vamulá. Muita gente vai falar mal mesmo sem ver o filme. xXx: Reativado (xXx: Return of Xander Cage, no original) é daquele tipo de filme onde é legal dizer que é uma porcaria. Afinal, é um filme genérico de tiro, porrada e bomba. Agora, quem se propõe a ir ao cinema ver um filme desses não espera algo diferente disso. Escreverei a crítica pensando nisso.

Voltemos uns anos no tempo. No início dos anos 2000, Vin Diesel começou a aumentar o seu star power e entrou numa de não fazer continuações – não quis fazer o segundo Velozes e Furiosos (2003), nem o segundo xXx (2005). A indústria mudou, a cabeça do Vin Diesel mudou, ele voltou à franquia Velozes e Furiosos e virou uma estrela. Por que não reativar outra franquia?

A direção coube a D. J. Caruso, um nome compatível com o projeto – tem bons filmes no currículo (Paranoia, Controle Absoluto, Eu Sou o Número 4), mas nada que se destaca. Aqui ele faz “o de sempre” – mais um filme competente, mas esquecível. Porque o importante aqui é que temos uma boa quantidade de sequências de ação bem filmadas e bem humoradas. Veracidade? O cara que pagou ingresso não quer veracidade, quer ver tiro, porrada e bomba…

Claro que xXx: Reativado tem muitos absurdos. Um deles me lembrou outra franquia do mesmo Vin Diesel. Sabe aquela cena final do Velozes 6, onde um avião fica tempo demais numa pista de aeroporto? Desta vez um avião fica tempo demais caindo. O tempo da queda é tão absurdo quanto no outro filme.

Uma das falhas é que o elenco tem muita gente, e não sabe equilibrar bem esses personagens. Alguns estão bem, como Donnie Yen (Rogue One). Mas outros parecem desperdiçados, como Tony Jaa, que dá uns dois saltos e só. Se é pra colocar muitos personagens, que eles estejam equilibrados, como aconteceu em Sete Homens e um Destino.

Uma tendência do cinema de ação contemporâneo está presente: o empoderamento feminino. Temos 3 mulheres no time principal: Deepika Padukone e Ruby Rose nas cenas de ação e Nina Dobrev como um dos alívios cômicos. Isso porque não falei que a Toni Collette faz a chefa da CIA. Ainda no elenco, Kris Wu, Rory McCann e Michael Bisping, em papeis que se fossem cortados do filme, ninguém sentiria falta. Ice Cube e Samuel L. Jackson aparecem em pontas (ambos repetindo papeis da franquia). Ah, também tem o Neymar – sim, o jogador de futebol – numa cena onde vemos claramente que ele não estava no mesmo ambiente que seu interlocutor (o que nos faz pensar se existem outras versões do filme com outros atletas mais famosos em outros países).

O fim do filme deixa clara outra tendência do cinema atual: temos um gancho para continuar a franquia (o nome já dizia, né? “Reativado”…). Um aviso aos haters: em breve deve aparecer um quarto filme…

Enfim, como falei lá em cima, é legal dizer que xXx: Reativado é uma porcaria. Mas pelo menos é uma porcaria divertida.

La La Land: Cantando Estações

La La LandCrítica – La La Land: Cantando Estações

Em Los Angeles, um pianista de jazz que sonha em ter a sua própria casa noturna se apaixona por uma aspirante a atriz.

La La Land: Cantando Estações (La La Land, no original) chamou atenção quando ganhou sete Globos de Ouro: melhores filme, ator e atriz (comédia ou musical); diretor, roteiro, trilha sonora e canção. Ok, a gente sabe que a premiação do Globo de Ouro separa os filmes musicais dos dramas, é “mais fácil” ganhar um prêmio quando não é drama (onde normalmente estão os principais candidatos). Mas se a gente lembrar que os cinco prêmios mais importantes do Oscar são filme, diretor, roteiro, ator e atriz,  La La Land se saiu MUITO bem no Globo de Ouro.

(Atualizando: saiu a lista dos indicados ao Oscar, La La Land concorre a 14 estatuetas – número recorde, nunca um filme concorreu a 15. As chances de Oscar são bem grandes.)

La La Land foi escrito e dirigido por Damien Chazelle, o mesmo de Whiplash. Seu novo filme é um “musical clássico”, daqueles que as pessoas param de falar, começam a cantar e dançar, e, quando a música acaba, tudo volta ao normal. A boa notícia é que as músicas são muito boas, dá vontade de caçar o cd com a trilha sonora quando saímos do cinema.

Não só o filme é alegre, colorido e empolgante, como a parte técnica também é excelente. Vemos vários planos sequência complexos, cheios de coreografias de dança e sapateado!

Ainda sobre a parte técnica, queria falar sobre o Ryan Gosling tocando piano. Chazelle declarou que tudo o que vemos na tela foi realmente tocado pelo ator. Olha, posso garantir que o que vemos não é resultado de apenas alguns meses de prática. Quem toca aquilo no piano estudou por anos. Ou seja: ou Gosling já tocava piano antes, ou tem um dublê de mãos inserido digitalmente.

Ah, o elenco. Ryan Gosling não é um ator muito versátil, ele costuma ter a mesma “cara de paisagem” em todos os filmes (sempre lembro dele nos filmes Drive e Só Deus Perdoa, onde ele usa a mesma expressão durante todo o filme). Mas aqui ele está bem, ele toca piano, canta, dança sapateia, e, apesar de continuar com cara de paisagem, não incomoda. Emma Stone também está bem. Nenhum dos dois tem um vozeirão, mas os arranjos foram feitos respeitando as suas extensões vocais, então tudo desce redondinho (apesar do grave de Gosling ser bastante fraco). J.K. Simmons, que ganhou um Oscar trabalhando com Chazelle, aparece num pequeno papel; o músico John Legend também tem um papel importante.

Claro que tem gente que não suporta musicais e vai passar longe. Mas quem não tiver preconceito verá o primeiro grande filme de 2017.

Assassins Creed

Assassins Creed

Crítica – Assassin’s Creed

Por meio de uma tecnologia revolucionária que destrava suas memórias genéticas, um homem experimenta as aventuras de seu ancestral na Espanha do século XV. Ele descobre que é descendente de uma misteriosa sociedade secreta, os Assassinos, e acumula conhecimentos e habilidades incríveis para enfrentar a organização opressiva e poderosa dos Templários nos dias de hoje.

Existe uma máxima que diz que filmes baseados em videogames não são bons. Bem, este novo Assassin’s Creed (idem, no original) não vai mudar esta máxima.

A direção é de Justin Kurzel, que já tinha trabalhado com Michael Fassbender e Marion Cotillard no recente (e cansativo) Macbeth. Seu novo filme também é cansativo, e olha que Assassin’s Creed até tem bastante ação.

Assassin’s Creed tem vários problemas. Começo com o fraco desenvolvimento dos personagens. O protagonista tem um breve prólogo na sua infância, logo corta pra 30 anos depois, quando ele está preso, no corredor da morte. Quem é esse cara? Por que devo torcer por ele? Isso porque não estou falando de vários personagens secundários que não têm nenhuma função na trama.

Tem elementos aqui tirados do jogo, claro. No game, existe um “salto de fé”, onde um personagem pula lááá do alto de uma torre, cai num montinho de feno, e sai andando. Claro que no cinema esse montinho de feno ia ficar ridículo, então foi cortado da história. Mas o salto é importante na mitologia do jogo. O que fazer? Ah, coloca ele saltando, e depois corta pra outra cena antes dele chegar no chão…

Isso sem contar com vááários furos de roteiro, como, por exemplo, os seguranças que no início do filme usam armas de fogo, mas quando isso mataria personagens importantes, usam só cassetetes e tasers.

Mas o pior de tudo, na minha humilde opinião, foi a trilha sonora, alta, monótona e irritante. Vi no Imax, onde o som é muito alto, dava vontade de pedir pra alguém abaixar o som!

Pena, porque temos um bom elenco à serviço de um filme meia boca. Afinal, não é todo filme que consegue reunir Michael Fassbender, Jeremy Irons, Marion Cotillard, Brendan Gleeson e Charlotte Rampling.

Outra coisa boa é que as cenas passadas na Espanha antiga (e são muitas cenas) são faladas em espanhol. Bom saber que Hollywood evoluiu, alguns anos atrás tudo seria em inglês mesmo. Algumas (poucas) sequências de ação também se salvam.

Pena. E o pior é que o filme termina com um gancho para começar uma nova franquia…